O diretor-presidente do Banco de Brasília (BRB), Jacques Pena, explica como a melhoria da gestão tem ajudado o banco a voltar a prestar serviços de qualidade

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26/02/2012 às 03:00, atualizado em 12/05/2016 às 18:04

Desenvolvimento: BRB investirá no DF

O diretor-presidente do Banco de Brasília (BRB), Jacques Pena, explica como a melhoria da gestão tem ajudado o banco a voltar a prestar serviços de qualidade

Por

Evelin Campos, da Agência Brasília

O Banco de Brasília (BRB), criado em 1966, tem, como banco público, a função principal de impulsionar o desenvolvimento do Distrito Federal. Na década passada enfrentou problemas estruturais e de gestão, mas, ao assumir o Governo do Distrito Federal, Agnelo Queiroz determinou a revitalização do banco e a modernização da gestão e da infraestrutura. Outra orientação do governador foi de que o BRB se tornasse uma instituição de fomento e desenvolvimento não apenas do DF, mas de todo o Centro-Oeste. Agora, essa missão está nas mãos de Jacques Pena, que assumiu neste ano a presidência do banco. Pena faz parte da estrutura do GDF desde 2011, quando atuou como secretário de Desenvolvimento Econômico.
 
Em entrevista à AGÊNCIA BRASÍLIA, o diretor-presidente do BRB contou como cumprirá as metas estabelecidas pelo governador, partindo de mudanças na gestão do banco, com a contratação de novos servidores e melhoria nas infraestruturas física e tecnológica. Ele destacou que também investirá na ampliação da base de clientes e de empresas correntistas para minimizar o prejuízo deixado pelas administrações de governos passados, retomando sua vocação de instituição que financia o crescimento da região.
 
Quais as perspectivas para a sua gestão à frente do BRB?
 
São boas, mas os números dessas perspectivas vão sair agora em março, no balanço consolidado do conglomerado BRB. Vamos ver os resultados do banco, da financeira, da corretora e da administradora de cartões. Nesses números, que a gente não pode antecipar, vamos ver que as operações e os negócios do banco e das empresas tiveram uma tendência ascendente. Conforme já anunciado no meu discurso de posse, nós temos um impacto negativo sobre esse resultado das operações já anunciadas, que é a compra de títulos do Fundo de Compensação e Variação Salarial (FCVS), em 2009; o caso das cooperativas de transporte coletivo criadas com o fim do sistema de transporte das vans, e outras operações que causaram prejuízo ao banco e diminuíram nosso resultado.
 
Várias das nossas ações em 2011, que continuam neste ano, demonstram os caminhos que o banco está trilhando: estamos abrindo agências e reformando as já existentes, inaugurando lojas de conveniência – o que atrai os segmentos de menor renda e dá oportunidade de acesso bancário – e estamos contratando funcionários para a área de tecnologia da informação (TI) do banco, um tipo de concurso que não era feito há 19 anos.  
 
O senhor, quando assumiu, falou sobre tomar cuidado com a saúde financeira do banco. Então tudo isso faz parte desses cuidados?
 
Nós queremos expandir nossos negócios e, para isso, precisamos investir em tecnologia da informação que é, assumidamente, como eu disse no meu discurso de posse, uma debilidade gerada por falta de investimento nessa área. Isso demonstra a preocupação da direção do banco, desde a gestão do Edmilson Gama, em 2011, de que precisamos fortalecer nossas estruturas de tecnologia da informação para melhorar os nossos serviços. Isso não é só promessa: são ações concretas. E o investimento não é só em máquina, nós estamos investindo em pessoas. Entre os já contratados, os empossados e os ainda a empossar neste ano, na área de TI, a contratação é da ordem de 90 servidores. Isso tudo tem um impacto muito positivo e demonstra que o banco está voltando a crescer no DF e no Entorno.  
 
A Governança Corporativa, que é uma meta bem forte do GDF. Como está no BRB?  
 
