17/11/2015 às 10:58, atualizado em 12/05/2016 às 17:51

Saiba como é feita uma Pdad

Desde 2011, a cada dois anos, Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios, da Codeplan, traça perfil das regiões administrativas e de Brasília

Por Samira Pádua, da Agência Brasília


Agente de coleta da Codeplan entrevista moradores na Estrutural
Agente de coleta da Codeplan entrevista moradores na Estrutural. Foto: Dênio Simões/Agência Brasília

Desde janeiro, equipes da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) estão nas ruas para fazer a Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (Pdad) de 2015. No momento, os 25 agentes de coleta de informações percorrem a Candangolândia, a Estrutural e o Itapoã. Identificados com uniforme e crachá institucional, eles trabalham de segunda a sexta-feira, das 8 às 18 horas.

A pesquisa tem como objetivo conhecer a situação socioeconômica, demográfica e de moradia dos residentes em áreas urbanas das regiões administrativas do Distrito Federal. Os resultados servem de base para o planejamento de ações governamentais e empresariais. “Para o governo planejar ações, é preciso conhecer a realidade de cada uma das regiões administrativas. As necessidades da Estrutural são totalmente diferentes das do Lago Sul”, exemplifica a gerente de Pesquisas Socioeconômicas da Codeplan, Iraci Peixoto.

De acordo com o presidente da companhia, Lucio Rennó, essa é a única feita no DF que traz informações detalhadas sobre a situação econômica e social da população das diferentes regiões administrativas. “É uma fonte muito rica de dados, que permite auxiliar os gestores em tomadas de decisões”, frisa. São levantadas informações sobre, entre outras coisas, tipo de domicílio, infraestrutura (saneamento básico e abastecimento de água), idade, raça, cor, estado civil, migração (procedência dos moradores), nível de escolaridade, trabalho, renda, posse de bens, equipamentos e serviços.

Para que os dados sejam condizentes com a realidade local, a companhia ressalta ser imprescindível que a população receba os pesquisadores. Mas apenas moradores da residência visitada e que tenham mais de 16 anos podem responder ao questionário. As respostas são sigilosas e tratadas em conjunto. “Não é possível identificar na base de dados nem o endereço nem o morador, apenas as informações”, explica Iraci. Os formulários têm 45 perguntas (18 referentes ao domicílio e 27, aos moradores) divididas em quatro blocos. O tempo de resposta varia de acordo com o morador e com o número de pessoas na residência.

Realizada a cada dois anos desde 2011, a pesquisa contempla as 31 regiões administrativas de Brasília. Antes disso, houve uma edição em 2004, e a Codeplan também organizou material similar em 1997: a Pesquisa de Informações Socioeconômicas das Famílias do Distrito Federal (Pisef/DF). Neste ano, a companhia já divulgou a Pdad de 2015 de 11 regiões administrativas. A última foi Riacho Fundo II, em 4 de novembro. A próxima será Sobradinho II, em data a ser definida. Os arquivos podem ser acessados em uma página do site da empresa pública na internet.

Metodologia
A Pdad é feita em diversas etapas. A primeira começa com o planejamento, em novembro e dezembro do ano que antecede aquele em que será iniciada a pesquisa. É quando se elaboram o formulário a ser usado pelos agentes de coleta; o plano amostral, que indica, por sorteio, as áreas de atuação dos pesquisadores em cada região; o manual de instruções para o trabalho desses empregados da Codeplan; e o programa de computador no qual serão inseridas as informações coletadas. Também realizam-se uma pesquisa-piloto e o treinamento dos agentes.

Na segunda fase, a da pesquisa de campo, os 25 agentes de coleta são divididos em três equipes, com um supervisor para cada uma. Por se tratar de uma pesquisa amostral — e não censitária —, eles não visitam todas as residências das regiões. Os domicílios são escolhidos por sorteio, com base nos dados do Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. A quantidade de habitações a ser pesquisada varia de acordo com o número de domicílios e a homogeneidade da região (que apresenta residências com características similares, a exemplo da renda familiar).

O próximo passo é a checagem, de dois tipos: na aleatória, volta-se em cerca de 5% a 10% dos domicílios para conferir as informações. Na crítica, faz-se a revisão e a verificação dos formulários preenchidos, para detectar irregularidades ou incoerências nas pesquisas. Por exemplo, se um morador responde que alguém da residência estuda em uma determinada faculdade, mas sabe-se que naquela região não há esse tipo de instituição de ensino, isso pode indicar erro naquela parte do levantamento. Em caso de incoerência, os agentes retornam a campo para corrigi-la.

Quando chegam à Codeplan, os dados são passados do papel para o computador. Nesse momento, conferem-se as informações digitadas e faz-se mais um cruzamento delas — dessa vez, comparando o que está no formulário ao que foi inserido em meio digital.

Por fim, vêm a estimativa das informações para a região pesquisada, com base nos dados coletados, e as tabelas. Depois da análise dos dados, é produzido o relatório final, apresentado pela Codeplan e disponível para consulta na internet. As informações também ficam armazenadas no Sistema de Informações Estatísticas e Geográficas Automatizado, do qual é possível extrair tabelas e gráficos com diferentes recortes.

Segundo Iraci, as fases ocorrem simultaneamente. O tempo de pesquisa varia de acordo com cada região administrativa e, em aproximadamente 18 meses, é coberto todo o Distrito Federal. Esse perfil é divulgado no segundo semestre do ano seguinte ao de início da pesquisa. Para amenizar as diferenças temporais na época da divulgação do material completo, os dados são ajustados estatisticamente para o mês de julho do ano de início da pesquisa. A margem de erro para a pesquisa divulgada com dados de todo o DF é de 0,60% para mais ou para menos, com 95% de grau de confiança.

Relatos
Coletar informações nem sempre é tarefa fácil. A agente Ana Francisca Vieira conta que certa vez, em Ceilândia, fez a pesquisa e, minutos depois, foi procurada nas ruas seguintes porque a pessoa alegou ter ficado desconfiada. “Me senti constrangida, porque eu havia me identificado, mas novamente repassei minhas informações e o telefone da Codeplan, e ela foi embora.” Em outra ocasião, na Estrutural, um morador respondeu prontamente ao questionário e disse conhecer a Pdad e até tê-la utilizado em uma monografia de faculdade.

O supervisor de pesquisa Erivaldo da Fonseca reforça que, apesar de ser um trabalho sério, as dificuldades em serem atendidos pelos moradores não são raras. “Às vezes eles ficam com dúvida, com medo e a gente até entende, por causa da violência que existe”, destaca. “Mas as equipes estão bem identificadas e há o telefone para entrar em contato.” Caso haja dúvida sobre a identidade dos entrevistadores, os cidadãos podem ligar para a Codeplan nos números 3342-1552 e 3342-2272.

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