27/03/2013 às 22:25, atualizado em 12/05/2016 às 18:15

Brasília realiza 1ª simulação integrada de segurança para a Copa

Cena de incêndio em hotel mobilizou mais de 400 profissionais e voluntários em ações de resgate e atendimento a feridos. Até junho de 2014, serão realizados outros cinco treinamentos desse tipo

Por Coordenadoria de Comunicação para a Copa


. Foto: Pedro Ventura

Fumaça, gritos de socorro e pânico apontam o início de um incêndio no restaurante do Mercure Hotel, no Setor Hoteleiro Norte. Alguns minutos depois, dezenas de equipes do Corpo de Bombeiros e das polícias Federal, Militar e Civil se posicionam para atender o chamado. Ao lado do prédio, profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) já estão preparados para prestar os primeiros socorros às vítimas.
 

O cenário foi o ponto de partida para uma série de situações de emergência simuladas, ao mesmo tempo, nesta quarta-feira (27), durante o primeiro treinamento integrado das forças de Segurança Pública. Planejada pelo Grupo de Trabalho para os Eventos Mundiais (GTMUNDI), da Secretaria de Segurança Pública do DF, a iniciativa teve como objetivo alinhar a ação dos comandos para a abertura da Copa das Confederações da FIFA 2013, em 15 de junho, e para os sete jogos que a capital receberá na Copa do Mundo da FIFA 2014.
 

Até o Mundial, no ano que vem, serão realizadas outras cinco simulações do mesmo tipo. Serão testadas as principais cenas dos torneios, como aeroporto, centros de treinamento, rotas de desembarque e deslocamento de delegações. O próximo exercício prático está agendado para maio, no Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, que será inaugurado em 21 de abril. “Nosso objetivo é testar os protocolos que definimos, por meio da atuação integrada de todas as equipes da Segurança, e corrigir eventuais falhas”, destacou o coordenador do GTMUNDI, o coronel do Corpo de Bombeiros Paulo José Bezerra.
 

Cerca de 420 pessoas participaram da simulação, entre bombeiros, policiais civis e militares, profissionais do SAMU, agentes do Departamento de Trânsito (Detran-DF) e da Agência de Fiscalização (Agefis). Também integraram o treinamento, policiais federais, agentes da Agência Brasileira da Inteligência (Abin), brigadistas do Mercure Hotel, além de 54 voluntários – 14 da Cruz Vermelha e 40 pessoas que atuaram como vítimas.
 

Operação – A simulação no Hotel Mercure começou com a retirada, pela Agefis, de uma propaganda irregular próximo ao local. Dentro do prédio, brigadistas identificaram o incêndio com vítimas – entre elas uma autoridade da FIFA e dois chefes de Estado – e acionaram as equipes de segurança.
 

Após um breve diagnóstico do cenário, os comandos enfrentaram situações como suspeita de bomba e contaminação por produto não identificado no local, pane em elevadores, falta d’água em hidrante e de energia elétrica para ligar equipamentos de socorro, além de uma colisão entre veículos, no estacionamento coberto do hotel, com pessoas presas às ferragens. As equipes também tiveram que resgatar um hóspede em pânico. Ele foi retirado, do terraço do prédio, pelos bombeiros, que usaram técnica de rapel. Enquanto isso, a Polícia Federal retirou, em poucos minutos, as autoridades presentes, e o Batalhão de Choque da Polícia Militar conteve uma tentativa de invasão do Mercure.
 

A ação durou cerca de 1h30. A equipe do SAMU atendeu os 40 feridos, na área de concentração de vítimas, montada no estacionamento externo do hotel. Os seis mortos foram transportados rapidamente por um carro do Instituto Médico Legal, da Polícia Civil. “Nos dias de jogos, teremos toda essa estrutura organizada, sem prejuízo do atendimento em todo o DF”, afirmou o coronel Paulo José Bezerra.
 

Ação integrada – A simulação é o último nível de uma série de capacitações e exercícios práticos realizados nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo. “Todos os comandos já sabem o que fazer em relação ao operacional. A ideia desse treinamento em escala real é testar os protocolos em um nível de integração, com todos atuando juntos”, explicou o diretor de Projetos Especiais da Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos do Ministério da Justiça, Mauro Magliano. “Trabalhamos com as condições ordinárias, como o incêndio, nesse caso, e com as extraordinárias, que são protestos, greves, ou a invasão do hotel, como vimos hoje”, acrescentou.
 

O treinamento foi acompanhado por representantes da Segurança Pública de estados que receberão jogos da Copa do Mundo em 2014. O tenente-coronel do Corpo de Bombeiros da Bahia, Antônio Nascimento, elogiou a atuação em Brasília. “Foi um simulado bem dividido nas ações, ordenado e complexo, com várias situações de risco em um cenário dinâmico”, ressaltou o militar.
 

Para o diretor de Ensino e Treinamento da Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, coronel Júlio César Marobin, a união entre os comandos prevaleceu. “O maior desafio nessa sequência extensa de ações foi o alinhamento entre as forças. A integração dos órgãos, que já é uma realidade em Brasília, é fundamental para o sucesso da operação. Com certeza vamos considerar essa experiência na nossa preparação”, afirmou Marobin.
 

De acordo com o coordenador do GTMUNDI, alguns detalhes do protocolo planejado para a rede hoteleira serão aperfeiçoados. “Temos algumas questões peculiares, como o trânsito da capital, que é movimentado na área central. Mas já estamos trabalhando conforme essas circunstâncias e definindo rotas secundárias”, garantiu o coronel Paulo José Bezerra.
 

Espectadores – Atento a cada movimento do simulado, o assistente de governanta do Hotel Mercure Ubiraci de Jesus, de 36 anos, ficou impressionado com a atuação dos militares. “É muito legal. Fomos liberados do trabalho para ter noção de como funciona uma operação como essa. Depois vamos repassar tudo aos outros membros das equipes”, contou o assistente.
 

Ao lado do colega, celular em mãos, o analista de Tecnologia da Informação do Hotel Mercure Rodrigo Rios, de 32 anos, registrou toda a ação. “Esse treinamento é muito importante, tanto para o pessoal da segurança como para nossa própria equipe. Hoje vimos de tudo, desde atendimento em incêndios até o resgate adequado das vítimas”, avaliou.
 

A operação também atraiu a atenção de populares. Funcionária de um escritório no shopping ID, a secretária Nathália Vieira, de 25 anos, interrompeu o trabalho para assistir o simulado. A empresa onde ela trabalha foi avisada sobre o treinamento, a fim de evitar pânico. “Fiz questão de assistir, pois sou brigadista voluntária. A preocupação deles, desde o ensaio até o exercício, demonstra cuidado com a segurança nos grandes eventos”, observou a secretária.
 

Preparativos – Todas as áreas do GDF estão se preparando para os grandes eventos. Na última semana, os profissionais da Saúde concluíram, com sucesso, a maior simulação de emergências na capital federal. A operação, no Ginásio Nilson Nelson, envolveu mais de 500 participantes e teve o objetivo de prevenir e atuar em ocorrências com vários feridos.