Apesar do alto índice de crescimento – de 10% ao ano – mercado de flores no Distrito Federal ainda tem espaço para novos empreendedores. Consumo 68,5% maior do que a média nacional confirma a tendência

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10/02/2012 às 03:00, atualizado em 12/05/2016 às 17:48

Flores no DF: um mercado promissor

Apesar do alto índice de crescimento – de 10% ao ano – mercado de flores no Distrito Federal ainda tem espaço para novos empreendedores. Consumo 68,5% maior do que a média nacional confirma a tendência

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Evelin Campos, da Agência Brasília

Basta dar uma volta em Brasília para saber que a capital do país é, também, a capital das flores. Variedades típicas do cerrado e as mais diversas espécies de flores e plantas ornamentais enfeitam não apenas a paisagem da zona central da cidade, mas os campos de cultivo dos mais de 100 produtores que compõem atualmente o mercado de flores no Distrito Federal.
 
Com crescimento médio de 10% ao ano, esse mercado vem conquistando espaço na economia de Brasília, um dos centros urbanos do mundo com mais área verde por habitante e com a maior concentração de jardins planejados do Brasil. Segundo dados da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF), a capital lidera o ranking nacional no consumo per capita de flores e plantas ornamentais e ocupa o terceiro lugar em números absolutos. Cada habitante gasta por ano, em média, R$ 33,70 na compra desses produtos, o que equivale a um consumo 68,5% maior do que a média brasileira.
 
Um dos fatores que contribuem para a boa colocação de Brasília no ranking nacional de consumo de flores é a grande quantidade de festas e eventos realizados na cidade. “Somos o segundo maior mercado de eventos do país. São muitos casamentos e formaturas de grande porte, além de reuniões das embaixadas, do Executivo e do Judiciário, que sempre demandam flores. Nossa cidade cresce para os lados e isso exige ornamentação. Tanto que mais de 40% dos pedidos são de plantas ornamentais, usadas em paisagismo”, conta o coordenador do Programa de Floricultura da Emater-DF, Cleison Duval.
 
Crescimento – Nas Centrais de Abastecimento do Distrito Federal (Ceasa-DF) muitos produtores de flores comercializam seus produtos. Uma delas é Lúcia Hasebe, de 45 anos. O negócio com folhagens, girassóis e flores do campo começou com o pai da produtora há 12 anos. Lúcia, que há sete anos trabalhava na área de informática, decidiu ajudar o pai. “Ele me chamou e eu vim. Adoro o que faço e hoje posso dizer que tenho mais qualidade de vida”, diz, satisfeita.
 
Ela conta que a produção teve início por meio de incentivos de órgãos do governo, como a Emater-DF, que até hoje presta assistência técnica e promove a participação em eventos do setor e viagens a outros estados produtores, como São Paulo. “Recebemos apoio por meio de capacitação profissional e de oportunidades de financiamento para compra de equipamentos e insumos, o que é fundamental”, diz.
 
Atualmente, Lúcia trabalha com outros dois produtores para ampliar a oferta à clientela. As chácaras dos sócios ficam em Brazlândia e no Núcleo Bandeirante e a saída dos produtos é de, em média, 100 pacotes por semana.
 
No DF ainda existe necessidade de importação de flores produzidas em outros estados. No entanto, o contrário também acontece. Produtor de bromélias desde o ano de 2000, Roziron Louzeira, 33 anos, já comercializou suas flores em Pernambuco, Amazonas, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. E foi além ao fornecer para países como Japão, Itália, Holanda, Alemanha, Guatemala e Colômbia.
 
Antes, Roziron possuía uma loja onde revendia flores. Mas o técnico agrícola queria mais e por isso investiu na fazenda La Bromélia, em Planaltina, onde 10 pessoas trabalham no cultivo das mudas. “Por ano nós produzimos 120 mil flores e comercializamos cerca de 80% desse total, inclusive na loja que temos na Ceasa, onde trabalham duas pessoas com transporte e vendas”, relata o produtor.
 
A assistência técnica prestada pela Emater-DF e as caravanas organizadas para visitas técnicas são alguns dos incentivos que ajudam o negócio a evoluir, segundo Roziron. “Eles nos ajudam com a documentação das mercadorias, os relatórios. Até com problemas burocráticos no momento do embarque de bromélias para outros países a Emater-DF já me ajudou”, conta.
 
Incentivos para o setor – A produção e a comercialização de flores no DF caminham para um futuro próspero, com a expectativa de 10 novos produtores somente neste ano, de acordo com Cleison Duval. Para que o setor permaneça aquecido, o trabalho de qualificação deve ser constante. Na Emater-DF, os técnicos e agrônomos realizam cursos de capacitação, inclusive em outros estados, além de participarem de visitas às áreas de produção. A ideia é preparar o público interno da instituição para que os produtores possam passar por processos de capacitação posteriormente.
 
Além dos cursos e das visitas técnicas, a Emater-DF promove encontros como o Fest Flor Brasil, o maior evento do setor de floricultura, decoração e paisagismo da capital federal. Para Duval, a realização de reuniões entre os profissionais da área significa uma boa oportunidade de troca de experiências e desenvolvimento. “Nesses eventos integramos o produtor ao mercado. Trata-se de um momento para se fazer contatos e negócios”, avalia o coordenador.
 
As perspectivas para o ramo são de crescimento. “O mercado de flores no DF é uma área promissora que está em expansão, apresenta boas oportunidades e gera emprego e renda. Estamos em um momento bom neste governo, pois o sistema de agricultura está alinhado em suas ações de estímulo ao setor”, destaca o coordenador.
 
Planos para o futuro – Para estimular a participação da agricultura familiar no setor de flores, a Emater-DF tem planos de estruturar uma cooperativa. Segundo Cleison Duval, existe a previsão de um convênio com a Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Social (Seagri) para cessão de um balcão para funcionamento da cooperativa.
 
Além disso, está sendo articulado com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) o uso de dois veículos para entrega de mudas e flores, o que contribuiria para a logística do trabalho na cooperativa.
 
Produção – Em todo o Distrito Federal existem cerca de 500 hectares de área utilizada para o cultivo de flores de vaso, flores de corte, plantas ornamentais, flores de corte tropicais, folhagens de corte e grama – outro tipo de planta muito requisitada na região e que ocupa 350 hectares de terra.
 
No ano passado, conforme a Emater-DF, as flores e plantas ornamentais (como coqueiros e palmeiras) registraram produção de 430 mil exemplares de 47 espécies. As folhagens de corte (plantas usadas na montagem de buquês), que possuem 12 variedades no DF, chegaram à marca de 16 mil pacotes produzidos. As flores de vaso (orquídeas, bromélias, lírios, violetas etc.) tiveram 163 mil unidades plantadas, em 31 espécies.
 
Já as flores de corte tropicais (boca de leão) somaram 234 mil exemplares nos campos de cultivo em 2011. As flores de corte (copo de leite, rosas, antúlios e girassóis), que juntamente às tropicais são produzidas em 30 espécies, tiveram produção de 145 mil unidades.
 
As flores de corte tropicais são especialidade no DF. A produção dessas espécies é praticamente autossuficiente, sendo que parte do que é plantado é vendido para outros estados, como Goiás, Minas Gerais e São Paulo.

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