08/06/2012 às 13:00

Tratamento no HBDF é referência nacional

Governo do Distrito Federal é o único do país a oferecer, no Hospital de Base, tratamento gratuito para degeneração macular, principal causa de cegueira em idosos

Por Carlos Rezende, da Agência Brasília


. Foto: Mary Leal

O aumento do número de idosos no Brasil, registrado pelo Censo do IBGE de 2010, veio acompanhado do crescimento da principal causa de cegueira na população acima de 55 anos de idade: a degeneração macular. A doença provoca a perda progressiva da visão central – age como uma mancha preta no foco ocular e dificulta atividades simples do cotidiano como ler, costurar, assistir TV e dirigir.

O Distrito Federal é a única unidade da Federação a realizar o tratamento gratuito da doença, no Serviço de Oftalmologia – Subespecialidade de Retina e Vítreo – do Hospital de Base do DF (HBDF). O hospital foi o pioneiro no atendimento à enfermidade e é referência no Brasil.

A coordenadora do setor oftalmológico do HBDF, Ana Paula Tupinambá, explica que sua equipe começou a desenvolver a área de retina e vítreo em 2008. “Fomos os primeiros a registrar o Protocolo Clínico, que são os critérios de avaliação da doença, no Ministério da Saúde”, observou. 

O Hospital de Base conta com os equipamentos mais avançados do mundo para o diagnóstico da degeneração macular, como o Tomógrafo de Coerência Óptica (OCT, sigla em inglês). Além disso, faz aplicações gratuitas do único remédio eficaz no tratamento da doença, o Lucentis. Nas clínicas particulares, cada dose do medicamento pode chegar a R$ 5 mil. O atendimento aos pacientes é feito às quartas-feiras à tarde. Entre 30 e 40 pessoas passam pelo consultório e pela sala de aplicações por semana. “Por causa da rápida progressão da doença, os retornos ocorrem a cada três meses”, frisa Ana Paula, que tem doutorado na área.

Segundo a coordenadora, a aplicação paralisa o processo e pode melhorar a visão, dependendo do estágio em que se encontra a doença. “Já tivemos casos com 100% de recuperação. Por isso, é importante um diagnóstico preciso e uma rápida intervenção”, enfatiza a doutora.

Cem mil casos por ano no Brasil – A cada ano surgem 100 mil casos da doença, que pode levar à cegueira em apenas quatro meses caso não seja descoberta e tratada com urgência.   “Quando fui diagnosticada pela primeira vez, em 2009, me informaram do perigo iminente de cegueira. Fiquei desesperada e gastei R$ 4 mil para aplicar o remédio. Ele paralisou imediatamente a evolução da doença, mas tive que pegar dinheiro emprestado para pagá-lo”, lembra a cabeleireira aposentada Maria de Lourdes Gonçalves, 72 anos. Quase dois anos mais tarde, Maria de Lourdes voltou a sentir os sintomas da doença e, felizmente, já havia descoberto o HBDF, onde reiniciou o tratamento. “Se não tivesse vindo aqui já estaria cega, pois não conseguiria manter o tratamento no setor privado”, avaliou.

O capitão reformado da Polícia Militar, Eunack Jorge Mendes Maciel, 76 anos, está na terceira aplicação. “Sinto minha visão melhorar a cada dose”. Evangélico, sonha em poder voltar a ler a Bíblia. A doméstica Arlinda de Souza, 73 anos, sofria com dores nos olhos, e perdeu quase integralmente a visão esquerda. Chegou a pensar que ficaria completamente cega quando a doença atacou o olho direito. “Com o tratamento, houve redução nas dores e os olhos começaram a melhorar”, diz aliviada. 

Tipos diferentes – A degeneração macular é uma doença crônica que tem períodos de atividades e de pausas, podendo atingir os dois olhos ao mesmo tempo ou em momentos diferentes. Apresenta-se de duas formas distintas: a seca e a úmida. Um mesmo paciente pode ser acometido simultaneamente pelas duas. A forma mais comum, e menos grave, é a seca, que se caracteriza pelo acúmulo de resíduos do metabolismo celular da retina. Sua progressão é lenta e pode dificultar a realização de algumas atividades como ler e escrever.

Já a forma úmida atinge cerca de 10% dos pacientes e ocorre quando, além das alterações do tipo seco, aparecem também hemorragias e acúmulo de líquido devido ao surgimento de vasos sanguíneos anormais sob a retina. Nesse momento, há uma perda visual de progressão rápida ou até mesmo súbita.