28/05/2019 às 10:30, atualizado em 28/05/2019 às 12:05

Obras públicas empregam brasilienses

Levantamento feito pela Secretaria de Infraestrutura e Obras e pelo Departamento de Estradas e Rodagem aponta que 13 intervenções em andamento no DF têm 1.293 trabalhadores contratados

Por Gizella Rodrigues, da Agência Brasília

Felipe Pereira da Silva trabalha como ajudante-geral nas obras de revitalização das quadras 511 e 512 Sul: primeiro emprego com carteira assinada  /Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

Dois por cento dos empregados na construção civil no Distrito Federal trabalham em obras do GDF. Das 62 mil pessoas ocupadas no setor de construção, 1.293 são contratadas de empresas que venceram licitações e executam obras financiadas pelo governo. Os dados de trabalhadores do setor de construção estão na Pesquisa do Emprego e Desemprego (PED), divulgada nesta terça-feira (28). O estudo é feito pelo Secretaria de Trabalho (Setrab), em parceria com a Companhia de Planejamento (Codeplan) e com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

O levantamento sobre a empregabilidade nas obras públicas foi feito pela Secretaria de Infraestrutura e Obras e pelo Departamento de Estradas e Rodagem (DER) e inclui 13 intervenções que estão em andamento em diferentes cidades do DF, como as feitas pelo Gabinete de Gestão Integrada em Vicente Pires. Divididas em 11 lotes e tocadas por nove empresas diferentes, as ações, que começaram emergencialmente após as fortes chuvas que castigaram a região, empregam 412 trabalhadores. Também estão na lista desses trabalhos túneis, pontes e viadutos do Trevo de Triagem Norte e a ligação Torto-Colorado que têm, juntas, 534 funcionários. O levantamento ainda inclui as obras feitas no Sol Nascente, a revitalização das quadras 511/512 Sul, a reparação do viaduto Galeria e a construção de três novas passarrelas na BR-020.

São obras que trazem mais qualidade de vida para os brasilenses, movimentam a economia e mudam o cotidiano de trabalhadores em um cenário de crise econômica nacional. É o caso de Felipe Pereira da Silva, de 22 anos, dez dos quais passou vivendo de “bicos”. O jovem, que aprendeu o ofício de pedreiro com o padrasto, trabalha desde os 12 anos, mas nunca tinha tido carteira assinada. Desde abril, ele está contratado pela Vital Engenharia e trabalha como ajudante geral nas obras de revitalização da W3 Sul. “Nunca fiquei parado, sem trabalhar. Se não aparecia nada de construção, eu fazia jardinagem, pintura. Já trabalhei em um lava-a-jato, mas sempre como autônomo. Nunca tinha sido fichado”, conta o rapaz, que comemora o fato de ter conseguido colocar as contas em dia. “Meu aluguel está pago e não tenho mais conta atrasada.”

O secretário de Obras, Izídio Santos, afirma que cada emprego direto gerado pelas obras é responsável por quatro a cinco indiretos. “Com a retomada das obras, a geração de empregos se faz presente, e não só nas obras, mas na cadeia produtiva de modo geral, que é toda beneficiada. Reflete nas lojas de material de construção, na própria rotina desses trabalhadores que voltaram a ir aos supermercados, por exemplo. Isso vai gerando toda uma cadeia produtiva de muito valor‘’, ressalta.

[Numeralha titulo_grande=”62 mil pessoas” texto=”estão ocupadas no setor de construção civil no DF” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

Emprego e desemprego

De acordo com o gerente de pesquisas socioeconômicas da Codeplan, Juçanio de Souza, a construção civil do DF – grande empregadora de trabalhadores de baixa renda, com pouca escolaridade e qualificação profissional –, começa a dar sinais de recuperação depois de três meses seguidos de queda: eram 73 mil ocupados no setor em janeiro, 69 mil em fevereiro e 60 mil em março. “Esperamos que esse número comece a crescer a partir de abril, com o fim do período das chuvas e uma retomada do setor imobiliário e das obras públicas. O setor de construção civil sofreu muito os impactos da crise”, afirma.

Apesar do pequeno crescimento em abril, Juçanio ressalta que qualquer mudança nos dados de emprego este ano será feita de modo gradativo. “A retomada das obras públicas pode trazer mudanças na PED, sim, mas não temos previsão de recuperação expressiva até o final do ano. O desemprego no DF está atrelado ao cenário nacional”, diz.

O Distrito Federal ainda tem 337 mil desempregados, número que preocupa o Governo do Distrito Federal. Decreto assinado pelo governador Ibaneis Rocha e publicado no Diário Oficial do DF da última terça-feira criou o Comitê de Apoio à Geração de Emprego e Renda, com o objetivo de debater, acompanhar ações e apresentar proposições relacionadas à criação e implantação de políticas públicas voltadas à geração de emprego e renda.

De acordo com o secretário de Trabalho, João Pedro Ferraz, o objetivo é reunir empregadores, trabalhadores e governo para fomentar o diálogo permanente e potencializar a oferta de novos postos de trabalho e de geração de renda. “Vamos convidar o setor produtivo, representantes dos empregados e de empregadores, para participar do comitê, para pensarmos juntos em programas que gerem emprego e renda”, afirma. “O desemprego é grande no país inteiro, mas temos que resolver aqui.”