01/03/2017 às 16:38, atualizado em 02/03/2017 às 12:31

Carnaval do DF teve público de 1,5 milhão em 2017

Governo investiu R$ 880 mil de forma direta, mais R$ 1,5 milhão por meio da Lei de Incentivo à Cultura nos blocos e demais eventos. O número de ocorrências policiais para cada 100 mil foliões foi 15% menor do que no ano passado

Por Guilherme Pera, da Agência Brasília

O carnaval de rua em Brasília cresce a cada ano. Neste, 1,5 milhão de pessoas participaram da folia e, em 2016, 863 mil, de acordo com a Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social. Esse número já representava alta em comparação a 2015 — 370 mil — e aos anos anteriores, quando essa quantidade não passou de 600 mil. O governador Rodrigo Rollemberg avaliou positivamente o andamento do carnaval 2017 em entrevista coletiva nesta quarta-feira (1º). “Tivemos a maior participação da história da população nas ruas, o que confirma uma vocação da cidade”, disse. “É importante para a economia, com um número grande de ambulantes trabalhando. Além disso, não tivemos nenhum homicídio registrado.”

Cerca de 160 mil pessoas estiveram no Babydoll de Nylon, na Praça do Cruzeiro, no sábado (25).

Cerca de 160 mil pessoas estiveram no Babydoll de Nylon, na Praça do Cruzeiro, no sábado (25). Foto: Tony Winston/Agência Brasília – 25.2.2017

De acordo com a Secretaria de Cultura, 128 blocos saíram às ruas. Somados às demais comemorações, foram 208 eventos em 24 regiões administrativas. O investimento direto do governo foi de R$ 880,8 mil, e 47 blocos receberam recursos da Lei de Incentivo à Cultura (LIC), no valor total de R$ 1,5 milhão. O secretário da pasta, Guilherme Reis, disse que Brasília atingiu um patamar maior da festa neste ano e listou pontos para aprimorar ainda mais o carnaval a partir de 2018. “Podemos melhorar o financiamento privado e a relação com os ambulantes e com os moradores das quadras residenciais.”

Trabalho integrado favorece planejamento do carnaval

Para garantir o sucesso do carnaval, com segurança e acesso aos serviços públicos de foliões e não foliões, 18 órgãos de governo trabalharam de forma integrada, sob as lideranças das Secretarias de Cultura, da Segurança Pública e da Paz Social e Adjunta de Turismo, da pasta do Esporte, Turismo e Lazer. As unidades fizeram várias reuniões de planejamento.

Policiais militares fazem a segurança dos foliões nos blocos que ocorreram no Setor Bancário Sul na segunda-feira (27).

Policiais militares fizeram a segurança dos foliões nos blocos que ocorreram no Setor Bancário Sul na segunda-feira (27). Foto: Pedro Ventura/Agência Brasília – 27.2.2017

Os blocos foram cadastrados antecipadamente pelo governo, que intermediou diálogos dos grupos com prefeituras de quadras, conselhos comunitários e outras organizações da sociedade. Houve duas audiências públicas e uma consulta on-line. Por meio desse trabalho, definiram-se os itinerários.

A Secretaria das Cidades cadastrou 1.061 vendedores ambulantes para os eventos de carnaval e pré-carnaval. Eles receberam treinamento com informações sobre segurança e legislação.

Os eventos apoiados pelos recursos da Cultura tiveram auxílio na contratação da estrutura do evento, como palcos, trios elétricos, iluminação, unidade de terapia intensiva (UTI), sonorização, tendas, carretas, grades, seguranças, brigadistas e banheiros. A LIC reverte parte do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) e do Imposto sobre Serviço de Qualquer Natureza (ISS) em financiamentos a projetos culturais.

Decreto estabelece regras para o carnaval a partir de 2018

Como parte de uma nova política de incentivo ao carnaval de Brasília, o governo publicou o Decreto nº 38.019, de 21 de fevereiro de 2017, que define conjunto de diretrizes para a folia a partir do próximo ano. A norma visa desburocratizar a folia.

