19/09/2019 às 11:32, atualizado em 19/09/2019 às 11:41

Equipes de Saúde da Família melhoram vidas na área rural do Paranoá

Seis unidades básicas de saúde da região atendem a 11 mil famílias cadastradas

Por Agência Brasília *

Acesso das equipes é dificultado devido às condições de infraestrutura das comunidades rurais | Foto: Mariana Raphael / Secretaria de Saúde

Cerca de 75 km separam a casa de Luciane de Souza do Hospital da Região Leste (HRL), no Paranoá. Caso não houvesse uma unidade básica de saúde (UBS) no meio deste caminho, talvez ela não estivesse viva para contar o quanto o atendimento prestado ali, no Núcleo Rural Jardim II, foi importante para evitar que um princípio de acidente vascular cerebral (AVC) evoluísse e a levasse à morte.

“Comecei a sentir uma forte dor de cabeça. Meu marido me colocou na garupa da moto e seguimos para o ‘postinho’. Por lá, o doutor Rafael, este anjo que Deus colocou em nossas vidas, fez o primeiro atendimento. Chamaram a ambulância e ele me acompanhou até o hospital. Passava lá todos os dias para me ver, enquanto estive internada”, conta Luciane, cheia de sorrisos.

Depois desse episódio, Luciane passou a integrar o grupo de hipertensos da unidade que realiza reuniões mensais para o controle da doença. O encontro é apenas uma das ações desenvolvidas pelas equipes de Saúde da Família, que atendem nas unidades e ainda fazem visitas periódicas a residências espalhadas pelas fazendas e a casas das áreas rurais do Distrito Federal, o que mobiliza um total de 33 UBS.

O acesso a essa população nem sempre é fácil. Em muitos trechos não há asfalto, a poeira tira a visibilidade, sinal de telefone e internet é coisa rara. E são justamente essas pessoas as que têm situação de saúde mais vulnerável.

A gerente de Serviços da Atenção Primária à Saúde 2, Sandra Duarte, explica: “Trabalham com serviço braçal, sob sol e chuva, e lidam com agrotóxicos. Por isso o trabalho da atenção primária, nas áreas rurais, é tão importante e necessário”.

Região Leste

O médico de família Rafael Cavalcanti sai da região central de Brasília, onde mora, para ajudar no atendimento a pelo menos 11 mil famílias cadastradas e acolhidas por seis unidades básicas de saúde rurais do Paranoá, na Região Leste. Esta é uma das maiores UBS do DF.

Quebrada dos Neres, Café sem Troco, Cariru, Jardim II e PAD-DF também contam com UBS. A região ainda tem pontos de apoio em Três Conquistas, Capão Seco e Lamarão, além de mais um recém-inaugurado em Sobradinho dos Melos.

“A área rural da nossa região tem um crescimento rápido e desordenado. E a gente está fazendo a reterritorialização para tentar cobrir todas as áreas rurais, pois, como essas pessoas têm dificuldade de locomoção e acesso, quanto mais perto deles estivermos, melhor será o atendimento”, explica Sandra Duarte, acrescentando que está fazendo uma redistribuição das equipes de saúde bucal para aumentar a capacidade de atendimento.

Jardim II

Uma das unidades mais distantes da região, a Unidade Básica de Saúde de Jardim II – aquela que ajudou Luciane de Souza a ser salva de um AVC – recebe, diariamente, cerca de 20 pessoas. Lá são realizados atendimentos com médico e profissionais de enfermagem, retirada de medicamentos, orientações e, na sala de vacinas, imunizações uma vez por mês.

Médicos do GDF ajudaram Luciane de Souza a ser salva de um AVC | Foto: Mariana Raphael / Secretaria de Saúde

Ali perto funcionam duas igrejas e uma escola pública – que, vez ou outra, solicitam atendimento para alguém. Na última semana, por exemplo, o pequeno Max Thawan chegou a 40º C de febre, o que levou uma merendeira a correr até a unidade para pedir ajuda. O menino, de cinco anos, logo foi atendido e recebeu diagnóstico de infecção de garganta. Já saiu medicado e com o remédio em mãos.

APS

A Região de Saúde Leste, onde está localizada a UBS de Jardim II, está com quase 100% de cobertura de estratégia da Saúde da Família. Mas a área rural necessita de reforço para completar o que ainda falta.

A Secretaria de Saúde tem como meta ampliar tal acesso, tanto nas áreas rurais quanto na urbana. “Até 2023, a perspectiva é termos 750 equipes de Saúde da Família, abrangendo 80% do Distrito Federal”, destaca o coordenador substituto da Atenção Primária, Sérgio Lima Gonçalves.

Atualmente existem 599 equipes, das quais 386 encontram-se completas, de acordo com os dados alimentados pelas gerências de planejamento, monitoramento e avaliação de cada região. Além da Região de Saúde Leste, a Região Norte também está com cobertura quase completa, chegando a 96%. Estão em patamar semelhante as regiões Sudoeste (66,2%), Centro-Sul (65,4%) e Sul (63,3%). Em níveis mais baixos estão Oeste (44,1%) e Central (28,3%).

“Para 2019, a proposta da secretaria é completar as equipes existentes, realizando o provimento dos profissionais que ainda faltam. Foram chamados quatro médicos de família e comunidade, além de cinco enfermeiros de família e comunidade, para substituir profissionais que se aposentaram neste ano”, informa Sérgio Lima.

O coordenador acrescenta que serão licitadas cinco novas unidades básicas de saúde em Jardins Mangueiral, Paranoá Parque, Riacho Fundo II, Samambaia e Recanto das Emas. Há a elaboração de projeto para reforma de outras seis: UBS 8 do Gama, UBS 3 do Guará, UBS 1 de Samambaia, UBS 1 do Riacho Fundo, UBS 2 da Fercal e UBS 2 de Sobradinho. A reforma da UBS 8 de Ceilândia está em andamento, com previsão de término para o final do segundo semestre 2019.

 

* Com informações da Secretaria de Saúde