22/07/2017 às 09:02, atualizado em 24/07/2017 às 09:18

Jardim Botânico mantém banco de sementes de espécies do Cerrado

Trabalho começa na coleta de frutos na natureza e pode ajudar a recuperar áreas degradadas do bioma

Por Mariana Damaceno, da Agência Brasília

Sementes coletadas no Distrito Federal foram enviadas ao Jardim Botânico de Jundiaí há dois anos com a missão de ajudar na recuperação do Cerrado no município de São Paulo.

Há cerca de 30 espécies catalogadas no banco de sementes do Jardim Botânico. Porém, mais de 60 já integraram a lista. A diretora de Fitologia, Priscila Oliveira, explica que o cuidado visa minimizar os efeitos da natural perda da capacidade de germinação.

Há cerca de 30 espécies catalogadas no banco de sementes do Jardim Botânico. A diretora de Fitologia, Priscila Oliveira, explica que o cuidado visa minimizar os efeitos da natural perda da capacidade de germinação. Foto: Tony Winston/Agência Brasília

Esse tipo de socorro não é exceção e só foi possível graças ao banco de sementes que o Jardim Botânico de Brasília mantém desde 2015. Há cerca de 30 espécies catalogadas. Porém, mais de 60 já integraram a lista.

A equipe responsável atualiza a oferta com frequência, conforme coletam na natureza. A diretora de Fitologia da instituição, Priscila Oliveira, explica que o cuidado visa minimizar os efeitos da natural perda da capacidade de germinação das sementes depois de um determinado tempo.

Para aumentar a durabilidade, o material é mantido em uma câmara fria, a uma temperatura que varia de 16 a 18 graus. “Isso mantém essa semente dormente e a faz não perder a vitalidade tão rápido como se estivesse na natureza”, esclarece a diretora. A medida garante que elas durem de um a quatro anos, a depender da espécie.

[Olho texto='”Costumamos coletar uma quantidade pequena, que sabemos que não vai fazer falta na natureza”‘ assinatura=”Priscila Oliveira, diretora de Fitologia do Jardim Botânico de Brasília” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

O trabalho para manter o catálogo começa com a coleta de frutos, principalmente dentro da Estação Ecológica Jardim Botânico de Brasília, que tem 4,5 mil hectares destinados à conservação do Cerrado.

A quantidade da amostra é avaliada pelos servidores. “Costumamos coletar uma quantidade pequena, que sabemos que não vai fazer falta na natureza”, destaca a diretora de Fitologia.

O objetivo do banco em Brasília é manter o material nativo do bioma e ainda mostrar o que a estação abriga. Priscila conta que a decisão de focar em espécies daqui foi com base no estudo de índices de jardins de outras partes do País, que já abrigam espécies exóticas, por exemplo, e distintas. “A gente vê que tem umas espécies difíceis de coletar e armazenar. Então, as procuramos.”

As trocas de sementes podem ser nacionais ou internacionais. Se for o segundo caso, é preciso que haja autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Depois da coleta, que ocorre em época seca, os frutos passam por triagem e ficam em observação até que abram naturalmente e soltem as sementes. Isso para que elas sejam retiradas quando forem viáveis para germinação.

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O material, então, é limpo, de maneira que só as sementes sejam guardadas em vidros ou sacos de papel, na câmara fria. Toda amostra recebe uma etiqueta com dados resumidos, como a designação científica, o nome comum e um código de inscrição.

“Esse número é muito importante para a gente, pois é a identificação no banco de dados”, detalha a servidora do Jardim Botânico de Brasília. Já no sistema, ainda há o detalhamento da localização geográfica da matriz onde os frutos foram colhidos.

Edição: Vannildo Mendes