03/06/2016 às 09:59, atualizado em 13/12/2016 às 13:45

Mais um ocupante deixa o Torre Palace

Após processo de negociação, homem decide se entregar às forças de segurança

Por Ádamo Araujo, da Agência Brasília

Por volta das 9 horas desta sexta-feira (3), José Adriano Pereira Lima, de 33 anos, deixou o Torre Palace. De acordo com a Polícia Militar do Distrito Federal, o rapaz estava com fome e cansado. Ele seguirá para o Departamento de Polícia Especializada (DPE), para prestar esclarecimentos e verificação da ficha criminal. Segundo a PM, o homem não resistiu à prisão.

Hotel Torre Palace.

A ação da Secretaria de Estado da Segurança Pública e Paz Social tem como base a decisão judicial que autoriza o governo de Brasília a desocupar o prédio. Foto: Gabriel Jabur/Agencia Brasília

Esse é o terceiro morador a sair do prédio desde o começo da operação de desocupação, iniciada na quarta-feira (1º). Outros dois deixaram o edifício ainda no primeiro dia. José Lima confirmou a informação inicial e disse que restam de 10 a 15 pessoas dentro do imóvel. Outras 12 já haviam abandonado o hotel antes de começar a ação.

Negociação

Até as 11 horas, a polícia seguirá articulando a saída das mães e das crianças. A comida e a água estão acabando, mas os servidores afirmam que podem oferecer os suprimentos, desde que desçam para buscar. Segundo os militares, em virtude do processo de negociação, eles não podem proibir as pessoas de subir novamente — somente se os médicos ou a Vara da Infância e da Juventude identificarem que o menor está em risco iminente.

A pasta destaca que, considerando que há crianças no local, todos os órgãos de segurança envolvidos estão redobrando os cuidados durante as negociações. O trabalho está sendo acompanhado pela Vara da Infância. Para que os invasores deixem espontaneamente o prédio, estão sendo adotados procedimentos previstos no protocolo de gerenciamento de crises, como corte de suprimentos de água, luz e demais provimentos aos invasores.

Durante a madrugada, para preservar a segurança e a ordem, permaneceram no local cerca de cem servidores dos órgãos de segurança, entre policiais e bombeiros militares e agentes do Departamento de Trânsito (Detran). Nesse período, não houve qualquer movimentação dos ocupantes dentro do imóvel. Um grupo de cerca de 20 pessoas continua acampado ao lado da Via N1 que, assim como nos dias anteriores, está interditada por motivo de segurança e deve continuar enquanto transcorrer a operação.

O líder do Movimento de Resistência Popular (MRP), Edson Francisco da Silva, responde a inquérito na Delegacia de Repressão ao Crime Organizado e está em liberdade provisória. Outros cinco ocupantes também respondem a processos na Justiça.

Movimentação

Por volta das 12h30, o ex-deputado distrital e federal José Edmar furou o cerco policial na tentativa de levar mantimentos para os ocupantes do hotel. Contido por PMs, foi levado para a 5ª Delegacia de Polícia e poderá responder por crime de desobediência.

Ainda durante o início da tarde, agentes de segurança encontraram um galão de 20 litros com gasolina e um vasilhame de álcool líquido escondidos no térreo do hotel. Segundo a equipe, não é possível afirmar a destinação do material, que poderia ser usado tanto para um gerador de energia dentro do hotel quanto para provocar chamas em uma possível manifestação.

Decisão judicial

A ação da Secretaria da Segurança Pública e Paz Social tem como base a decisão judicial que autoriza o governo de Brasília a desocupar o prédio, haja vista o relatório emitido pela Subsecretaria de Proteção e Defesa Civil, subordinada à Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social, condenando a estrutura do hotel, e a interdição da Agência de Fiscalização de 19 de abril, o que coloca em risco a vida dos próprios invasores.

O total de agentes de segurança empregados diariamente na operação é de aproximadamente 300 servidores, entre policiais militares, bombeiros militares, agentes do Detran, da Agefis, da Defesa Civil e Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social, além de órgãos de apoio, como a Companhia de Saneamento Ambiental (Caesb) e a Companhia Energética de Brasília (CEB). O Corpo de Bombeiros está no local com um helicóptero e um médico de plantão.

[Relacionadas]

Edição: Gisela Sekeff e Raquel Flores