25/01/2017 às 17:08, atualizado em 26/01/2017 às 11:26

Fiscalização remove construções urbanas que ameaçam nascentes do Descoberto

No primeiro dia da operação, nesta quarta (25), foram desocupados 20 mil metros quadrados. Além das edificações irregulares, encontraram-se bombas clandestinas que puxavam água do Canal do Rodeador

Por Ádamo Araujo e Marina Nery, da Agência Brasília

Começou nesta quarta-feira (25) e seguirá, pelos próximos três meses, uma operação do governo de Brasília para retirar parcelamentos urbanos na região próximo ao Incra 6, em Brazlândia. Algumas das edificações estão a 15 metros do Canal do Rodeador, que abastece a Barragem do Descoberto. No primeiro dia, segundo a Agência de Fiscalização (Agefis), foram desocupados 20 mil metros quadrados.

Além de captar água do Rodeador de forma irregular em meio à crise hídrica pela qual passa o Distrito Federal, as construções desvirtuavam o uso definido para a área, uma vez que somente propriedades para fins rurais têm autorização para atuar nos 275.862.116,69 metros quadrados do perímetro. De acordo com a Agefis, essas unidades não são alvo da operação iniciada hoje.

A alimentação dos tanques de peixes é feita por bomba que puxa água de forma irregular do Canal do Rodeador. O sistema não será retirado antes da remoção dos animais do tanques.

Mansão demolida usava bomba para retirada irregular de água do Canal do Rodeador. Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília

Como o objetivo principal é proteger os mananciais que abastecem o Descoberto, responsável pelo fornecimento de água para cerca de 1,8 milhão de habitantes do DF, a Agefis alerta que quem estiver parcelando lotes rurais para moradias urbanas será retirado.

A superintendente de Operações da Agefis, Ana Cláudia Borges, reforça que a ação em toda a região do Descoberto visa à preservação dos recursos hídricos naquela região. “A ocupação irregular do solo traz consequências danosas ao meio ambiente, como o assoreamento de nascentes, a impermeabilização do solo, a contaminação dos lençóis freáticos e o desmatamento das áreas de proteção permanente”, destaca.

[Olho texto='”A ocupação irregular do solo traz consequências danosas ao meio ambiente, como o assoreamento de nascentes e a contaminação dos lençóis freáticos”‘ assinatura=”Ana Cláudia Borges, superintendente de Operações da Agefis” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

Uma casa de alvenaria de aproximadamente 400 metros quadrados, praticamente pronta, foi desconstituída. A residência já estava com vidro temperado nas sacadas e telha colonial ao redor. Há um acesso direto da casa ao córrego, com escadas instaladas para lazer dos moradores.

Durante a ação, a Companhia Energética de Brasília (CEB) desligou o abastecimento clandestino de energia. Uma equipe da Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos atuou para oferecer suporte a quem precisasse de abrigo, mas não foi necessário qualquer encaminhamento.

Dois tanques com cerca de 15 mil peixes serão aterrados. No entanto, o Instituto Brasília Ambiental (Ibram) expediu um termo de intimação para o proprietário, que recebeu prazo de sete dias para removê-los. O abastecimento desses reservatórios é feito por uma bomba, que puxa água de forma irregular do Canal do Rodeador; ela será retirada com os peixes.

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Os trabalhos desta quarta-feira foram dificultados em virtude do acesso complicado — há um extenso trecho de estrada com muito cascalho — e da forte chuva que começou a cair por volta do meio-dia.

A operação contou com cerca de 60 servidores, com o apoio de um trator de esteira, uma pá mecânica, uma pá carregadeira e nove caminhões.

Além dos órgãos já citados, reforçaram a operação a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros; a Companhia de Saneamento Ambiental (Caesb); a Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap); a Secretaria da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural; e a Subchefia de Ordem Pública e Social, da Casa Militar.

Edição: Raquel Flores