Os bancos têm regulação, fiscalização. Instituições como o Banco Central cobram que haja uma Governança Corporativa no modelo dos grandes bancos nacionais e internacionais. Implantamos aqui no banco, ao longo dos últimos meses, um conjunto de comitês para estabelecer um modelo de governança colegiada. Ou seja, as decisões não vão ser decisões do diretor ou do presidente, serão sempre no âmbito da diretoria ou dos colegiados que ficam abaixo da diretoria. Eles são compostos, às vezes, por diretores ou superintendentes do banco que tratam das questões de compra, de risco – seja risco operacional ou risco de crédito –, de patrocínios, de publicidade. Tudo isso compõe governança. É uma série de fatores que procuram fazer com que haja um nível de acompanhamento de fiscalização, como, por exemplo, o comitê de auditoria, que não existia e nós criamos. Ele assessora tecnicamente o conselho de administração.  
 
00021922Isso ajuda o banco a crescer?  
 
O BRB tem em sua carteira de crédito empréstimos imobiliário, industrial e rural. Agora, o banco está procurando fazer com que nós tenhamos condições de ampliar essas linhas, principalmente as relativas ao BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social]. Tivemos, do inicio de 2011 para cá, um aumento no quadro de funcionários na diretoria de desenvolvimento, que é responsável pela normatização e análise das operações de crédito voltadas para essas linhas que eu fiz referência, que são as linhas do BNDES, rural e imobiliário, por exemplo.  
 
É nesse ponto que o BRB segue a determinação do início do governo Agnelo Queiroz para que seja cada vez mais um banco de desenvolvimento?
 
De desenvolvimento e de fomento. Fundamentalmente trata-se de ampliar a estrutura deste setor. Se você vai fazer operações com determinados segmentos há diferentes níveis de exigência e de garantias, compatíveis com a complexidade das operações. É preciso estabelecer diferentes normas para um empréstimo consignado, uma poupança, uma conta corrente. Quando vamos negociar com uma empresa industrial, comercial ou atacadista, para construir galpões, comprar máquinas e equipamentos, em financiamentos de cinco ou dez anos, o nível de complexidade é maior. A estrutura do banco voltada para atender a esse público estava quase extinta. Aliás, houve um período nos últimos 10 anos em que ela chegou mesmo a ser extinta. Então, nós praticamente dobramos essa área e queremos que, ainda neste ano, esse setor aumente ainda mais. O BRB teve, ao longo dos anos, operações fora do segmento pessoa física, mas nos últimos cinco ou sete anos, esteve muito voltado para pessoa física – os funcionários do complexo administrativo do GDF. Nós temos que manter esse público, que é importante, e ampliar o segmento de pessoa jurídica, que são pequenas, médias e grandes empresas. Elas poderão acessar crédito de maior monta e complexidade, mas com melhores condições de pagamento e menores taxas de juros, a partir de recursos vindos do Fundo Constitucional do Centro-Oeste e do BNDES.
 
Como será a estratégia para ampliar as operações do banco?  
 
O governador Agnelo Queiroz esteve no BNDES há duas semanas e eu estive lá na semana passada, para viabilizar treinamento do nosso pessoal, porque nos últimos 10 anos tivemos um movimento que foi de afastar o técnico desse tipo de trabalho e, por isso, não temos pessoas treinadas para operar com um nível de complexidade maior. Negociamos também a ampliação do nosso limite de operações com o BNDES. Hoje temos um limite de operações em R$ 14 milhões ampliável, mas queremos ter um limite muito maior, com um patamar inicial de R$ 50 milhões, R$ 100 milhões.
 
Olhando para o futuro, o senhor acredita que a tendência é o BRB ter essa dupla função de ser um banco de pessoas físicas e, ao mesmo tempo, de desenvolvimento e fomento, ou alguma dessas características vai prevalecer sobre a outra?
 
O BRB não deve se afastar nunca da sua função de banco público, como banco do GDF e dos servidores do GDF. Em nível nacional, os dois grandes bancos públicos disputam muito a condição de banco dos servidores da União. Temos aqui duas situações: toda a movimentação do Tesouro do DF, da Secretaria de Fazenda, é por meio do BRB, e nós devemos querer sempre manter essa condição, porque, de tudo o que a gente ganha aqui, uma parte volta para lá. Outra coisa que nós devemos querer sempre é ser o banco dos servidores do GDF, porque nós, aqui no BRB, somos uma empresa pública e não da administração direta, mas somos servidores também, como os trabalhadores das secretarias de Estado. Então, queremos continuar e temos uma avaliação preliminar muito positiva a esse respeito: os servidores do GDF, nesses primeiros três meses de portabilidade das contas e a despeito dessas fragilidades criadas ao longo dos anos, têm demonstrado uma confiança e um carinho com o BRB, que está explicitado pelo pequeno número de servidores que pediram para sair. Então, se eles acreditam em nós, vamos trabalhar para superar os problemas e atendê-los cada vez melhor.
 
