29/03/2015 às 17:40

Menção honrosa a alunos da rede pública

Escolas modernizam metodologia de ensino e incentivam estudantes a participar de olimpíadas científicas

Por Kelly Crosara, da Agência Brasília


. Foto: Dênio Simões/Agência Brasília

Estudar estava longe de ser um dos prazeres da vida de Douglas Alves dos Santos, 17 anos. As notas dele nunca foram as piores, mas não se destacavam em relação às dos colegas. Assim que entrou para o Centro de Ensino Médio nº 9 do Setor O, em Ceilândia, a rotina e o modo de pensar do jovem mudaram completamente. “O saber passou a ter sabor”, resume o adolescente do 3º ano, que recebeu menção honrosa na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep) em 2014 e hoje é professor voluntário de história.

Dedicar a vida ao conhecimento faz parte do dia a dia de Gabriela Silva, 17 anos, também do 3º ano. A metodologia de ensino da instituição chamou tanto a atenção dela que, influenciada por amigos, largou o 1º ano pela metade em outra escola e se mudou, quase que literalmente, para a do Setor O. Isso porque ela assiste às aulas de manhã, participa do reforço à tarde e ainda faz parte do grupo que se prepara para as olimpíadas escolares no período noturno.

“Aqui conseguimos enxergar o conhecimento de maneira diferente, aplicamos o que aprendemos na vida, seja em uma conta de restaurante, seja em uma reação química de algum produto em casa”, explica Gabriela. “O aluno não pode mais ser tratado como um banco de dados, ele tem que se apaixonar pela disciplina que está sendo ensinada.”

Esses são apenas dois exemplos diante de centenas de alunos do Centro de Ensino Médio nº 9 que cultivam a mesma paixão pelo estudo. O mérito vem da própria instituição, que mudou a metodologia de ensino e começou a colher frutos pouco tempo depois. “Estabelecemos uma reação do aluno com o conhecimento e não com a matéria em si”, destacou o diretor da escola, José Gadelha.

Desde 2007, o colégio foi premiado três vezes na Obmep, ano em que foi implementado o projeto Matemática Todo Dia, que ocorre no turno contrário às aulas. Jogos de raciocínio lógico, filmes e aulas interativas fazem parte da rotina dos alunos no programa. “Todos participam por vontade própria, e a maioria não falta”, acrescentou o diretor.

Professores, ex-alunos e os próprios estudantes são responsáveis por ministrarem as aulas não só para as olimpíadas de matemática, como também para as de filosofia, biologia e robótica, entre outras.

A vice-diretora, Maria Fernanda Ferreira dos Passos, disse que os estudantes fazem questão de participar das olimpíadas de todas as disciplinas: “Visamos à universidade pública, e esse objetivo é visto nos nossos dados de aprovação na Universidade de Brasília (UnB), onde ingressam 20 a 30 alunos nossos por semestre”.

O índice de reprovação foi reduzido a quase 20%, pois além das aulas para as olimpíadas, a escola oferece reforço e simulado para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e para o Programa de Avaliação Seriada (PAS).

Outros colégios públicos também incentivam os alunos a participarem de olimpíadas escolares, mas a maioria escolhe a de matemática. É o caso dos centros de Ensino Médio Setor Oeste, no Plano Piloto, e do de Ensino Fundamental nº 15, de Taguatinga. Apesar de não oferecerem aulas no contraturno, os professores reforçam o conteúdo exigido na seleção dentro de sala de aula. As duas instituições reduziram o número de reprovações e receberam menção honrosa da Obmep.

Veja a galeria de fotos:

Alunos do Centro de Ensino Médio nº 9, em Ceilândia, preparam-se para a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas