28/02/2016 às 19:00, atualizado em 12/05/2016 às 17:51

Neste ano, 45 animais foram atendidos no hospital veterinário do Zoológico de Brasília

Um dos pacientes foi um lobo-guará com acúmulo de sangue na orelha

Por Samira Pádua, da Agência Brasília


. Foto: Tony Winston/Agência Brasília

Correção estética e funcional. Esse foi o tratamento recebido pelo lobo-guará Orelha no Hospital Veterinário do Jardim Zoológico de Brasília em janeiro deste ano. Com oto-hematoma (acúmulo de sangue na orelha, causado por um rompimento de vaso sanguíneo), o animal teve que ser atendido para a retirada do excesso do líquido.

“Vimos que a orelha do animal estava pendente, inchada, e ele balançava muito a cabeça”, explica o diretor do hospital, Rafael Bonorino. “Precisávamos fazer a cirurgia corretiva e verificar se não havia risco de infecção.”

O lobo-guará foi entubado, anestesiado e teve batimentos cardíacos e respiração monitorados durante todo o procedimento, que durou 30 minutos. Após três semanas em recuperação, voltou há um mês para o recinto na área de mamíferos e passa bem.

Orelha tem cerca de 9 anos e é um dos 45 animais do zoo atendidos pelo hospital veterinário neste ano. A unidade oferece atendimento em clínica médica, cirurgia, radiologia e laboratório. Há ainda parcerias para serviços como acupuntura e laser terapia (tratamento que ajuda na reabilitação de animais com lesões), feitos por meio de cooperações técnicas espontâneas e gratuitas com especialistas privados.

Soro
A história do lobo-guará com a unidade teve início em 2008, quando ele foi resgatado pela Polícia Militar Ambiental do DF e levado ao hospital veterinário para tratamento. Apresentava uma lesão na orelha direita e problemas no tórax por causa de um tiro, e também estava com anemia e debilitado, com costelas à mostra.

O tratamento envolveu procedimentos como transfusão de sangue, injeção de soro e melhorias na alimentação. “Pode ser que nessa época, pelo tiro e debilitado, ele não tenha conseguido se alimentar normalmente, e uma coisa vai agravando a outra. O conjunto de fatores poderia ter levado o animal ao óbito”, detalha o diretor do hospital.

O zoo solicitou ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) a incorporação de Orelha por dois motivos: por ele ter se acostumado ao ser humano devido ao tratamento e para renovar geneticamente o plantel de lobos-guarás da fundação, que, na época, estava baixo. Atualmente, ele é um dos 196 mamíferos do local.

“O visitante vê lazer, mas o intuito é também conservação, pesquisa e educação”. Essas vertentes, de acordo com Bonorino, englobam programas específicos para estudantes e pessoas com deficiência e ainda a conservação de animais que podem entrar ou entraram em extinção e o estudo de doenças e de aspectos alimentares e fisiológicos, por exemplo.

Hospital
O Hospital Veterinário do Jardim Zoológico de Brasília existe desde 1979. A equipe é composta por dois veterinários, dois tratadores de animais e cinco residentes.

Não são atendidos bichos da comunidade em geral, apenas os do próprio local e, eventualmente, os de vida livre que habitam áreas ecológicas vizinhas e os que são resgatados por órgãos públicos da área ambiental.

Em 2015, passaram pela clínica 400 animais em média. Em 2016 foram 60 (45 do próprio zoológico). Nos dois casos, a maior parte deles veio do plantel do zoo.

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