24/06/2017 às 15:04, atualizado em 26/06/2017 às 10:33

Banco de Alimentos leva comida saudável a instituições sociais

Associação Viver Vida Estruturada é uma das 155 atendidas atualmente pelo programa da Ceasa. Entidade atende 300 crianças em situação de vulnerabilidade social

Por Mariana Damaceno, da Agência Brasília

Oferecer refeição balanceada a crianças em vulnerabilidade social é um dos principais objetivos da Associação Viver Vida Estruturada, na Estrutural. Para atender 300 meninos e meninas, com idade entre 6 e 15 anos, a entidade conta com uma nutricionista, que monta o cardápio semanal recheado de frutas, verduras e legumes.

A associação Viver Vida Estruturada, coordenada por Laila Cássia Bueno, é uma das 155 inscritas atualmente para receber doações do Banco de Alimentos da Ceasa

A associação Viver Vida Estruturada, coordenada por Laila Cássia Bueno, é uma das 155 inscritas atualmente para receber doações do Banco de Alimentos da Ceasa. Foto: Tony Winston/Agência Brasília

O lugar dispõe de cinco cozinheiras, que fazem por dia cinco quilos de arroz e três de feijão, além de suco de frutas e vitaminas. Fora o almoço e o jantar, a associação ainda oferece café da manhã e lanche da tarde.

Segundo a coordenadora-geral da instituição, Laila Cássia Bueno, a comida com variedade e qualidade nutricional só é possível graças à doação que recebe, sobretudo, do Banco de Alimentos da Centrais de Abastecimento do Distrito Federal (Ceasa). “Já ficamos sem receber por problemas em documentos, e fez muita falta”, revela.

A retirada dos produtos ocorre semanalmente. No caso da Viver Vida Estruturada, sempre às terças-feiras. “Atendemos muitas crianças que, com certeza, não teriam acesso a essa alimentação em casa”, explica Laila.

[Olho texto='”Atendemos muitas crianças que, com certeza, não teriam acesso a essa alimentação em casa”‘ assinatura=”Laila Cássia Bueno, coordenadora-geral da Associação Viver Vida Estruturada” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

Nas 14 atividades de esporte, cultura e lazer oferecidas no contraturno escolar, mais de 80% dos jovens atendidos pelo programa são filhos de pessoas que trabalham no aterro controlado do Jóquei, ao lado da associação.

A entidade da qual Laila faz parte é uma das 155 inscritas atualmente para receber doações do banco. Antes de ser incluída na lista, a instituição passa pela visita de um assistente social, que avalia desde a quantidade de pessoas atendidas à situação do espaço para armazenamento.

As visitas, tanto da assistente social quanto de uma nutricionista, são constantes. Nelas é possível, por exemplo, identificar quem precisa de atenção especial ou deixar de receber certos alimentos. “Existem lugares com alto índice de diabéticos. Precisamos ter o cuidado de não oferecer doces a eles”, exemplifica o diretor de Segurança Alimentar da Ceasa, José Patti Netto.

Com base nos encontros, a equipe também consegue detectar locais cujos funcionários precisam passar por capacitação. “Oferecemos cursos para as entidades aprenderem a reaproveitar integralmente os alimentos”, explica Netto. A medida é para garantir, segundo ele, que não haja desperdício do que foi doado.

As capacitações envolvem técnicas de como preparar receitas com aquilo que normalmente não seria utilizado ou que atendam às necessidades do público local. As últimas oficinas foram sobre preparo de pão, pratos à base de banana e refeições sem glúten e lactose.

[Olho texto='”Oferecemos cursos para as entidades aprenderem a reaproveitar integralmente os alimentos”‘ assinatura=”José Patti Netto, diretor de Segurança Alimentar da Ceasa” esquerda_direita_centro=”direita”]

Neste ano, o banco conseguiu aumentar consideravelmente o aproveitamento de produtos que normalmente seriam descartados pelos empresários e produtores que ocupam a Ceasa. No mês passado, por meio do programa Desperdício Zero, evitou-se que 34 toneladas de comida fossem para o lixo — um recorde para a Ceasa.

Para que o desperdício saísse de pouco mais de uma tonelada, em maio do ano passado, para o valor alcançado atualmente, a central tomou algumas medidas, como a aquisição de um carro exclusivo para o transporte das frutas e verduras e escolha de funcionários específicos para o serviço.

Também disponibilizou um número de telefone para que os comerciantes entrem em contato e solicitem o recolhimento do material. Além disso, quem participa recebe uma prestação de contas do que está sendo doado.

Oito funcionários, com auxílio da nutricionista, são responsáveis por receber, triar e separar as frutas, os legumes e as verduras em bom estado para consumo, que poderão ser doados.

Os empresários e produtores se desfazem daquilo que está fora do tamanho padrão — seja muito grande ou muito pequeno —, alimento que por um detalhe acaba não sendo comprado.

[Numeralha titulo_grande=”90%” texto=”Índice de aproveitamento dos gêneros coletados pelo programa Desperdício Zero do Banco de Alimentos da Ceasa” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

Cerca de 90% do que chega ao programa consegue ser aproveitado. Atualmente, os outros 10% acabam descartados por apresentarem algum tipo de problema, como um simples machucado em uma fruta.

A Ceasa já tem projeto pronto para reduzir o desperdício. Com novas instalações físicas e aparelhagem adequada, o banco ganhará unidade de transformação de alimentos.

A nova unidade será capaz de produzir seleta de legumes, polpas de frutas e sopa desidratados, entre outros produtos. Com isso, haverá aproveitamento integral dos gêneros.

Programa de Doação Simultânea da Ceasa

Além do Desperdício Zero, a Ceasa conta com outra iniciativa para arrecadar alimentos destinados a instituições. O programa Doação Simultânea funciona à base de parceria com entidades públicas e privadas para troca de produtos não perecíveis por ingressos para eventos culturais ou esportivos.

No banco, funcionários checam a data de validade e a procedência de cada item. No caso de alimentos, são feitas cestas básicas de 25 quilos, depois entregues às instituições. A prioridade é para que o conjunto seja o mais variado possível, com itens como arroz, feijão e farinha. O programa também arrecada roupas e brinquedos.

Por mais que haja esforço em obter doações sortidas, o diretor da Ceasa lembra que se trata de alimentação complementar. “Nossa meta é a qualidade, aumentar o mix de alimentos ofertados.” Desde outubro, foi possível subir de cerca de 400 gramas para 1,2 quilos a cota doada por pessoa, a cada semana.

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A Ceasa ainda tem uma terceira frente: o Programa de Aquisição de Alimentos. Com verba do governo federal, a Secretaria da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural adquire gêneros da agricultura familiar para distribuição. Entre os produtos, há bolos, biscoitos e doces, por exemplo.

Para cadastrar entidades de assistência social, basta acessar o site da empresa, preencher o formulário de inscrição e entregá-lo, com os documentos exigidos, ao banco.

O Banco de Alimentos da Ceasa é referência nacional e constantemente é visitado por autoridades de outras partes do Brasil e do mundo.

Edição: Vannildo Mendes