11/11/2019 às 09:07, atualizado em 11/11/2019 às 15:04

Limpos, lixões improvisados viram área de lazer no DF

Por meio do GDF Presente, áreas de descarte irregulares são transformadas em campos para a prática de esportes

Por Jéssica Antunes, da Agência Brasília

Fotos: Renato Araújo/Agência Brasília

Por 17 anos, a pedagoga Gleice de Souza Silva foi obrigada a conviver com um vizinho intolerável. O terreno verde próximo à sua casa, no Setor de Mansões Samambaia, era um verdadeiro lixão. Rejeitos domésticos, restos de obras, móveis e até animais mortos compunham o amontoado sem fim bem em frente. O GDF Presente tem mudado essa realidade. Após 150 toneladas de lixo retiradas, o local será transformado em uma área de lazer.

“Desde que me mudei para cá esse problema existe”, revela a moradora de 32 anos. Ali, já foram flagrados descarte de material eleitoral, rejeitos de funerárias e contêineres esvaziados na madrugada. “Carroceiros vinham de longe, e a população também jogava [lixo]. Chegavam a quebrar a calçada para acessar [o terreno]. Tivemos que isolar ralos, bocas de lobo e o portão, para evitar entrada de ratos e escorpiões”, conta.

A pedagoga Gleice de Souza Silva conta que já precisou isolar bocas de lobo, ralos e até o portão de sua casa, para evitar a entrada de ratos e escorpiões: realidade agora é outra

De acordo com ela, não adiantava o governo limpar. Logo o acúmulo de entulho se formava com a ação reiterada da população. “Que bom que esse problema foi abraçado. Acho que dessa vez vai dar certo. Construindo algo no local, acho que as pessoas vão aproveitar e ter mais consciência. Vai ser um ponto de encontro e de exercícios. Só benefícios”, comemora.

“Não tem outra palavra. Era um lixão mesmo. O governo tirava, mas os carroceiros sempre voltavam, uma eterna luta. Era feio, inseguro, com mau cheiro”, descreve o arquiteto José Alis Azevedo Lima, 58 anos. “Agora não vai acontecer mais, não é possível”, espera. Ele, que faz caminhadas diárias no espaço agora recuperado, vai se beneficiar também das passagens criadas para a quadra ao lado.

[Olho texto='”Podemos levar esporte e recreação para a comunidade dentro das nossas próprias estruturas, sem gastos extras, por meio do GDF Presente”‘ assinatura=”Gustavo Aires, administrador regional de Samambaia” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

Do local foram retirados 15 caminhões com entulho. Em três dias, 12 maquinários fizeram os serviços de limpeza e recuperação. A área será transformada em um campo de terra e outro de areia. A demarcação do espaço é feita com pneus que seriam descartados das borracharias. Mudas também foram doadas para arborizar a área.

É o segundo lixão extinto na cidade e primeiro a receber obras que podem ser multiplicadas. O administrador de Samambaia, Gustavo Aires, revela que é feito um mapeamento para acabar com todas as áreas de descarte irregular. “Com a ação, a gente resgata um espaço público que estava ocioso, que servia para descarte irregular de lixo e, por isso, só proliferava doenças, como a dengue”, explica.  “Podemos levar esporte e recreação para a comunidade dentro das nossas próprias estruturas, sem gastos extras, por meio do GDF Presente. Nosso papel, como Estado, estamos fazendo. A comunidade precisa ter cuidado e zelo por esse espaço”.

Urbanizando o Polo Oeste

A transformação de antigos lixões em espaços de lazer e esporte já contemplou outros três pontos de Taguatinga – M Norte, Setor H Norte e Setor de Oficinas Sul – , e a ação deve ser ampliada. A intenção é que chegue a pelo menos um dos pontos limpos das outras duas cidades que compõem o Polo Oeste do GDF Presente: Brazlândia e Ceilândia. Juntas, as quatro regiões administrativas têm mais de um milhão de habitantes.

O que antes abrigava o maior depósito irregular de Taguatinga virou um campo de areia para a população. Foto: Renato Araújo/Agência Brasília

Na QNM 38, na M Norte, a quadra recém-inaugurada já é utilizada, especialmente por jovens. É o que conta Maria Genir, pensionista de 70 anos e vizinha do espaço antes tomado por lixo: “Moro aqui há 44 anos. Começou como entulho. Daqui a pouco, passou a aparecer carroceiro e virou uma bagunça. Com o mau cheiro, não dava para deixar portas e janelas de casa abertas”.

Maria Genir, moradora de Taguatinga, comemora nova destinação da área verde da vizinhança: “Até agora, não teve quem jogasse lixo nessa área”

Ali ficava o que era considerado o maior depósito irregular da cidade. Agora, existe no local uma quadra de areia pública. “Acho que [o espaço] está sendo bem-usado”, avalia Maria Genir, que fica feliz em poder anunciar:  “Até agora, não teve quem jogasse lixo nessa área”.

No Setor H Norte, já foram construídos um campo de futebol e uma pista de cooper. No Setor de Oficinas Sul, a população tem acesso a outro campo de futebol de terra.

No Polo Oeste, há seis papa-entulhos. São três em Ceilândia, dois em Brazlândia e um em Taguatinga. Segundo o administrador regional de Samambaia, há planejamento para inaugurar um na cidade. Os locais são pontos de entrega voluntária (PEV) de entulho, podas, volumosos, materiais recicláveis e óleo de cozinha usado.

 

[Relacionadas esquerda_direita_centro=”esquerda”]