03/11/2016 às 23:22, atualizado em 03/07/2017 às 19:43

Aliança pelo Descoberto fortalece a maior bacia de abastecimento do DF

Grupo formado por governo e sociedade civil foi lançado nesta quinta-feira (3). Durante solenidade, produtores receberam o cadastro ambiental rural

Por Gabriela Moll, da Agência Brasília

Ganhou força o diálogo entre governo e sociedade em relação às atividades de proteção do principal manancial de abastecimento de água de Brasília, com o lançamento, nesta quinta-feira (3), da Aliança pelo Descoberto. O evento foi realizado na Associação Rural e Cultural Alexandre Gusmão, em Brazlândia.

Aliança pelo Descoberto visa proteger o maior manancial de abastecimento de água de Brasília.

Aliança pelo Descoberto visa proteger o maior manancial de abastecimento de água de Brasília. Foto: Andre Borges/Agência Brasília

A iniciativa integra todos os projetos ambientais de conservação na região hidrográfica da Bacia do Descoberto. Sozinha, essa grande fonte abastece 65% da capital do País, mas atravessa momento delicado com a escassez de chuvas dos últimos anos, entre outros motivos.

Durante a solenidade, 40 produtores fixados na área de proteção da bacia receberam o cadastro ambiental rural (CAR). O registro é obrigatório para todos os imóveis e tem o objetivo de integrar informações, como áreas de preservação permanente, de reserva legal, de florestas e de remanescentes da vegetação nativa.

[Olho texto='”Aqui temos pessoas que abraçam a causa. Trabalhando juntos poderemos virar o jogo em prol da natureza e dos recursos hídricos”‘ assinatura=”André Lima, secretário do Meio Ambiente” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

O secretário do Meio Ambiente, André Lima, disse estar honrado e esperançoso pelo desenvolvimento sustentável do DF. “Aqui temos pessoas que abraçam a causa. Trabalhando juntos poderemos virar o jogo em prol da natureza e dos recursos hídricos”, destacou.

“Precisamos do apoio de toda a sociedade para vencer a guerra contra a ocupação irregular do solo, um dos maiores problemas ambientais do DF”, acrescentou o secretário de Agricultura e Abastecimento, José Guilherme Leal.

Para o diretor de Coordenação e Meio Ambiente da Itaipu Binacional, Nelson Miguel Friedrich, a construção dessa aliança nasceu da vontade de preservar a maior riqueza que temos. “É necessário envolvermos as comunidades, as pessoas, conscientizar os usuários de que água é vida”, reforçou.

A empresa promove, desde 2003, o programa Cultivando Água Boa, iniciativa que tem o objetivo de promover melhor gestão das águas brasileiras e que atua em 29 municípios pelo País.

Em sintonia com o tema proposto pelo 8º Fórum Mundial da Água — que será em Brasília em 2018, o grupo mapeará ações de entidades de gestão e proteção aos recursos hídricos que atuam na região e órgãos dos governos local e federal.

Atualmente, ocorrem dez projetos nas redondezas da bacia voltados para garantir a integridade da água. Um deles é Descoberto Coberto, criado em 2011 e coordenado pela Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do DF (Adasa). A instituição trabalha na recuperação ambiental das margens da represa com o plantio de árvores nativas

Pacto das Águas da Microbacia Guariroba

Outro marco da noite foi a assinatura do Pacto das Águas da Microbacia Guariroba, que reúne um grupo de cerca de 50 proprietários rurais. O objetivo é promover a gestão sustentável na região por meio de ações como fiscalização de grilagem e parcelamento do solo, reflorestamento com vegetação nativa e destinação adequada de resíduos sólidos.

A moradora Marian Miranda de Andrade, de 52 anos, recebeu Cadastro Ambiental Rural.

A moradora Marian Miranda de Andrade, de 52 anos, recebeu Cadastro Ambiental Rural. Foto: Andre Borges/Agência Brasília

A medida conta com adesões entusiasmadas. “Esperamos que essa rede seja uma forma de garantir a preservação das nossas águas”, disse a moradora Marian Miranda de Andrade, de 52 anos, que vive no local desde 2012.

Ela foi um dos produtores que receberam o cadastro ambiental rural da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). Com ele, vai plantar batata e cebola na sua chácara de dois hectares.

Para o produtor de hortaliças Valdomiro Lucindo de Oliveira, de 77 anos, também cadastrado, a aliança é essencial para a economia da região. “Sem água não há comida, não há vida, precisamos preservar”.

[Olho texto='”Sem água não há comida, não há vida, precisamos preservar”‘ assinatura=”Valdomiro Lucindo de Oliveira, produtor rural” esquerda_direita_centro=”direita”]

O agricultor, que vende seus produtos na feira de Brazlândia há 18 anos, participou da apresentação sobre conscientização ambiental, promovida por alunos do Centro Educacional Irmã Maria Regina Velares Regis.

A criação do grupo faz parte da abertura da Semana do Descoberto, que ocorre até quarta-feira (9). Durante o período, serão apresentados projetos de conservação da bacia, com assinatura de acordos de cooperação técnica, debates e discussões com estudantes e moradores da região.

Ações envolvem toda a área de proteção do lago

[Numeralha titulo_grande=”14,9 quilômetros quadrados” texto=”Extensão da barragem do Descoberto, que abastece 65% de Brasília e tem capacidade de captar 5,2 mil litros de água por segundo” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

As ações envolvem a área de proteção ambiental em volta do reservatório de água, o Parque Estadual do Descoberto (GO) e a Floresta Nacional de Brasília.

Compartilhado com o Estado de Goiás, o Lago Descoberto, que integra a bacia, é o maior manancial de abastecimento do DF, sendo responsável pelo fornecimento de água de quase dois terços da população brasiliense.

Águas Claras, Candangolândia, Ceilândia, Gama, Guará, Núcleo Bandeirante, Park Way, Recanto das Emas, Riacho Fundo I e II, Samambaia, Santa Maria, Taguatinga e Vicente Pires também recebem água desse manancial.

A barragem tem 14,9 quilômetros quadrados de extensão — que abrange parte de Ceilândia, de Brazlândia (DF) e de Águas Lindas (GO). A capacidade de captação é de 5,2 mil litros por segundo.

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Edição: Vannildo Mendes