00021926Quais as estratégias para manter esses correntistas no banco? São as taxas de juros, que estão abaixo da média do mercado, ou a facilidade no crédito, por exemplo?
 
Nós temos, por exemplo, um seguro de automóvel para servidores do GDF que está dividido em um número de parcelas que ele não vai encontrar em nenhum outro banco. O mesmo ocorre com os juros do empréstimo consignado. As informações que nós prestamos aos servidores, à sociedade, não são acompanhadas de asterisco. Muitas instituições passam uma informação com asterisco, em que anuncia uma coisa lá em cima, mas a outra metade do anúncio está escondida lá embaixo. Conosco não tem isso: o que está dito é aquilo mesmo. Se o servidor for paciente e cuidadoso na análise da informação, vai ver que o banco que oferece as melhores condições é o BRB.
 
Como o senhor explicou, a grande massa de clientes é composta por servidores do GDF. Existe alguma política para atrair pessoas que não são servidores?
 
Brasília é uma cidade que vai muito além dos servidores. Temos alguns milhares de clientes que não são servidores, mas nós temos já uma quantidade razoável de clientes não servidores e um bom número de clientes servidores do governo federal. Então, vamos buscar, fidelizar e manter nossos clientes servidores do GDF e ampliar e manter os não servidores e os servidores do governo federal. Mas não podemos esquecer que a nossa grande tarefa é continuar sendo o banco dos servidores do GDF.
 
Mudando um pouco de assunto, mas ainda falando em investimento social, o governador Agnelo Queiroz anunciou no ano passado que o BRB passaria a financiar imóveis do Programa Minha Casa, Minha Vida – o que até agora só é feito pela Caixa Econômica Federal e pelo Banco do Brasil. Já existe alguma previsão de começo dos financiamentos pelo BRB?
 
A nossa previsão é de que ocorra já a partir deste ano de 2012. O Minha Casa, Minha Vida tem uma série de critérios de definição de público, de faixas de renda para determinar os valores dos financiamentos individuais e coletivos, por exemplo. É um modelo de financiamento imobiliário com o qual nós não vínhamos atuando nos últimos anos, desde que o Minha Casa, Minha Vida foi implantado. Então, nesse período inicial, nós tivemos dificuldade de operar com esse programa, mas, depois de tudo o que foi feito para atingir esse objetivo, a gente pretende já agora, em 2012, fazer as primeiras operações
 
Como o senhor explicou ao longo da entrevista, este será um ano de mudanças e conquistas para o BRB. O que as pessoas podem esperar do banco em 2012?
 
Nós vamos investir pesado em tecnologia da informação, seja na chegada de novos técnicos ou na compra de equipamentos, na implantação de novos sistemas e novas soluções que foram desenvolvidas nesses últimos meses, que vão ganhar mais agilidade. Mostraremos para todos os clientes e para a sociedade, em geral, que o banco tem saúde financeira: estamos inaugurando agências e lojas de conveniência, além de reformarmos as nossas agências. Aliás, vamos este ano concluir a reforma de todas as nossas agências. O setor de cartões, que estava fragilizado, agora está adequado ao mercado, com o uso de chips. Com isso, o cartão BRB, seja na função crédito, seja na função débito, vai estar com sua funcionalidade, operacionalidade e credibilidade totalmente reconquistada agora, em 2012. Outra novidade é que, além das empresas que já existem, como BRB Financeira, BRB Corretora, BRB Cartões, criamos a BSB Ativos, com uma estratégia de migração de serviços do banco e das empresas já existentes. Em vez de gerar resultados para quem nos presta serviço, essa nova empresa, como parte do conglomerado, vai gerar resultados para o próprio BRB.

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