24/05/2020 às 14:31, atualizado em 24/05/2020 às 14:44

Pandemia altera Festa do Divino, mas a fé permanece

Este ano, organizadores do tradicional evento católico realizado em Planaltina precisaram adaptar a celebração

Por Lívio di Araújo, da Agência Brasilia | Edição: Chico Neto

Grupo festeiro levou símbolos da celebração à Residência Oficial da Vice-Governadoria e recolheu doações | Foto: Vinícius de Melo / Agência Brasília

A pandemia do novo coronavírus obrigou a tradicional Festa do Divino Espírito Santo, que acontece há 138 anos em Planaltina, a se reinventar. Com o afastamento social, os fiéis estão levando os símbolos do evento – em especial, a bandeira vermelha do Divino – até a casa das pessoas. Na manhã deste domingo (24), o vice-governador Paco Britto recebeu os quatro festeiros de 2020 na Residência Oficial da Vice-Governadoria, no Lago Sul.

“Tenho certeza que Planaltina está feliz porque, mesmo com as dificuldades, o brilho da festa não se apagou, e agradeço por ter a oportunidade de, diante da bandeira do Divino, pedir proteção para a nossa cidade e para cada cidadão do Distrito Federal”, disse o vice-governador.

“Trabalhamos um ano para o acontecimento da festa, e é claro que ficamos tristes, mas os fiéis querem sentir a presença do Espírito Santo, por isso resolvemos levá-lo ao encontro de todos e vamos encerrar a festa com uma missa, que será transmitida pela internet”, explicou Águeda Maria, uma das festeiras do grupo.

Ação solidária

A tradicional ceia, que é servida para mais de 6 mil pessoas e que aconteceria no próximo sábado (30), também se reverteu em uma ação solidária: os organizadores da festa se revezarão para cozinhar marmitas que serão doadas a moradores de rua de Planaltina.

No domingo (31), o cortejo, que normalmente aglomera milhares de pessoas nas ruas da cidade, acontecerá. Mas, neste ano, a bandeira desfilará em carro aberto e com os festeiros recolhendo cestas básicas e cobertores para doação. “A Festa do Divino é do povo para o povo”, ressaltou Wander Lúcio, do grupo de Planaltina.

O vice-governador destacou a iniciativa de levar os símbolos da festa às casas dos fiéis, mesmo diante das dificuldades impostas pela disseminação da Covid-19. “Deus coloca as pessoas certas nos lugares certos”, disse. “No ano que vem, tenho certeza que a festa terá um gosto diferente, com as pessoas mais humanizadas, solidárias e aguerridas”.

Cânticos e fé

Durante a passagem dos símbolos pela Residência Oficial da Vice-Governadoria, cânticos de louvor ao Espírito Santo e orações foram entoados pelo padre Rafael Souza, da paróquia Nossa Senhora da saúde, da Asa Norte.

“Agradeço a vocês por terem vindo com esses símbolos tão importantes até aqui para que, em nome do governador Ibaneis Rocha, possamos clamar por bênçãos ao DF e ao nosso povo”, enfatizou Paco.

Presenteados com um terço de contas vermelhas criado especialmente para a celebração, o vice-governador e sua esposa, Ana Paula Hoff, também fizeram questão de doar as primeiras 100 cestas básicas ao grupo de festeiros. “Tenho certeza que sairemos dessa pandemia muito diferentes, mais unidos, mais amáveis e com um olhar diferenciado para o próximo”, afirmou Paco.

A celebração

A Festa do Divino é a segunda maior celebração da Igreja Católica em Planaltina e comemora a vinda do Espírito Santo sobre os 12 apóstolos de Cristo. Durante os dez dias que antecedem Pentecostes, são realizadas novenas, ceias e o cortejo imperial que percorre as ruas da cidade. A festa é encerrada com uma missa.

O evento, que mistura elementos culturais e religiosidade, foi instituído em 1321 pela rainha Isabel de Aragão, de Portugal. Com a transferência da Corte para o Brasil, em 1808, a celebração começou a ser realizada no país, onde se mantém até hoje.