29/04/2017 às 09:30, atualizado em 29/04/2017 às 09:36

Compras na Ceasa: produtos frescos e de qualidade em um único lugar

O Mercado Livre do Produtor (Pedra), um dos oito pavilhões da Centrais de Abastecimento do DF, no SIA, oferece verduras e frutas no atacado e no varejo

Por Mariana Damaceno, da Agência Brasília

O corre-corre no Mercado Livre do Produtor, conhecido como Pedra, começa cedo. Por volta das 4h30 das segundas e quintas-feiras, Hérica Ono, de 60 anos, já organiza os produtos expostos para venda.

Hérica Ono, de 60 anos, tem uma propriedade no Núcleo Rural Vargem Bonita, no Park Way, e há 30 anos vende produtos na Ceasa.

Hérica Ono, de 60 anos, tem uma propriedade no Núcleo Rural Vargem Bonita, no Park Way, e há 30 anos vende produtos na Ceasa. Foto: Tony Winston/Agência Brasília

Ela é um dos 530 produtores rurais que dividem o espaço em um dos oito pavilhões da Centrais de Abastecimento do Distrito Federal (Ceasa-DF), no Trecho 10 do Setor de Indústria e Abastecimento (SIA).

A Pedra é um dos dois locais que não exigem licitação para quem quer vender, mas o interessado precisa ser do DF ou do Entorno. Ele deve ter uma declaração que comprove a sua atividade e esperar ser chamado.

O documento é emitido pelo órgão de assistência técnica de sua região — no caso daqui, pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF). Hérica, por exemplo, tem uma propriedade no Núcleo Rural Vargem Bonita, no Park Way, e está há 30 anos na Ceasa.

[Numeralha titulo_grande=”530″ texto=”Número de produtores rurais que vendem na Ceasa” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

“Comecei a plantar quando cheguei a Brasília; antes não sabia nem amarrar um coentro. Eu tenho amor pela terra”, conta a ex-moradora de Goiânia (GO), que chegou à capital federal cerca de três décadas atrás. Ela aprendeu o ofício com a sogra e comercializa artigos como alface, nabo e rabanete.

O tempo de Mercado Livre do Produtor rendeu-lhe uma clientela fiel, suficiente para ela se manter com esse trabalho. A consumidora Úrsula Sobrinho, de 46 anos, frequenta a banca de Hérica há mais de 20 anos. Úrsula faz salgados sob encomenda e vai ao local a cada 15 dias.

Clientes vêm até de fora de Brasília

Os perfis de quem frequenta a Pedra são os mais variados, segundo Edson Francisco Alves, de 51 anos. Produtor rural de Brazlândia (DF), ele vende frutas e verduras e relata que grande parte de seus clientes vem de outras regiões do País.

Para conseguir estacionar o caminhão em um bom lugar, Edson chega às 20 horas da véspera do dia que vai trabalhar e dorme no veículo. A rotina se repete duas vezes a cada semana.

O mercado funciona com vendas no atacado e no varejo. A primeira opção é aberta das 5 horas ao meio-dia, às segundas e quintas-feiras. Já a segunda, com 146 bancas, fica reservada aos sábados, das 5 às 14 horas.

Nesta segunda, 1º de maio, estará fechado devido ao feriado do Dia do Trabalho.

Artigos direto do produtor

A oportunidade de comprar diretamente de quem produz é um dos quesitos que levam Marcos Paulo da Silva Mendonça, de 36 anos, quase diariamente à Ceasa. Há um ano e meio, ele pediu demissão do boxe onde trabalhava no complexo para abrir seu próprio comércio, ao lado da sede da Centrais de Abastecimento do DF.

Marcos Paulo da Silva Mendonça, de 36 anos, é comprador e vai quase diariamente à Ceasa.

Marcos Paulo da Silva Mendonça, de 36 anos, é comprador e vai quase diariamente à Ceasa. Foto: Tony Winston/Agência Brasília

Carregando o próprio carrinho de mão, recheado de caixas com produtos para sua frutaria, ele conta que costuma chegar por volta das 5 horas para garantir as melhores opções.

“Aqui temos acesso a tudo fresquinho, novo, com bastante qualidade”, elogia. “Às vezes, vale a pena até pagar um pouquinho a mais, pois sabemos a procedência, criamos um vínculo com quem produz”. Aos sábados, ele vende ovos e morangos no varejão da Pedra.

Segundo o presidente da Ceasa, José Deval da Silva, a empresa pública faz estatística de mercado para regular o preço e garantir que ele esteja de acordo com o praticado no restante do País.

[Olho texto='”Às vezes, vale a pena até pagar um pouquinho a mais, pois sabemos a procedência”‘ assinatura=”Marcos Mendonça, dono de uma frutaria” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

Outra preocupação é com a segurança alimentar, atestada por uma diretoria específica. Ela checa, por exemplo, se o produto está fresco e apto para consumo.

Os oito pavilhões permanentes da Ceasa abrigam aproximadamente 160 empresas que vendem no atacado. São estabelecimentos que oferecem frutas, verduras, legumes, embalagens.

Na área de 285.119,05 metros quadrados, ainda há instituições bancárias e lanchonetes e dois estacionamentos — um público e outro rotativo, com cobrança pela permanência do veículo.

Outras opções de compra na Ceasa

Além da Pedra, funciona no complexo da Ceasa o Mercado da Agricultura Familiar, aos sábados, das 5 às 14 horas. As vendas são apenas no varejo, com itens de agroindústria, floricultura e hortifrútis convencionais e orgânicos.

Os espaços podem ser ocupados exclusivamente por organizações de agricultores familiares. Para se habilitar, o procedimento é o mesmo adotado no Mercado Livre do Produtor.

[Numeralha titulo_grande=”160″ texto=”Quantidade de empresas que vendem no atacado na Ceasa” esquerda_direita_centro=”direita”]

A Ceasa também tem um pavilhão de insumos agropecuários, como rações para aves, suínos e bovinos, no atacado e no varejo. Funciona das 5 às 17 horas, de segunda a sexta-feira, e das 5 às 14 horas, aos sábados.

Administrado por uma cooperativa de produtos orgânicos, o Mercado Orgânico é exclusivo para vendas no varejo, às quintas e aos sábados, das 6 horas ao meio-dia.

Logo na entrada da Ceasa, a Central de Flores reúne produtores e revendedores de diversas espécies. De segunda a sábado — exceto na quinta-feira, quando é a partir das 7 horas —, abre das 8 às 17 horas. Aos sábados, das 8 às 14 horas.

Ceasa comercializou 269 mil toneladas em 2016

A Ceasa é ligada à Secretaria da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural e recebe, nos dias de maior movimento, cerca de 15 mil pessoas.

Em 2016, foram comercializadas 269 mil toneladas de alimentos, o que significou R$ 733 milhões. O montante foi 28% maior que o de 2015.

Edição: Raquel Flores