Em entrevista à AGÊNCIA BRASÍLIA, o secretário de Trabalho do DF, Glauco Rojas, aborda as expectativas para 2012 e o foco de sua pasta: diminuir o desemprego por meio da qualificação profissional

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08/01/2012 às 03:00

Foco na capacitação

 

Em entrevista à AGÊNCIA BRASÍLIA, o secretário de Trabalho do DF, Glauco Rojas, aborda as expectativas para 2012 e o foco de sua pasta: diminuir o desemprego por meio da qualificação profissional

Por

    Raquel Lustosa, da Agência Brasília

    “Os cursos [do Qualificopa] não estão simplesmente ligados à parte esportiva. Eles atendem a uma demanda que está aquecida, que é a economia da nossa cidade”

    A falta de qualificação é o nó no mercado de trabalho do Distrito Federal. As vagas existem, mas a maioria dos candidatos fica para trás porque esbarram no gargalo das exigências do mercado. Aos poucos, a taxa de desemprego no DF, que já atingiu índices de 20% em outras gestões, diminui com medidas preventivas e essenciais. Programas de qualificação, segundo o secretário de Estado de Trabalho, Glauco Rojas, são o ponto de partida para transformar a realidade do mercado de trabalho.

    O DF teve, em 2011, a menor taxa de desemprego desde 1992. O índice, que foi de 11,9%, faz parte da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED/DF), elaborada pela Companhia de Planejamento do DF (Codeplan) em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a Secretaria de Trabalho do DF (Setrab) e o Ministério do Trabalho e Emprego (TEM).

    Cientista político, publicitário e ex-líder estudantil, Glauco Rojas, 33 anos, trata a capacitação como estratégia. Em suas metas também está a implantação no DF do ProJovem, programa do governo federal que estimula a permanência do jovem na escola juntamente com o objetivo do primeiro emprego. Em entrevista à AGÊNCIA BRASILIA, ele explica o sucesso dos programas de capacitação, iniciados nos primeiros meses do governo.

    No último dia 21 de dezembro, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, participou da formatura da segunda turma do Qualificopa, programa de qualificação profissional e social voltado para a Copa do Mundo de 2014. Cerca de 900 alunos receberam o certificado na cerimônia realizada no Museu da República. No total, aproximadamente 2 mil pessoas foram qualificadas em 2011 pelo programa da Secretaria de Trabalho. Como funciona o programa?

    O Qualificopa integra todas as políticas de qualificação da Secretaria de Trabalho e preparará Brasília para receber não só a Copa do Mundo de 2014, mas todos os grandes eventos que serão realizados no Distrito Federal. É bom destacar que os cursos não estão simplesmente ligados à parte esportiva. Eles atendem a uma demanda que está aquecida, que é a economia da nossa cidade. Em novembro, registramos a menor taxa de desemprego dos últimos 20 anos, com índice de 11,9%, e a tendência, por meio do Qualificopa, é diminuir essa porcentagem. A meta é capacitar 10 mil pessoas por ano até o Mundial de Futebol, não só em cursos presenciais, mas também a distância. Em 2011 foram formados dois mil alunos e, em janeiro, a partir do dia 30, abriremos mais duas mil vagas para cursos como camareiro, garçom, assistente administrativo e promotor de vendas, entre outros.

    Muito bom o senhor citar a taxa de desemprego de 11,9% apontada na última Pesquisa de Emprego e Desemprego. O estudo mostra que o valor é o menor desde que o estudo foi estabelecido no Distrito Federal, há 20 anos, e que também no acumulado de 2011, 27 mil pessoas entraram na População Economicamente Ativa (PEA) com geração de 33 mil postos de trabalho. Segundo o Dieese, este foi o principal motivo da redução do desemprego. Qual a avaliação do senhor?

    Os dados nos deixam muito otimistas, mas não acomodados. Estamos no caminho certo, recuperamos a nossa autoestima e a confiança dos investidores.  Mesmo sendo o menor índice dos últimos 20 anos, a taxa ainda é alta, temos muito que fazer. Mas em uma avaliação do nosso primeiro ano à frente da pasta, é um valor significativo e estimulante. Temos o desafio de torná-lo ainda menor.

    Também houve redução no índice de desemprego entre jovens, mulheres e negros. O que pode explicar esse dado?

    Brasília tem um mercado de trabalho diferenciado, tanto em termos de empresariado quanto de trabalhador. A maioria das empresas têm programas de inclusão social que estimulam o primeiro emprego, a integração de idosos e a geração de empregos para pessoas com necessidades especiais, por exemplo. Isso ajuda bastante a diminuir a taxa de desemprego nessa parcela da população.

