30/04/2019 às 10:33, atualizado em 30/04/2019 às 11:30

Mau desempenho econômico nacional afeta empregabilidade no DF

Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) de março aponta que taxa de desemprego em março é de 19,5%

Por Jéssica Antunes, da Agência Brasília

Foto: Tony Winston/Agência Brasília

Reflexo da crise econômica nacional, em processo lento de recuperação, 326 mil pessoas estão desempregadas no Distrito Federal, conforme a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) divulgada nesta terça-feira (30). O estudo é feito pelo Secretaria de Trabalho (Setrab), em parceria com a Companhia de Planejamento (Codeplan) e com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Conforme os dados, a taxa de desemprego total aumentou de 18,7% para 19,5%, entre fevereiro e março de 2019.

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Comparando aos resultados de março do ano passado, 19 mil pessoas a mais estão nesta situação. Isso porque a população economicamente ativa cresceu mais que a quantidade de novos postos de trabalho. No período, 32 mil conseguiram um emprego, mas as vagas não foram suficientes para os 50 mil que se lançaram no mercado em busca de uma atividade remunerada.

“O DF não é uma ilha isolada do País. Os resultados daqui repercutem o cenário nacional. Precisamos de uma retomada da economia brasileira”, diz o presidente da Codeplan, Jean Lima. Ele explica que a queda e a recuperação de crises são mais lentas por termos uma economia baseada em serviços. “Assim, não sentimos imediatamente os efeitos de uma crise. O empregador segura um pouco até ceder a seus efeitos. Quando a economia volta, ele também espera um pouco por garantia.”

Desempenho equivalente

Os dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio Contínua (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, desde 2015, os resultados da capital têm desempenho equivalente ao nacional, que agora se recupera de uma crise no setor econômico.  Conforme o último dado disponível, por exemplo, a taxa de desocupação foi de 12.1% no DF e 11.6% no País.

Na comparação entre unidades da Federação, a capital virou o ano no meio da tabela: metade dos Estados tiveram taxas de desocupação superiores, enquanto outra metade, inferiores.

A Gerência de Contas e Estudos Setoriais da Codeplan aponta que a atividade econômica no DF apresenta trajetória semelhante à da atividade brasileira se comparado o Produto Interno Bruto (PIB) nacional com o Índice de Desempenho Econômico do Distrito Federal (Idecon/DF). Aqui, porém, as variações são mais suaves. De acordo com a pasta, essa resiliência econômica pode ser explicada pela forte presença do setor público.

Rendimento médio cresce, número de ocupados cai

O PDAD ainda mostra que o rendimento médio trimestral aumentou. Segundo o presidente da Codeplan, isso significa que a pessoa que chefia a família está ganhando mais. aumento do assalariado na média. Cresceram as rendas reais dos ocupados (2,7%), dos assalariados (2,4%) e dos autônomos (2,5%). A média, agora, equivale a R$ 3.415, R$ 3.774 e R$ 2.011, respectivamente. Entre os assalariados, a remuneração média aumentou tanto no setor privado quanto no público.

O contingente de ocupados reduziu 1,0% e foi estimado em 1.350 mil pessoas, 14 mil a menos em relação ao mês anterior. Esse resultado foi estimulado por decréscimos na Construção (com menos nove mil postos de trabalho) e nos Serviços (quatro  mil de redução). A queda foi verificada inclusive na Administração Pública (com dois mil a menos). A Indústria de Transformação e o Comércio mantiveram estabilidade.

Comportamento em 12 meses

Entre março de 2018 e março de 2019, 32 mil postos de trabalho foram criados. A maior parte (35 mil) foi no Setor de Serviços, responsável por 73,2% do total de ocupados no Distrito Federal em março de 2019. Na Indústria da Transformação, mil vagas foram criadas, o que representa certa estabilidade. Por sua vez, tiveram redução as áreas de Construção (menos seis mil trabalhadores) e o Comércio (dois mil cargos a menos).

De acordo com a posição na ocupação, aumentou em 24 mil o contingente de assalariados no setor privado, e diminuiu em cinco mil no setor público. Ao todo, 14 mil pessoas conseguiram assinar a Carteira de Trabalho, mas também cresceu a quantidade de trabalhadores informais (11 mil), autônomos (11 mil) e empregados domésticos (oito mil).