07/11/2012 às 19:10, atualizado em 17/05/2016 às 14:37

Um ano de paz no Varjão

Na série semanal de entrevistas com administradores regionais, José Ricardo do Nascimento parabeniza a comunidade do Varjão pela união contra a violência

Por Lúria Rezende, da Agência Brasília


. Foto: Lula Lopes

A 8km do Palácio do Buriti e a 12km do Palácio do Planalto, o Varjão (RA XXIII) abriga, segundo a mais recente pesquisa da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), cerca de 10 mil habitantes. Há pouco mais de um ano, foi considerada ponto de distribuição de drogas para os bairros nobres da redondeza. Hoje, a situação mudou e,com o apoio da comunidade, a cidade comemora, na próxima quarta-feira (14), um ano sem homicídios. Ou, como diz o administrador José Ricardo do Nascimento: “Um ano de paz”.

José Ricardo do Nascimento assumiu a Administração do Varjão em 3 de outubro. Nascido em Brasília há 48 anos, ele acumula experiência em administrações regionais, como a do Gama e a de Santa Maria, além de ter sido secretário de Obras do município goiano do Novo Gama.

Na próxima quarta-feira (14) o Varjão comemora um ano sem homicídios. A que o senhor atribui esse resultado?

Sem dúvida alguma à programação que as polícias Civil e Militar fizeram durante esse período, com a participação expressiva da comunidade. Os próprios moradores e comerciantes resolveram dar um basta. Foram presos mais de 26 traficantes. Isso ajuda a diminuir os índices de criminalidade, porque o tráfico não é só a venda de droga: é a violência, furto e outros delitos. O Varjão, pela proximidade de locais como o Lago Norte e a Asa Norte, tornou-se palco de crimes durante certa época. Com a ajuda dos conselhos de moradores, as polícias promoveram ação ostensiva e repressiva, com investigação e abordagem de qualidade. Para comemorar esse um ano de paz teremos atividades durante todo o dia na Praça Sete. Vai ter música, peças teatrais, desfile cívico e corte do bolo de 12metros.

Até sexta-feira (9), a cidade estará recebendo a Ação Cívico-Social. O senhor pode explicar como funciona?

A Marinha do Brasil fez um convite à cidade. A cada ano uma região administrativa é contemplada. Apresentei as necessidades do Varjão, e a Marinha e o Sesc [Serviço Social do Comércio] se propuseram a ajudar. Uma dessas ações é a reforma da Escola Classe. Cedemos o material e a Marinha deu início à obra. Também foram montadas quatro tendas em frente à escola. São oferecidos orientações sobre saúde, como palestras de prevenção contra dengue e câncer de colo de útero e de mama, e tratamento odontológico, além de atividades infantis, como brinquedos infláveis.

Qual é a prioridade desta gestão?

Sem dúvida é a área de transição que fica na Quadra 11. O projeto está adiantado e contempla 380 famílias que vivem em barracos. Dessas, 50% serão transferidas para prédios no Setor de Chácaras. A outra metade continuará na quadra, morando nos apartamentos que iremos construir. Queremos dignidade e valorização dessas pessoas. Até o final de 2013, esperamos estar com tudo pronto. Esse será o maior presente para a cidade.

Que medidas a administração tem tomando contra as drogas?

A participação dos oito conselhos que existem na cidade é fundamental. Temos um galpão de cultura, uma escolinha de futebol com 400 alunos, parceria com a creche local, onde a gente oferece aulas de karatê e outros esportes, parquinhos para as crianças, além da patrulha ostensiva da polícia.

Quais os projetos para o futuro do Varjão?

Queremos resgatar a autoestima do morador. Antigamente, as pessoas tinham vergonha de dizer que moravam no Varjão. Hoje, elas atuam ativamente na gestão da cidade. Temos quatro projetos fundamentais para a cidade. A área de transição é prioridade, a revitalização e o resgate da Praça do Bosque, que é uma área de grande potencial, e a ampliação do Centro Olímpico, onde temos o campo sintético e a quadra poliesportiva. Lá, ainda falta colocar a arquibancada para 5 mil pessoas e o ginásio coberto. Por último, a revitalização do Centro de Reciclagem, que é o nosso cartão de visitas na entrada da cidade.