19/03/2015 às 17:41

Conselhos debatem situação da água no DF

Após reunião dos colegiados, Rollemberg reforçou a necessidade de ações locais preventivas

Por Étore Medeiros, da Agência Brasília


. Foto: Dênio Simões/Agência Brasília

Os integrantes dos Conselhos de Meio Ambiente do Distrito Federal (Conam/DF) e de Recursos Hídricos (CRH) tomaram posse na manhã de hoje (19), durante uma reunião conjunta dos colegiados, algo até então inédito. Também pela primeira vez, o governador acompanhou o encontro dos conselheiros, empossados durante cerimônia na Residência Oficial de Águas Claras. Rodrigo Rollemberg ouviu atentamente o debate sobre a situação hídrica do DF e os planos para garantir um futuro sustentável à capital da República.

“Embora o DF tenha uma disponibilidade (de água) garantida para os próximos anos, se não cuidarmos, poderemos viver daqui a dezenas de anos situações que grandes centros urbanos como São Paulo estão vivendo”, observou Rollemberg, após a reunião dos conselhos.

O governador lembrou que o DF receberá a oitava edição do Fórum Mundial da Água em 2018. “É uma grande oportunidade para mobilizarmos a população sobre o uso racional dos recursos hídricos e recebermos esse evento como um exemplo de cidade preparada para o desenvolvimento sustentável.”

O secretário do Meio Ambiente, André Lima, ressaltou a presença inédita de um governador à reunião dos conselhos. “Isso demonstra que a agenda da água, da sustentabilidade, da boa gestão e do ordenamento territorial estão na pauta de prioridades.” Apesar da situação “confortável” ante outras regiões do país, Lima explicou que a redução das chuvas no DF — cuja média anual caiu 20% nas duas últimas décadas — e a ocupação territorial desordenada causam preocupação e exigem medidas estratégicas.

Segundo Lima, o zoneamento econômico-ecológico do DF, atualmente em elaboração por uma equipe multidisciplinar, indicará como e onde devem ocorrer novos empreendimentos e ocupações do solo, de forma a respeitar as peculiaridades demográficas e ambientais. A meta de secretaria é que uma minuta de projeto de lei esteja pronta até julho.

Descoberto
Durante a reunião desta quinta-feira, foram apresentados dados sobre a situação hídrica de Brasília. Responsável por mais de 60% do abastecimento da população, o reservatório do Descoberto está com 88% da capacidade — o que significa água suficiente para uma estiagem hipotética de um ano e meio, algo altamente improvável. Mesmo com o nível elevado, a cota é a menor já registrada no Descoberto para esta época do ano desde que ele foi construído, em 1974.

“Se analisarmos a história, os reservatórios estão abaixo do que vinha se apresentando anteriormente, mas isso não representa ainda um risco para o DF”, explica Jorge Werneck, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Paranoá. “A gente percebe, por alguns estudos, que o nosso período seco está aumentando e que a impermeabilização do solo nas áreas urbanas pode estar contribuindo para a diminuição da água disponível nos nossos rios”, analisa.