12/07/2017 às 09:12, atualizado em 22/05/2018 às 16:18

Centro de convivência no Riacho Fundo I impacta qualidade de vida de idosos

Pesquisa do IBGE aponta Brasília com uma das maiores projeções de vida no País até 2030. Atualmente, cerca de 15% da população do DF é da terceira idade

Por Cibele Moreira, da Agência Brasília

Quem vê Raimunda Pires de Oliveira, de 67 anos, nas atividades do Centro de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, no Riacho Fundo I, não imagina que ela teve quatro derrames e chegou a ficar sem andar e falar.

Centro de convivência no Riacho Fundo I têm contribuído para o aumento da qualidade de vida das pessoas na terceira idade. Pesquisa do IBGE aponta Brasília com uma das maiores projeções de vida no País até 2030.

Centro de convivência no Riacho Fundo I tem contribuído para o aumento da qualidade de vida das pessoas na terceira idade. Foto: Tony Winston/Agência Brasília

A convivência com outros idosos e as ações voltadas para o envelhecimento saudável, além da prevenção a situações de risco social, foram um gatilho para a melhora de Raimunda.

Os serviços ofertados pela Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos têm contribuído para o aumento da qualidade de vida das pessoas na terceira idade.

Educadora do Centro de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, Valéria de Cassia Magalhães diz que muitos dos idosos que frequentam a unidade vêm de situações de abandono ou isolamento social.

Ali, encontram um lugar onde se sentem bem. “O problema do isolamento social é o mais grave. Muitos moram com filhos que trabalham o dia inteiro e se sentem sozinhos. Aqui, conhecem outras pessoas na mesma situação e criam um laço de afeto. E isso reflete na saúde”, explica Valéria.

[Olho texto='”O problema do isolamento social é o mais grave. Muitos (idosos) moram com filhos que trabalham o dia inteiro e se sentem sós”‘ assinatura=”Valéria de Cassia Magalhães, educadora do Centro de Convivência e Fortalecimento de Vínculos” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

Maria das Dores dos Santos, de 65 anos, é um exemplo da melhora emocional que o centro proporcionou. Após perder os quatro irmãos, ela entrou em depressão e chegou a ter medo de atender o telefone por achar que seria alguma notícia ruim.

Por indicação de uma amiga, a aposentada começou a frequentar o centro de convivência do Riacho Fundo I e, hoje, se declara curada. “Aprendi a conviver com as pessoas, fiz muitas amizades. Isso aqui é uma benção.”

O local também serve como canal de comunicação e auxílio para a melhor percepção dos direitos da pessoa idosa. Com um tema para cada mês, rodas de diálogo permeiam o debate e levam informação para o grupo.

Atividades externas, como passeios em museus e trabalhos manuais relacionados ao assunto proposto, complementam o programa do centro de convivência. A confecção de cartazes permite que os idosos expressem o que sabem e os novos conhecimentos adquiridos.

Coordenadora da unidade, Alessandra Rocha Gonzaga constata que o retorno recebido dos idosos é gratificante para a equipe. “Vemos o quanto ações simples, como a comemoração dos aniversariantes, fazem a diferença”, pontua.

Martinho Pereira Moraes, de 69 anos, é o único homem que frequenta assiduamente o centro de convivência. O espaço, que fica perto de onde mora, serve como divertimento para o aposentado. Aproximadamente 90 idosos são acolhidos no Riacho Fundo I.

A secretaria oferece outros pontos de atendimento voltados para a pessoa idosa, como Centros de Referência Especializados de Assistência Social (Creas) e unidades de acolhimento. A pasta ainda faz encaminhamento para o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e o Ministério Público.

Expectativa de vida no DF é uma das mais altas do País

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a perspectiva de vida dos idosos brasilienses é uma das melhores do País.

[Numeralha titulo_grande=”26 milhões” texto=”Estimativa da população de idosos no Brasil até 2020″ esquerda_direita_centro=”direita”]

De acordo com o cálculo feito pela entidade, a projeção de vida no Distrito Federal é de 79,1 anos para 2020 e de 80,8 anos em 2030 — aumento de oito anos e meio em relação a estimativa em 2000, de 72,3 anos.

Quando comparado a outras unidades da Federação, o DF aparece entre as quatro com maiores projeções — perde apenas para Santa Catarina (80,2) e Espírito Santo (79,3). São Paulo ficou com o mesmo índice de Brasília (79,1).

Na última contagem do IBGE, em 2011, o País tinha 23,5 milhões de pessoas com mais de 60 anos de idade. A estimativa é que, até 2020, a população brasileira de idosos chegue a 26 milhões.

Ana Maria Nogales, diretora de Estudos e Políticas Sociais da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), explica que essa alta perspectiva de vida para os brasilienses leva em conta a qualidade de vida da população.

[Olho texto=”A alta perspectiva dos idosos brasilienses leva em conta a qualidade de vida da população local” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

Segundo a diretora, a cobertura de quase 100% de saneamento básico em todo o DF, aliada aos atendimentos de saúde básica nas regiões administrativas, colabora para esse cenário otimista.

Em 2015, a quantidade de pessoas com 60 anos ou mais representava 15% dos habitantes do DF. O número foi calculado pela Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (Pdad) divulgada pela Codeplan.

Saneamento básico e saúde pública para todos

Outro aspecto que coopera para a qualidade de vida dos brasilienses é a implementação de saneamento básico e a saúde pública. O Distrito Federal tem uma das maiores coberturas do País nesse item.

De acordo com dados da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), o índice de abastecimento urbano de água é de 99,06% no DF. A implementação da rede de esgoto também tem crescido nos últimos anos.

Em 2014, a cobertura da rede de esgoto no DF era de 82,11%. No fim de 2016, o número subiu para 85,23%. De acordo com o presidente da Caesb, Maurício Luduvice, a expectativa é que o atendimento chegue a 100%.

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“Quando se investe em saneamento básico, a qualidade de vida da população consequentemente melhora. Estamos trabalhando para a cobertura total do atendimento de esgoto, principalmente em áreas carentes, como o Sol Nascente”, destaca Luduvice.

A Secretaria de Saúde também tem contribuído com ações que visam à prevenção de doenças. A implementação da Estratégia Saúde da Família é uma das principais apostas do governo local.

Edição: Vannildo Mendes