05/06/2016 às 07:43, atualizado em 13/12/2016 às 13:45

Torre Palace é desocupado na manhã deste domingo (5)

Ocupantes se entregaram por volta das 7 horas. Crianças foram retiradas em segurança e atendidas pelo Corpo de Bombeiros

Por Ádamo Araujo, da Agência Brasília

Atualizado em 5 de junho de 2016, às 11h45, para informar que durante varredura a PMDF encontrou mais um ocupante no edifício.

Cerca de 50 policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar do Distrito Federal iniciaram na manhã deste domingo (5) a desocupação efetiva do Hotel Torre Palace, no Setor Hoteleiro Norte, no Plano Piloto. Às 7h07, segundo a Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social, os ocupantes se entregaram. As crianças foram retiradas em segurança e atendidas pelo Corpo de Bombeiros.

Ocupantes do antigo Hotel Torre Palace são conduzidos para fora do prédio por policiais militares do Batalhão de Choque.

Ocupantes do antigo Hotel Torre Palace são conduzidos para fora do prédio por policiais militares do Batalhão de Choque. Foto: Nilson Carvalho/Agência Brasília

Houve resistência do grupo no local, que voltou a arremessar objetos, como tijolos e telhas. A polícia usou bombas de efeito moral. Inicialmente, oito homens e quatro mulheres foram encaminhados para o Departamento de Polícia Especializada (DPE). Em varredura no edifício, a polícia militar encontrou mais um ocupante. O homem não apresentou documentos e aparenta ter 25 anos, segundo a corporação. Ele estava escondido em um vão da tubulação de esgoto, tentou fugir e foi detido.

As quatro crianças seguirão para a Vara da Infância e da Juventude do DF, depois de atendimento no Hospital Materno-Infantil de Brasília. De lá, serão levadas para abrigos de acolhimento conveniados com o governo de Brasília.

Além do Choque, atuaram homens do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e de outros batalhões em apoio, somando aproximadamente 200 policiais. A operação teve ainda o suporte do Corpo de Bombeiros, e foram usados dois helicópteros.

“Nós estamos no cumprimento de uma decisão judicial”, destacou a secretária da Segurança Pública e da Paz Social, Márcia de Alencar. Assim, todo o custo operacional da operação está sendo quantificado pela pasta. A Procuradoria-Geral do DF vai apresentar o valor ao Tribunal de Justiça do DF e Territórios para que os proprietários do Torre Palace arquem com os gastos. “As forças [de segurança] novamente demonstraram a capacidade operacional que possuem, com grande sucesso. O resgate era o elemento principal, porque vidas estavam em risco”, acrescentou.

O comandante-geral da PMDF, Coronel Marcos Antônio Nunes de Oliveira, reforçou a eficiência da operação e o comprometimento de todos os envolvidos, policiais, bombeiros e agentes de diferentes órgãos. Ele afirmou ainda que as forças de segurança negociaram desde quarta-feira (1º), visando principalmente a proteção das crianças. “Tínhamos o planejamento pronto desde o primeiro momento. Todos os limites de negociação foram esgotados e resolvemos fazer a entrada tática. Também em respeito à população que passava por prejuízos, com o trânsito fechado.”

A corporação ainda faz a varredura completa no antigo hotel, mas já foram encontrados vários botijões de gás, combustível e facas. Segundo o comandante-geral, os adultos foram presos em flagrante por diversos crimes, como exposição de vida das crianças, tentativa de homicídio e dano ao patrimônio. O prédio será isolado e mantido sob vigilância até uma definição definitiva da justiça local.

Decisão judicial

A estrutura do prédio abandonado corre risco de colapso de acordo com laudo da Subsecretaria de Proteção e Defesa Civil, subordinada à pasta da Segurança Pública. Os riscos foram reconhecidos pelo desembargador Sebastião Coelho, da 5ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do DF e Territórios.  Por liminar, em 26 de maio, ele concedeu parecer favorável para que o governo de Brasília desocupasse o prédio.

Durante as negociações para a desocupação, que começou na quarta-feira (1º), os policiais tentaram manter diálogo para que os responsáveis entendessem a necessidade de retirar as crianças do local. Na sexta-feira (3), a Vara da Infância e da Juventude, a pedido da pasta, determinou a busca e apreensão das crianças. Os agentes também explicaram aos ocupantes que havia duas ordens judiciais para a desocupação do prédio, condenado e interditado pela Defesa Civil e pela Agência de Fiscalização do DF.

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Edição: Amanda Martimon