Em entrevista à AGÊNCIA BRASÍLIA, o secretário de Juventude, Fernando Nascimento, conta como a secretaria está se articulando para inserir os jovens nas políticas sociais do GDF

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06/11/2011 às 03:00

Jovem como protagonista

Em entrevista à AGÊNCIA BRASÍLIA, o secretário de Juventude, Fernando Nascimento, conta como a secretaria está se articulando para inserir os jovens nas políticas sociais do GDF

Por

Victor Ribeiro, da Agência Brasília

“A Conferência da Juventude é uma política pública de participação social, na qual toda a sociedade é convidada a se mobilizar”

Fernando Nascimento Neto Secretário da Juventude

O Distrito Federal tem 357 mil de jovens (faixa etária de 15 a 29 anos), de acordo com o Censo Demográfico realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estática (IBGE). Isso representa 14% da população do DF. Para cuidar das políticas públicas com um olhar especialmente voltado para o jovem, foi criada este ano, na estrutura do Governo do Distrito Federal, a Secretaria de Estado da Juventude (Sejuv).

O titular da pasta, Fernando Nascimento Neto, explicou que a Sejuv foi criada já com o objetivo de trazer de volta ao DF a 2ª Conferência Distrital da Juventude, que ocorreu neste fim de semana. Essa etapa é preparatória para a Conferência Nacional da Juventude, que também será realizada em Brasília, no ano que vem.

A AGÊNCIA BRASÍLIA entrevista hoje o secretário Fernando Nascimento Neto, que explica como a Sejuv está se articulando com a Secretaria Nacional de Juventude, com os demais órgãos do GDF e com os movimentos sociais para ampliar a participação dos jovens nas políticas públicas do governo.

A Secretaria da Juventude é nova na estrutura do GDF. Como e por que ela foi criada?

Existe há pouco tempo no país – desde 2003 – uma consolidação do que seria uma política de juventude, implantada pelo governo federal, que criou em 2005 a Secretaria Nacional de Juventude. Foi uma secretaria criada fora da estrutura de ministério, como ocorreu com a Secretaria da Mulher e a Secretaria de Igualdade Racial. Mesmo assim, era uma das secretarias que tinha maior cobrança social. A partir daí, começou a discussão e a consolidação desse processo nos estados e municípios. Aqui no Distrito Federal, já havia esse debate desde 2002 e o governador Agnelo Queiroz assumiu esse compromisso de construir a Secretaria da Juventude. E aqui ela foi consolidada, de fato, como uma Secretaria de Estado, que já é um modelo para os demais estados. O DF hoje assume posição de protagonista no debate sobre juventude no país, devido à criação da nossa secretaria.

Esse processo teve também a participação de movimentos sociais e estudantis?

Sim. A nossa relação com os movimentos sociais sempre foi muito forte. Eu participo da vida política desde os 12 anos de idade, quando participava do movimento estudantil, no grêmio. Isso me aproximou muito desse debate. A gente travou uma aproximação desses movimentos por meio do debate de políticas públicas sobre juventude. Esse processo acabou tomando corpo quando os grêmios estudantis compraram para si a ideia de se consolidar uma política pública de juventude. Dentro do campo universitário, os DCEs [Diretórios Centrais de Estudantes] e os centros acadêmicos também levantaram essa bandeira. O movimento hip hop e as juventudes partidárias também. Existia ainda uma comoção dentro da sociedade para que se discutisse juventude, porque há um processo nesse sentido já consolidado em outros países, como a China e países da Europa e da América do Norte. A América Latina estava um pouquinho atrasada nisso, mas apenas do ponto de vista político. Do ponto de vista social, a sociedade já debatia formas de olhar para a juventude, de cuidar da juventude. Isso virou um grande boom, com pais, professores e movimentos sociais preocupados com as políticas voltadas para os jovens.

Todas essas ações e políticas acabam convergindo para a Conferência da Juventude.

A Conferência da Juventude é um processo de participação social, em que tentamos fazer com que o jovem se torne protagonista do processo de debate sobre políticas para a juventude. Ele terá a oportunidade de opinar sobre o que pode ser aplicado para promover a igualdade, melhorar o transporte, gerar emprego e renda, investir no empreendedorismo juvenil, no lazer e na cultura. A Conferência da Juventude é uma política pública de participação social, na qual toda a sociedade é convidada a se mobilizar para discutir essas pautas e, a partir disso, elaborar um grande documento que sirva de pauta para o Estado, a partir do olhar dos nossos jovens.

E esse documento vai representar as propostas do Distrito Federal na Conferência Nacional, que também será realizada aqui em Brasília?

Sim. A partir daí a gente vai tirar uma representatividade para a etapa nacional, já que a nossa etapa faz parte dessa construção da Conferência Nacional.

Como o GDF está se preparando para ser o anfitrião da Conferência Nacional?

