31/10/2016 às 19:57, atualizado em 07/12/2016 às 13:46

Após acordo, catadores de material reciclável desocupam invasão no Noroeste

Os próprios ocupantes retiraram os pertences de forma pacífica nesta segunda (31). Do total de 77 famílias, 42 foram habilitadas pela Codhab a participar de programas de moradia. Outras 35 vão receber R$ 600 de aluguel social por até seis meses

Por Guilherme Pera, da Agência Brasília

Após fechar acordo com o governo de Brasília, um grupo de 77 famílias de catadores de resíduos sólidos, que ocupava irregularmente área pública no Setor Noroeste, retirou os pertences e pôs fim ao movimento. Os invasores derrubaram os barracos por conta própria nesta segunda-feira (31).

Saída de invasores de área no Setor Noroeste ocorreu de forma pacífica.

Saída de invasores de área no Setor Noroeste ocorreu de forma pacífica. Foto: Tony Winston/Agência Brasília

Para auxiliar na mudança, a Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) ofereceu 11 caminhões, nos quais os catadores colocaram os materiais. A desocupação integral e pacífica da área ficou acertada em reunião, na quinta-feira (27), entre representantes do Executivo local, da Arquidiocese de Brasília e das famílias.

Em entrevista coletiva, o chefe da Casa Civil, Sérgio Sampaio, destacou o diálogo como forma de resolução do conflito. “Notamos que muitas famílias estavam ali há quase cinco anos, mais tempo até do que os moradores do Noroeste. Tivemos apoio da Arquidiocese de Brasília para chegar a uma solução que deve ser celebrada: a desocupação foi pacífica”, observou.

[Olho texto='”Tivemos apoio da Arquidiocese de Brasília para chegar a uma solução que deve ser celebrada: a desocupação foi pacífica”‘ assinatura=”Sérgio Sampaio, chefe da Casa Civil” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

A igreja também enalteceu o papel conciliador das partes. “Essa parceria aconteceu porque a Arquidiocese já realizava trabalho de catequização no local. Quando veio o assunto da desocupação, pedimos que fosse pelo diálogo e hoje temos todas as demandas atendidas”, explicou o padre Paulo Renato de Campos, que representou na coletiva o bispo auxiliar de Brasília dom Leonardo Steiner.

Inicialmente, 111 famílias ocupavam o local, das quais 22 se retiraram sem direito a benefícios enquanto outras 12 foram contempladas com apartamentos no Paranoá Parque.

Das que saíram hoje, 42 estão habilitadas pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional (Codhab) a receber imóvel, e foram levadas para o Movimento Eureka, na 906 Norte, da Arquidiocese de Brasília. Elas moravam há mais de quatro anos na área e foram encaixadas nos 7% das vagas destinadas às pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade social.

A Defesa Civil levou dez tendas para abrigar as famílias enquanto elas esperam a análise da Caixa Econômica Federal para liberação da moradia.

As outras 35, que não têm direito aos programas habitacionais, vão receber R$ 600 por até seis meses. O valor é referente ao aluguel social, auxílio financeiro até que a pessoa encontre local para morar.

[Olho texto=”As 77 famílias vão receber cestas emergenciais de alimentos e o auxílio vulnerabilidade, de R$ 408″ assinatura=”” esquerda_direita_centro=”direita”]

Todas as 77 famílias vão receber cestas emergenciais de alimentos e o auxílio vulnerabilidade, de R$ 408. É a mesma quantia repassada a 13 pessoas que não constituíram lar em Brasília e vão retornar a seus estados de origem. Os benefícios são repassados pela Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos.

Local da invasão será de interesse ecológico e deve receber museu

A área desocupada pelos catadores pertence à Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap) e fica próximo à Estrada Parque Indústria e Abastecimento, na altura do Setor Militar Urbano.

A desocupação teve início em 17 de maio com a remoção de 20 barracos e foi suspensa temporariamente um dia depois para negociação da retirada das famílias.

Segundo a Terracap, o local será registrado como Área de Relevante Interesse Ecológico e repassado para o Instituto Brasília Ambiental (Ibram). Parte do lote está destinada a receber o Museu Cruls, homenagem à expedição que demarcou o quadrilátero onde seria instalada a capital do País.

Edição: Vannildo Mendes