24/05/2016 às 11:15, atualizado em 31/01/2017 às 14:59

Capital terá 277 km de rede integrada de transporte público

Circula Brasília — Programa de Mobilidade Urbana do Distrito Federal foi lançado nesta terça-feira (24)

Por Renaro Cardozo e Samira Pádua, da Agência Brasília

Com a expansão do metrô e do Expresso Sul, a adoção do veículo leve sobre trilhos (VLT) e a estruturação da rede cicloviária, entre outras medidas, cerca de 90% da população da cidade será beneficiada com 277,18 quilômetros de rede integrada de transporte público. Atualmente, são 110,38 quilômetros de corredores exclusivos, faixas preferenciais e vias metroviárias. As ações fazem parte do Circula Brasília — Programa de Mobilidade Urbana do Distrito Federal, lançado na manhã desta terça-feira (24) no Memorial Juscelino Kubitscheck.

O Circula Brasília engloba as ações do Executivo de curto, médio e longo prazos para melhorar o setor. Algumas delas são executadas desde o ano passado. De acordo com levantamento da Secretaria de Mobilidade, de 2005 a 2015, a frota em Brasília aumentou 99,63%, chegando a 1.649.563 veículos. A apresentação do programa hoje foi feita pelo secretário adjunto de Mobilidade, Fábio Damasceno.

80 ações

Com investimento previsto de R$ 6 bilhões, o Circula Brasília é um conjunto de 80 ações — gestão, projetos e obras — que serão executadas em, no mínimo, dez anos. Há três focos principais: melhorias no sistema de transporte coletivo, ampliação da infraestrutura e investimento na mobilidade ativa — ambientes seguros para os deslocamentos a pé e por bicicleta.

Coordenado pela pasta de Mobilidade, o Circula Brasília é um programa executivo de Estado que dá prioridade a investimentos no transporte coletivo (que hoje corresponde a 32% das viagens no DF) e no não motorizado (23%), como bicicletas e a pé. As medidas envolverão a melhoria da integração entre os meios, a requalificação urbana — construção de calçadas e de ciclovias —, a adoção de novas tecnologias e a valorização da acessibilidade.

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Durante o lançamento, o governador Rodrigo Rollemberg ressaltou que não se trata de uma política de governo, mas de uma política de Estado. “Todos sabem que ela não será implementada toda em apenas um governo, mas definirá os parâmetros para uma mobilidade urbana moderna, eficiente, integrada, como deve ser no século 21.”

O secretário de Mobilidade, Marcos Dantas, destacou que o programa vai mudar o conceito de mobilidade no DF. “De forma articulada com a sociedade civil e os órgãos de governo, vai contribuir para a melhor aplicação do dinheiro público de forma sistematizada e focada na melhoria da qualidade de vida da população.”

Transporte coletivo

Para melhorar o sistema, o governo de Brasília promove mudanças desde o início de 2015. Águas Claras, Ceilândia, Cruzeiro, Plano Piloto, Samambaia e Santa Maria são algumas das regiões administrativas que tiveram linhas de ônibus e do Expresso Sul readequadas ou criadas para atender mais pessoas e reduzir o tempo entre as viagens.

Até o fim deste ano, nove terminais rodoviários em reforma e quatro novos serão entregues à população. Esses se juntarão aos quatro reinaugurados em 2015 (Ceilândia, Gama, Riacho Fundo II e Sobradinho II). Os recursos de R$ 33 milhões para as reformas e construções dos terminais são de contrato firmado em 2008 com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Além desse investimento, o governo vai instalar e reformar pontos de ônibus, construir o Terminal de Integração Multimodal Asa Norte e aprimorar o Terminal de Integração Multimodal Asa Sul. As paradas do corredor exclusivo da Estrada Parque Taguatinga (EPTG) serão ativadas com a aquisição de veículos com portas que abram para os dois lados.

O Expresso Sul terá a operação concluída, ou seja, as 13 estações estarão em funcionamento. A ação inclui a construção de novos trechos, o projeto do Terminal da Rodoferroviária e melhorias operacionais nos terminais do Gama, de Santa Maria e da Rodoviária do Plano Piloto.

O governo criará os Expressos Norte, Noroeste, Leste, Sudoeste e Aeroporto. Parte dos recursos e a manutenção virão de parcerias público-privadas. Ao término das obras, a rede terá 155 quilômetros de corredores exclusivos e 30 de faixas preferenciais.

“Quero registrar uma característica deste plano, que é a parceria. Estamos vivendo um momento na vida do País em que os governos, por mais eficientes que sejam, são incapazes de enfrentar e superar sozinhos os enormes desafios. Refiro-me à parceria com o setor produtivo no sentido de trazer os investimentos necessários”, acrescentou o chefe do Executivo no evento de hoje.

Metrô e VLT

O investimento no transporte coletivo também abrange o metrô e o veículo leve sobre trilhos (VLT). No caso do primeiro, estão previstas a construção das expansões de Samambaia, com 3,7 quilômetros e duas novas estações; de Ceilândia, com 2,3 quilômetros e duas novas estações; e do Hospital Regional da Asa Norte (Hran), com 800 metros e uma nova estação. Além disso, haverá contratação e desenvolvimento de projeto de engenharia ligando a Estação Hran ao Terminal Asa Norte, em uma extensão de 6 quilômetros e oito estações.