Primeiro entendemos que era preciso organizar a casa e preparar a nossa conferência, que mobilizou todo o DF e contou com a participação de jovens de todas as cidades do quadrilátero e de algumas cidades do Entorno. Agora, formamos a nossa delegação para participar da Conferência Nacional – o DF escolheu 14 delegados. Além disso, na reunião que terminou ontem, fechamos a nossa carta de intenções, que será apresentada aos delegados dos estados. A nossa conferência preparou o DF socialmente para a conferência nacional. A partir daí, vamos discutir com a Secretaria Nacional de Juventude o que fazer para recepcionar esse grande debate. De 9 a 16 de dezembro, faremos reuniões com a Secretaria Nacional para planejar a mobilização social e dos próprios órgãos de governo para a organização da Conferência Nacional.

Quais são as principais demandas que os jovens do DF vão apresentar ao país?

São várias. Em cada etapa regional, encontramos demandas distintas. Entre os que moram em Santa Maria, Riacho Fundo II e Gama, por exemplo, o tema mais discutido foi como a relação do jovem com a droga influencia a comunidade. Já o jovem do Plano Piloto discutiu muito sobre oportunidades de emprego e sobre empreendedorismo. Em São Sebastião, os principais assuntos levantados pelos foram a violência e como a comunidade pode se integrar com as escolas. Em Planaltina, também foram discutidos dois pontos: o melhor aproveitamento do campus da UnB na cidade, se aproximando dos estudantes do Ensino Médio, e o aperfeiçoamento das oportunidades criadas pelo Sistema S, para que seja mais alinhado à vocação econômica da cidade, que são os setores de serviços e agricultura. Os jovens de Ceilândia, Taguatinga e Samambaia discutiram muito as questões cultural e de lazer. Já em Recanto das Emas e Guará, os participantes falaram muito sobre novas metodologias de ensino nas escolas, para que elas se tornem, de fato, uma segunda casa. Várias bandeiras foram levantadas e falamos muito sobre os novos direitos que precisam ser conquistados, como a emancipação juvenil, o protagonismo do jovem, o direito à experimentação e às oportunidades. São bandeiras bem avançadas, dos pontos de vista político e social. Isso demonstrou para a gente o quanto a juventude do Distrito Federal é vanguarda nesse processo de políticas social e de juventude.

Essas demandas acabam coincidindo com as políticas de Estado do GDF, que lançou este ano um Plano de Enfrentamento ao Crack, campanhas contra o bullying, criou o Qualificopa e fez parceria com o Sistema S. Qual o papel da Sejuv nesse contexto?

O primeiro é ser um condutor das políticas do governo, se articulando com as demais secretarias. Outro papel é fazer com que isso se transversalize e que o diálogo seja levado de uma ponta a outra, para que se construam programas que se não sejam só da Secretaria da Juventude, mas de todo o governo. Outra função da secretaria é dar visibilidade aos anseios dos jovens e mostrá-los para o Estado, sendo um porta-voz dessa juventude. Para isso, estamos procurando parcerias com o pessoal do rock, do hip hop, do reggae, do skate e dos esportes radicais, para que todos absorvam essas informações e se tornem multiplicadores, entrando nessa ação conjunta com o Estado. Nesse ponto, a Secretaria de Trabalho tem sido uma grande parceira, oferecendo cursos de qualificação, como o que formou na última semana as primeiras turmas de panificação e confeitaria dentro do Caje [Centro de Atendimento Juvenil Especializado]. Foram os primeiros cursos com carga horária e certificado da história do Caje.

O que acontece agora, depois da Conferência da Juventude?

Na pós-Conferência da Juventude, estamos dando início à formação do Conselho de Juventude do Distrito Federal, que é uma pauta importantíssima para a secretaria. Vai ser um conselho totalmente diferente dos que já existem, porque o jovem será o principal indutor desse grupo. Paralelamente a isso, vamos iniciar as discussões sobre os centros de juventude. São centros de convivência que servirão como um grande ambiente para sistematizar as pautas de Estado relacionadas aos jovens, em diálogo e comunicação com todo o governo. Eles poderão entrar ali e vivenciar tudo o que o governo está fazendo.

Para fazer contato com os jovens, a Sejuv deve usar diversos canais, como as redes sociais. Como a secretaria atua nessas novas mídias?

A secretaria está presente nas mídias sociais, temos um blog, Facebook, Twitter, Orkut e um canal no YouTube. Isso é alimentado o tempo todo. Elas são formas de contato com os jovens e ainda municiam os blogueiros da cidade com informações. Nós criamos uma rede, que tem crescido a cada dia. Hoje, estamos quase no limite de contatos do perfil da Secretaria da Juventude no Facebook e, por causa disso, vamos até mudar nossa página para uma fan page. Nosso planejamento é para criar três situações: redes sociais, uma rede com entidades do terceiro setor com ações voltadas para a juventude do DF e uma rede de voluntários, parceiros e pessoas que se sintam à vontade para trabalhar junto com a Secretaria da Juventude. Isso tudo tem sido intermediado pelas redes sociais.

E por falar em cooperação, existe alguma parceria com outras entidades, como a Secretaria de Esporte, para trazer a Universíade para Brasília?

Já existem duas ações exatamente com a Secretaria de Esporte: uma voltada para os centros olímpicos e a outra é a Unilutas, que envolve também a Secretaria de Educação. Elas fazem parte de um conjunto de ações iniciais que estamos discutindo com outras secretarias e, com certeza, a Universíade ocupa a posição mais importante dentro desse processo. Vamos fortalecer esse papel e trazer a Universíade para a capital.