07/12/2017 às 23:20, atualizado em 08/12/2017 às 10:56

Diálogo abre espaço à valorização da cultura hip-hop do DF

Artistas e representantes do segmento apresentaram críticas e sugestões diretamente a Rollemberg, na Roda de Conversa desta quinta-feira (7), no Mané Garrincha

Por Gabriela Moll, da Agência Brasília

Representantes do movimento hip-hop do Distrito Federal apresentaram críticas e sugestões ao governador de Brasília, Rodrigo Rollemberg, em encontro na noite desta quinta-feira (7).

O rapper Marquinho do Tropa destacou a necessidade de valorizar o artista de Brasília. Foto: Toninho Tavares/Agência Brasília

O rapper Marquinho do Tropa destacou a necessidade de valorizar o artista de Brasília. Foto: Toninho Tavares/Agência Brasília

O encontro, que teve como propósito valorizar as expressões artísticas urbanas da cidade, marcou a terceira edição da Roda de Conversa em 2017.

Reunidos no Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, membros do segmento dialogaram com o chefe do Executivo sobre a necessidade de reconhecimento e de estímulo à produção dos artistas locais.

Rollemberg se mostrou otimista com o diálogo. “Estamos aqui para fortalecer nossos laços e valorizar o conteúdo social da cultura hip-hop. Tenho certeza de que vocês têm um papel muito grande na transformação social de Brasília”, disse o governador.

[Olho texto='”Estamos aqui para fortalecer nossos laços e valorizar o conteúdo social da cultura hip-hop. Tenho certeza de que vocês têm papel muito grande na transformação social de Brasília”‘ assinatura=”Rodrigo Rollemberg, governador de Brasília” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

Grafiteiros, MCs, DJs e b-boys e b-girls (dançarinos de break) deram suas contribuições diretamente ao chefe do Executivo.

As falas foram precedidas por uma apresentação da MC Cléo Street, que cantou uma música que aborda a violência contra a mulher. “É para isso que o hip-hop serve, para dar voz a nós, periféricos”, definiu a artista.

O governador comentou com o segmento a importância da Lei Orgânica da Cultura sancionada nesta quinta. “Hoje é um dia histórico para o DF, em que melhoraremos o relacionamento do governo com todos os segmentos da cultura e poderemos apoiar ainda mais todas as regiões administrativas”, destacou.

Conquista histórica para o setor artístico do DF, o instrumento foi elaborado em parceria com a sociedade e tem como objetivo desburocratizar e uniformizar a legislação da cultura.

O secretário de Cultura, Guilherme Reis, reforçou o avanço da ferramenta, que estabelece as diretrizes e as ações para os próximos dez anos no setor. “Agora os projetos culturais são as próprias contrapartidas, pelo valor social que têm para a cidade”, elencou.

[Olho texto=”Valorização do artista de Brasília e olhar sem preconceito para a arte urbana estão entre as plataformas do setor” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”direita”]

Entre os que trouxeram sugestões ao governador, o rapper Marquinho do Tropa destacou a necessidade de valorizar o artista de Brasília. “Queremos o pagamento de cachês em dia e o processo de empenhos de recursos pra eventos do setor com antecedência.”

Já o grafiteiro Curujito demandou um olhar sem preconceito para o segmento e a valorização à arte urbana.

“Queremos facilitar que ocorram os eventos de hip-hop nas regiões administrativas”, respondeu o governador, que defendeu a profissionalização e a capacitação dos representantes do movimento, para aumentar o acesso dos artistas e produtores aos editais do governo.

Representante dos dançarinos, Thauane Lys defendeu maior apoio a projetos regionais. “Precisamos de um olhar mais atento ao que ocorre nas cidades, como batalhas e eventos pequenos, que, com mais visibilidade, poderiam ser expandidos para todo o DF”, ressaltou.

Esporte como ferramenta de transformação

O produtor cultural Lucas Pinheiro defendeu a necessidade de reformar os espaços para andar de skate e de oportunidades para os jovens da periferia. “Queremos que os adolescentes tenham alternativas de esporte, cultura e lazer”, destacou o morador de Ceilândia.

O produtor cultural Lucas Pinheiro defendeu a necessidade de reformar os espaços para andar de skate e de oportunidades para os jovens da periferia. Foto: Toninho Tavares/Agência Brasília

O produtor cultural Lucas Pinheiro defendeu a necessidade de reformar os espaços para andar de skate e de oportunidades para os jovens da periferia. Foto: Toninho Tavares/Agência Brasília

Ele também pediu uma mudança de postura em relação aos integrantes do movimento. “Reconhecemos que há problemas e que precisamos avançar nesse processo”, avaliou o governador sobre críticas à repressão policial e ao preconceito.

Presente à roda, a secretária do Esporte, Turismo e Lazer, Leila Barros, se colocou à disposição para ajudar a desenvolver iniciativas voltadas para o skate e outras práticas, com o apoio da sociedade. “O esporte é uma ferramenta de formação de valores e sabemos do poder dele, assim como o da cultura, de mudar os destinos dos jovens do DF.”

O DJ Ocimar Feitosa pediu maior preparo dos responsáveis pela coordenação de projetos culturas nas administrações regionais e a criação de uma casa do hip-hop no DF. “Queremos ensinar os jovens elementos da cultura como a música, a dança e o grafite. Essa é a uma forma de construir um futuro melhor”, defendeu.

Professor e educador socioeducativo, Heitor Valente pediu abertura das unidades de internação e de educação para projetos ligados ao movimento. “O hip-hop recupera mais pessoas do que qualquer política pública já criada”, exaltou.

Entre os encaminhamentos dados pelo governador está a articulação de formas de levar oficinas ligadas à cultura hip-hop para o sistema socioeducativo. “Isso será extremamente importante para despertar o interesse dos adolescentes e construir novas realidades”, acrescentou.

Ao final, Rollemberg foi presenteado com uma tela grafitada pelo artista Ramon Phanton, morador de Luiziânia (GO), no Entorno. Ele agradeceu as sugestões e declarou a admiração à cultura hip-hop. “Temos uma disposição sincera em ajudar a avançar o movimento. Essa capacidade de ouvir e dialogar é o que nos permite evoluir”, concluiu.

Edição: Vannildo Mendes