Para isso, o número de documentos exigidos para os blocos será diminuído. O local para cadastro passa a ser único: o Centro Integrado de Atendimento ao Carnavalesco. Tudo isso acompanhado do fortalecimento da identidade e tradição das escolas de samba.

Segurança no carnaval definida com antecedência

O policiamento em cada festa foi definido com antecedência pela Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social de acordo com o tipo de evento e a quantidade de público esperada. De acordo com a secretária da pasta, Márcia de Alencar, foram feitas 563 ocorrências pelos órgãos de segurança. Ela calculou 49 registros para cada 100 mil foliões durante o carnaval 2017. Em 2016, a conta fechou em 78 registros para cada 100 mil foliões, quando houve 518 ocorrências. Segundo ela, houve queda de 15% de casos.

O SOS Criança Cidadã foi ferramenta para facilitar que crianças perdidas fossem encontradas pelos pais.

O SOS Criança Cidadã foi ferramenta para facilitar que crianças perdidas fossem encontradas pelos pais. Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília – 28.2.2017

Entre os principais registros feitos pela Polícia Civil, 275 de furtos diversos, 93 de furtos de celulares e 63 de roubos a transeuntes. Não houve ocorrências de homicídios nem de latrocínios.

Segundo a Secretaria de Saúde, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) fez 149 atendimentos de sábado (25) a quarta-feira (1º). No Centro de Traumas do Hospital de Base, foram 277, entre eles, duas pessoas feridas por arma de fogo e duas por arma branca. Dezessete pacientes eram casos graves, e 34, de média gravidade.

A Secretaria de Políticas para Crianças, Adolescentes e Juventude distribuiu 5 mil carteirinhas de identificação para os blocos, principalmente os infantis. Houve registro de apenas duas denúncias, uma de venda de bebidas alcoólicas e outra de suposto abandono de crianças. A Polícia Militar encontrou a mãe, que catava latinhas na Praça dos Prazeres e a orientou a seguir para casa com os filhos.

Órgãos de trânsito controlaram o fluxo de veículos na região dos blocos e fiscalizaram o consumo de álcool por condutores.

Órgãos de trânsito controlaram o fluxo de veículos na região dos blocos e fiscalizaram o consumo de álcool por condutores. Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília – 25.2.2017

Departamento de Estradas de Rodagem (DER-DF), com apoio da Polícia Militar — abordou 489 veículos, 25 deles removidos para o depósito. Vinte e cinco motoristas alcoolizados foram autuados e cinco deles, encaminhados para a delegacia. Nove condutores estavam inabilitados e sete, com a carteira vencida ou suspensa.

Já o Departamento de Trânsito do DF (Detran-DF) fez 163 autuações da Lei Seca e apreendeu 245 veículos durante o feriado.

Houve cinco mortes em acidentes automobilísticos no feriado — dois em rodovias e três em vias públicas. Nenhum deles, porém, está relacionado ao carnaval.

A Companhia de Saneamento Ambiental (Caesb) atendeu os órgãos de segurança com 250 caixas de água, com um total de 6 mil copos. A Companhia Energética de Brasília (CEB) não registrou interrupção de energia nos locais de concentração de blocos de carnaval. O Serviço de Limpeza Urbano (SLU) retirou 95,073 toneladas de resíduos das ruas, resultado do trabalho de 1.906 garis.

Equipe da Agefis atua durante o Babydoll de Nylon, no sábado (25).

Equipe da Agefis atua durante o Babydoll de Nylon, no sábado (25). Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília – 25.2.2017

Com equipes fixas, a Agência de Fiscalização (Agefis) esteve em 73 blocos — aqueles com o maior número de público e cadastrados pela Secretaria da Segurança Pública. Os fiscais apreenderam 972 objetos, a maior parte bebidas comercializadas em garrafas de vidro. Os blocos Populares em Pânico, na 310 Norte, e Parque Sonoro, no Taguaparque, não estavam licenciados e acabaram multados em R$ 5.369,50 cada um. Ao todo, 221 auditores atuaram no carnaval.

Edição: Raquel Flores