27/07/2016 às 10:52, atualizado em 28/02/2018 às 14:20

Construção civil ganha mais 2 mil postos de trabalho em junho

No mesmo mês, taxa de desemprego em Brasília se manteve estável em relação a maio. Os dados da pesquisa foram apresentados nesta quarta-feira (27)

Por Maryna Lacerda, da Agência Brasília

A taxa de desemprego total em Brasília se manteve estável em junho. O índice passou de 18,9%, em maio, para 19% no mês seguinte, de acordo com a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED-DF), divulgada nesta quarta-feira (27) pela Companhia de Planejamento do DF (Codeplan), pela Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). A quantidade de pessoas no mercado de trabalho — ocupadas ou procurando emprego — diminuiu, em razão da expectativa do período de férias.

No setor da construção civil, o cenário é um pouco mais positivo, com aumento de 2 mil de postos de trabalho.

O setor da construção civil registrou um aumento de 2 mil postos de trabalho em junho. Foto: Dênio Simões/Agência Brasília

No setor da construção civil, o cenário é de crescimento, com aumento de 2 mil postos de trabalho no período. “É muito cedo para dizer que está havendo uma retomada do setor, porque é um momento muito específico”, ressalta a coordenadora de pesquisas do Dieese, Adalgiza Amaral. No entanto, o desempenho do setor foi influenciado pela liberação de projetos de construção por meio da Central de Aprovação de Projetos (CAP), da Secretaria de Gestão do Território e Habitação. “A Secretaria fez uma força-tarefa, no primeiro semestre deste ano, na CAP. A central liberou mais de 1 mil alvarás de construção. No ano passado, foram 800. Essas liberações com certeza tiveram impacto no setor”, defende o secretário adjunto do Trabalho, Thiago Jarjour.

O empreendedorismo também está em alta. Pelo menos 123 mil pessoas decidiram investir no próprio negócio em junho. Em maio, os empreendedores correspondiam a 117 mil pessoas. “Isso demonstra que parte das pessoas que perderam empregos com carteira assinada usaram os recursos da rescisão para investir em um negócio.”

Desemprego é maior entre os que ganham mais

Em termos absolutos, o contingente de desempregados, em junho, foi de 301 mil pessoas. São 2 mil pessoas a mais que o mês anterior, quando 299 mil estavam à procura de vaga no mercado de trabalho.

O secretário adjunto do Trabalho considera a variação da quantidade de desempregados um sinal de que a pior fase da crise já passou. “Tivemos um aumento de 0,1 ponto percentual, o que significa estabilidade. Não consideramos aumento expressivo. A crise está da metade para o final: o mercado começa a se reaquecer, alguns segmentos começam a contratar mais”, avaliou.

No mesmo período, 2 mil brasilienses deixaram de fazer parte da população economicamente ativa (PEA), ou seja, abandonaram a busca por emprego e retornaram à inatividade. “Os dados se referem a um período em que as pessoas se preparam para as férias e preferem deixar para procurar emprego no segundo semestre, já de olho na maior oferta de vagas no fim do ano”, explica a coordenadora da PED-DF pelo Dieese, Adalgiza Lara Amaral.

O desemprego foi mais intenso no grupo de maior renda, cujo índice ficou em 7,9%. Em maio, a taxa para esse grupo foi de 7,4%. O fechamento de postos de trabalho na administração pública — foram 4 mil vagas a menos de maio para junho — justifica esse aumento. Por outro lado, o grupo de renda mais baixa, apresentou variação de 22,8% para 22,5%. Essa é a primeira vez que essa parcela da população apresenta queda na taxa de desemprego. “Atribuímos isso à redução da PEA. Com menor pressão das pessoas procurando uma oportunidade, a taxa também diminui”, destaca Adalgiza.

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A quantidade de pessoas com carteira assinada, no setor privado, reduziu 0,9% em junho. O dado corresponde a menos 5 mil pessoas com registro. O contingente de trabalhadores sem formalização, por sua vez, aumentou em mil pessoas. “A tendência de precarização [perda de direitos trabalhistas] do trabalho permanece”, afirma a coordenadora do Dieese.