    Quais são as perspectivas para 2012? O senhor pode comentar sobre o programa ProJovem Trabalhador, que prepara o jovem para o mercado de trabalho e para ocupações alternativas geradoras de renda?

    Trabalhamos o ano de 2011 com o orçamento pensado pelo governo anterior e tivemos que nos esforçar bastante para cumprir certas metas. Em 2012, com orçamento próprio, programamos nossas prioridades. Este será o ano de consolidação da política de qualificação. O Projovem Trabalhador é um programa federal que nunca foi executado em Brasília. Ele tem um diferencial muito importante para a qualificação profissional, que é o oferecimento de bolsas. Isso repercute na evasão escolar, é um incentivo para o jovem manter-se em sala de aula.

    O GDF assinou um convênio de parceria com o setor da construção civil para investimentos de R$ 500 milhões. É um setor que tradicionalmente emprega muito. No Distrito Federal, pode-se dizer que ainda é um forte empregador?

    Sem dúvida. O DF tem vários bairros novos, e hoje o destaque é o setor Noroeste. Também há as obras públicas, como o Estádio Nacional. Por esse motivo, essa é uma área que demanda uma grande qualificação.

    A secretaria do Trabalho divulga regularmente a relação de vagas de emprego disponíveis nas agências do trabalhador. E, no entanto, os empregadores reclamam que não conseguem preencher as vagas, muitas vezes, por falta de qualificação dos candidatos. O que está sendo feito para garantir a capacitação da população que hoje está desempregada? Pode-se falar em “apagão” de mão de obra?

    Existe, na verdade, mais do que um “apagão”. Prefiro dizer que há uma demanda acumulada de muitos anos sem qualificação profissional. Só no primeiro ano, nós demos vazão a duas mil vagas. Isso quer dizer que no governo passado inteiro não houve qualificação profissional. Para se ter uma ideia, em quatro dias de inscrições para o Qualificopa, para duas mil vagas, 11 mil pessoas se inscreveram. Existe uma demanda muito grande e de muito tempo. Estamos recuperando o tempo perdido.

    Em relação ao ensino técnico, como está sendo a articulação com a secretaria de Educação para a garantia das vagas do Pronatec?

    O ensino técnico sofreu algumas modificações estruturais com as mudanças das antigas escolas técnicas, que se tornaram Institutos Federais (IFB). Mas no Distrito Federal existem algumas escolas que são da Secretaria de Educação, então estamos pensando juntos uma forma de congregar os dois métodos de ensino. Nossas escolas técnicas têm cursos de 200 horas de formação profissional. Já nos IFB, todo o ensino médio é técnico. Também temos que analisar a demanda.

    Todas as 18 Agências do Trabalhador estão em funcionamento, inclusive a da Estrutural, que foi aberta neste governo. Quais são os serviços prestados pelas agências? O GDF pretende aumentar o número de postos de atendimento?

    Mais do que abrir novas, nós queremos fortalecer as que já existem com acessibilidade, com atendimento veloz e uma rede de computadores adequada. A ideia é fortalecer essas 18 que já existem, pois elas suprem tranquilamente a demanda do Distrito Federal. Elas prestam serviços de consultoria de Seguro Desemprego, intermediação de mão de obra, inscrição para qualificação profissional e emissão de carteira de trabalho. Nelas, nós atendemos em 2011 quase meio milhão de pessoas, o que ultrapassou em mais que o dobro os atendimentos de 2010, mesmo com atendimento de janeiro, fevereiro e março comprometido por conta do decreto que exonerou os comissionados das agências.

    O que está por vir para este ano?

    Vamos lançar o Programa Prospera, ainda em janeiro. Ele será um programa de microcrédito, com fundo próprio do GDF, que vai buscar o pequeno empreendedor, o trabalhador autônomo que precisa de uma força para seu negócio. É um crédito altamente subsidiado para atingir esse público que não tem carteira assinada. Hoje, no conceito de pleno emprego, não existe mais esse modelo de que todos terão suas carteiras assinadas. A maioria terá, mas uma parcela significativa terá sua própria renda, sendo eles seus próprios patrões. Esse é um programa muito aguardado, mas ainda não temos um número fechado. A Secretaria de Agricultura está fazendo um filtro e até agora a procura foi de aproximadamente 300 pessoas.

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    Secretário Glauco Rojas participa, junto com o governador Agnelo Queiroz, na formatura da segunda turma do programa Qualificopa (21/12/2011).
    Foto: Roberto Barroso