As ações no metrô não se resumirão às linhas. Nas estações, será instalada infraestrutura de guarda de bicicletas. Nos arredores, ciclovias, ciclofaixas, bicicletas compartilhadas, zonas de tráfego e calçadas compartilhadas. Desde 2015, são permitidas até cinco bicicletas no último carro durante a semana e, aos sábados e domingos, não há limite.

O Circula Brasília prevê a contratação e o desenvolvimento de projeto de engenharia das Linhas 1 e 2 do VLT. A primeira ligará o Terminal Asa Sul ao Terminal Asa Norte, com 15 quilômetros de extensão, pela W3. A segunda passará pela Esplanada dos Ministérios, pela Rodoviária do Plano Piloto e pelo Eixo Monumental até a Estação Rodoferroviária, com uma derivação pelo Setor de Indústrias Gráficas, pelo Sudoeste e pelo Setor de Indústria e Abastecimento, com 22 quilômetros.

Tecnologia

Em fase de instalação, o Centro de Controle Operacional funcionará na sede do Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans). Por meio dele, o governo poderá rastrear os ônibus em tempo real — GPS — e informar aos cidadãos o horário em que o veículo passará. A informação será passada por aplicativo baixado em computador, celular ou tablet. O controle também será feito por sistema de videomonitoramento.

Aplicativo semelhante está em fase de testes para os usuários dos serviços da Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF) na Estação Arniqueira. O utilitário permite que passageiros vejam rotas e horários dos veículos.

Outro benefício para os cidadãos será a implementação de rede de internet Wi-Fi nos terminais de maior rotatividade. O metrô conta com o acesso nas Estações Central, Galeria, Feira e Águas Claras.

Mobilidade ativa

A integração entre pedestres, bicicletas e transporte coletivo é um dos fundamentos da mobilidade ativa. Entre as ações constam estruturação de uma rede cicloviária, uso compartilhado de bicicletas e reconfiguração de calçadas, inclusive com a instalação de iluminação pública.

Para oferecer à população uma rede cicloviária precisa e útil, o governo mapeia a necessidade em cada região administrativa.

Está prevista ainda a instalação gradativa de paraciclos — estacionamentos de curta ou de média duração para bicicletas — próximo a empreendimentos que provoquem o aumento do fluxo de pedestres e de veículos. Além disso, haverá ampliação para outras regiões administrativas do sistema de bicicletas compartilhadas. Hoje são 400 unidades em 40 pontos no Plano Piloto.

Obras

O Circula Brasília também contempla obras de infraestrutura viária como o Trevo de Triagem Norte, a Ligação Torto-Colorado, o túnel de Taguatinga e a DF-047.

Acordo do Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER-DF) com o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) garantiu R$ 146 milhões para a construção das pistas do trecho Torto-Colorado e do Trevo de Triagem Norte. O investimento contará ainda com contrapartida de R$ 51 milhões do governo local. As obras estão previstas para iniciar neste semestre.

As benfeitorias começaram no segundo semestre de 2014, mas foram interrompidas por falta de verba em dezembro do mesmo ano, na gestão anterior. Em 2015, o Executivo local retomou as negociações com o banco.

A novidade deve beneficiar mais de 285 mil pessoas que passam diariamente pelo local, especialmente moradores de Sobradinho, Planaltina, Lago Norte, além de cidades vizinhas do DF, como Planaltina de Goiás e Formosa (GO).

As medidas deverão eliminar problemas antigos, como a necessidade de recorrer à faixa reversa em horários de pico, de segunda a sexta-feira. O aumento da capacidade em um trecho da Estrada Parque Indústria e Abastecimento (Epia) será resultado da construção de duas novas pistas — uma em cada sentido —, com três faixas cada uma. Serão 5,2 quilômetros de ampliação entre o Torto e o Colorado.

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O Trevo de Triagem Norte terá 12 obras, entre pontes, viadutos e túneis, que ajudarão a distribuir o fluxo de veículos com destino ao Plano Piloto, levando ao Eixo Rodoviário Norte-Sul, à W3, aos Eixos L e W e à L2. Uma das intervenções consistirá em duas vias marginais e nas respectivas pontes paralelas à Ponte do Bragueto. Quando as pistas estiverem concluídas, a passagem atual poderá ser destruída para dar lugar a uma nova. Assim, o trânsito será desviado sem que a população seja prejudicada. O local, então, ficará com três pontes.

O Túnel Rodoviário de Taguatinga conectará a Estrada Parque Taguatinga (EPTG) à Avenida Elmo Serejo e servirá como alternativa para quem precisa atravessar o centro da região administrativa. Na DF-047, serão feitas obras nas vias próximo ao Balão do Aeroporto, como alargamento. Ambas começarão neste ano.

Participaram da cerimônia a colaboradora do governo e esposa do governador, Márcia Rollemberg; o chefe da Casa Civil, Sérgio Sampaio; o secretário de Gestão do Território e Habitação, Thiago Teixeira de Andrade; o secretário adjunto de Infraestrutura e Serviços Públicos, Maurício Canovas; os diretores-gerais do Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans), Léo Carlos Cruz, do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF), Jayme Amorim de Sousa, e do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), Henrique Luduvice; o diretor-presidente interino da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), Júlio Menegotto; os diretores-presidentes da Sociedade de Transportes Coletivos de Brasília (TCB), Manoel Antônio Vieira Alexandre, e da Companhia do Metropolitano (Metrô-DF), Marcelo Dourado; e o procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho no Distrito Federal e no Tocantins, Alessandro Santos de Miranda.

Veja a lista com as ações e o cronograma do programa Circula Brasília.

Edição: Paula Oliveira e Marina Mercante