Companhia de Teatro Pátria Amada já foi assistida por mais de 200 mil pessoas e leva a escolas e órgãos públicos do DF noções sobre ética e combate à criminalidade

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11/01/2012 às 03:00

Conscientização com arte

Companhia de Teatro Pátria Amada já foi assistida por mais de 200 mil pessoas e leva a escolas e órgãos públicos do DF noções sobre ética e combate à criminalidade

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    Da Redação

    Uma ideia na cabeça e muita vontade de transformar a realidade das regiões mais violentas do Distrito Federal (DF). Esse é o foco da Companhia de Teatro Pátria Amada, ligada à Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP/DF). Criado há 17 anos, o grupo se apresenta em escolas e órgãos públicos, trazendo noções sobre ética e prevenção à violência. Para se ter ideia da abrangência do trabalho, somente um dos espetáculos (intitulado Diga Não) foi assistido por mais de 200 mil pessoas nos últimos anos.

    Com um trabalho engajado de conscientização sobre a violência e o combate à criminalidade, em abordagem lúdica e pedagógica, a Companhia é a prova de que arte e Segurança podem resultar em boa parceria. “Não se faz Segurança Pública apenas com ações de combate à violência e à criminalidade, mas também cuidando das áreas sociais”, destacou o secretário de Segurança Pública, Sandro Torres Avelar.

    A companhia surgiu do desejo de policiais do DF em criar maior entrosamento entre os agentes das forças de Segurança e os moradores das comunidades, por meio de peças teatrais que abordassem, em uma linguagem simples, temas como drogas, sexualidade, gravidez precoce, violência e noções de ética, entre outras. A partir daí, o grupo tomou força e se consolidou.

    As peças sempre tratam de questões de relevância social. Além dos temas específicos, o programa leva informação às escolas e a órgãos públicos e encena roteiros que procuram sensibilizar a plateia. Dessa forma, os estudantes são preparados para atuar como multiplicadores das informações perante colegas e parentes.

    Crítica – Segundo um dos atores da companhia, o policial militar Kleber Oliveira Souza, o trabalho objetiva tornar o jovem mais crítico em relação à influência das amizades e outras questões determinantes para a sua vida. “Ele precisa aprender a fazer suas escolhas”, ressaltou. De acordo com Souza, no passado, era evidente a aversão da população a pessoas de má índole. Hoje, alguns jovens são justamente atraídos pelas más personalidades. “Está acontecendo uma inversão de valores: antes, o ‘mala’ estava à margem da sociedade, era o marginal. Hoje, ele está no foco e é o centro e o modelo de muitos jovens”, lamentou.

    Além de Kleber Souza, a Companhia Pátria Amada é composta também pelo sargento da Polícia Militar Genival Sampaio e pelas policiais civis Erika Malkine, Lívia Fernandez e Ana Flávia Carneiro Rezende, que se multiplicam para interpretar diferentes personagens.

    Identificação – Conforme explicou Kleber Souza, desde o início do trabalho, vários estudantes deixaram clara a identificação com as histórias abordadas pela Companhia. “Muitos alunos nos procuram após as peças. Dia desses, no Riacho Fundo, uma jovem me puxou e disse: ‘o que vocês fizeram hoje mudou a minha vida. Eu nunca mais serei a mesma’. Isso é imensurável”, contou.

    A irreverência é outra característica do grupo. Recentemente, durante apresentação no Departamento Nacional de Trânsito (Detran), uma cena colocou boa parte dos participantes em situação de saia justa. O coordenador, ainda não personificado em seu papel, culpou a ausência da figura da mãe dentro de casa como motivo para o crescimento da violência. A cena causou a revolta de uma senhora na plateia, que discordou. Em seguida, diversas pessoas passaram a opinar contra e a favor da senhora, que dizia se chamar Maria.

    Na verdade, a mulher fazia parte da apresentação e era uma das personagens. Envergonhados, muitos dos presentes ficaram desconcertados ao perceber que tinham acabado de participar da cena. “Eu quase opinei durante a discussão. Acreditei mesmo que ela estava revoltada por conta da declaração do Kleber”, afirmou o secretário Sandro Torres Avelar.

    Importância – O secretário destacou como principal ponto para a redução da criminalidade no DF a integração das forças de segurança, como o que ocorre no Plano Distrital de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas, lançado pelo governador Agnelo Queiroz em agosto de 2011. As ações do Plano contemplam a prevenção ao uso, o tratamento e a reinserção social de usuários, bem como o combate ao tráfico de crack e de outras drogas ilícitas.

    “O principal ponto para combater a violência de uma forma geral, assim como o tráfico, é a integração entre as forças. Essa integração passa não só pelos órgãos vinculados à Secretaria de Segurança Pública, mas por outras áreas de governo pertinentes ao assunto”, declarou o secretário.

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    Foto: Pedro Ventura