12/12/2015 às 10:01, atualizado em 12/05/2016 às 17:47

Coleta seletiva será interrompida em nove regiões administrativas

Suspensão temporária começa neste domingo (13). SLU estuda propostas para tornar o serviço eficaz e sustentável

Por Amanda Martimon, da Agência Brasília

A coleta seletiva será interrompida, a partir de domingo (13), em nove regiões administrativas de Brasília: Candangolândia, Gama, Núcleo Bandeirante, Park Way (a partir da Quadra 6), Recanto das Emas, Riacho Fundo I e II, Samambaia e Santa Maria. A suspensão é temporária, de acordo com o Serviço de Limpeza Urbana (SLU). A autarquia estuda particularidades do lixo de cada região para desenvolver novo modelo desse tipo de coleta, uma vez que o formato adotado não tem eficiência em certos locais.

Dividido em quatro lotes, de acordo com as regiões, o serviço já havia sido paralisado no fim de março em outras cinco. Nesse caso e no de agora, no Lote II, alegando prejuízo financeiro, as empresas escolhidas por licitação não quiseram renovar os contratos. Para o SLU, da maneira como é feito hoje, o serviço não atende também a critérios de sustentabilidade.

Descarte pode ser feito em locais de entrega voluntária, os chamados LEVs, em supermercados

Entre as principais dificuldades do sistema de coleta seletiva de Brasília — contratado na gestão anterior — estão a falta de planejamento e o desconhecimento das diferenças do lixo produzido em cada localidade. Em fevereiro de 2014, o serviço — iniciado nas Asas Sul e Norte, em Brazlândia, no Cruzeiro, no Lago Norte e no Setor Militar Urbano — expandiu-se para as 31 regiões administrativas, além da área rural, sem distinção entre as características de cada lugar.

Qualidade
As especificidades do lixo em cada região interferem na qualidade do material coletado. Em algumas, por exemplo, a presença de lixo seco, como embalagens e outros recicláveis, é maior, o que torna o serviço mais rentável. Enquanto em outras regiões há concentração de produto orgânico. Além disso, muitas vezes, a separação dos resíduos não é feita corretamente.

O SLU estuda novas maneiras de fazer a coleta seletiva em Brasília. Uma consultoria foi contratada pela Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal (Adasa) para analisar e caracterizar os resíduos — divididos em 17 diferentes categorias — por região.

“A coleta seletiva tem de chegar, principalmente, aonde os resíduos secos são gerados. Os estudos vão instrumentalizar o SLU para uma proposta de coleta seletiva que realmente dê resultado”, explica a diretora-geral da autarquia, Kátia Campos. O perfil da população de Águas Claras, por exemplo, indica alto potencial de descarte de embalagens na região. “Vamos reavaliar a coleta do ponto de vista da sustentabilidade, e não apenas do financeiro.”

Moradores de onde o serviço estiver interrompido têm a opção de levar materiais recicláveis para os chamados locais de entrega voluntária (LEVs), em parceria com a iniciativa privada, considerados tendência em cidades da Europa. Supermercados de Brasília oferecem essa alternativa.

Contratos
A Valor Ambiental, responsável pela coleta seletiva que se encerra nas nove regiões a partir de domingo, recebeu pelo contrato do Lote II, de janeiro a novembro, R$ 1.386.869,70. Contratada em 2013, a empresa fez uma das cinco renovações a que tinha direito por lei, atuando por 24 meses. Com base na Lei nº 8.666, o contrato válido por 12 meses era renovável por iguais períodos até o prazo de 60 meses.

Em março, o serviço foi interrompido na Fercal, no Itapoã, no Paranoá, em Planaltina e em São Sebastião, todas do Lote III. À época, a Quebec, responsável pelas regiões, também não renovou o contrato. Em 2014, a empresa recebeu R$ 1.625.810,92.

Características do lixo em cada região interferem na qualidade do material coletado

Quando os contratos foram firmados, a expectativa era que as empresas coletassem 800 toneladas por mês. O número, porém, ficou abaixo: média de 503 toneladas/mês, em 2014, e de 688 toneladas/mês neste ano. O valor pago em 2015 é de R$ 183,25 por tonelada.

O pagamento dos contratos foi definido com base na pesagem dos materiais efetivamente coletados. Ou seja, as empresas recebem de acordo com a quantidade recolhida. Em outros locais do País, paga-se pela rota de coleta realizada.

Normalidade
Nas demais regiões administrativas, o serviço segue normalizado. A Valor Ambiental continua com os trabalhos no Lote IV, que abrange Águas Claras, Brazlândia, Ceilândia, Estrutural, Park Way (até a Quadra 5), Taguatinga e Vicente Pires. Já a empresa CGC, responsável pelo Lote I, faz a coleta seletiva no Cruzeiro, no Guará, no Plano Piloto, no Setor de Industria e Abastecimento (SIA) e no Sudoeste/Octogonal.

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