01/01/2020 às 15:29, atualizado em 01/01/2020 às 19:03

Festa na Praça dos Orixás com religiosidade e música

Um dos pontos altos foi o show de Dudu Nobre; público lotou espaço de cultos afrodescendentes

Por Agência Brasília*

Um réveillon que mostrou a força da cultura afrodescendente representada pela religiosidade e pelo samba marcou a virada do ano na Praça dos Orixás. O público que passou pela Prainha, teve como ponto culminante o show de Dudu Nobre depois de queima de fogos à meia noite.

“Esta é uma festa religiosa. Somos nós, dos terreiros de umbanda e candomblé, que lhe damos essa energia. Sambistas e pagodeiros, como Dudu Nobre, têm em seus repertórios músicas de macumba”, sustentou o presidente da Federação de Umbanda e Candomblé do DF e Entorno, Rafael Moreira.

Foto: Secretaria de Cultura/Divulgação

As apresentações musicais, muitas delas de grupos afrodescendentes e de cunho religioso, alternaram-se com manifestações de 14 terreiros em nove tendas armadas na orla como a Tenda Espírita Vovô Pedro de Angola, do Gama, e Ilê Asé Obá Oju Inã, de Luziânia.

O advogado Vinícius Resende veio de Formosa (GO) para participar das cerimônias religiosas na Prainha. De filá (chapéu de ritual) na cabeça, disse que a Prainha tem uma energia de força que não pode ser diminuída pelos atos de vandalismo e práticas desrespeitosas para com os cultos originários da África. “O preconceito é sempre fruto da ignorância. Demonizam Xangô, com seu machado, e idolatram Thor, o herói Marvel com seu martelo, que vem da cultura nórdica. No fundo é tudo a mesma coisa. Sincretismo, história”, ensina. Ele professa um ramo da religião iorubá, base para o candomblé e a umbanda.

Antes do Cortejo de Iemanjá, que teve a participação em seu início do secretário de Cultura e Economia Criativa do DF, Bartolomeu Rodrigues,  o grupo Surdudum mostrou, com uma apresentação de 42 minutos no palco principal, que o evento da Prainha é exemplo de inclusão.

A criadora do grupo, a fonoaudióloga e professora da rede pública do DF Ana Soares, disse que teve a ideia de formar a banda de percussão há 25 anos ao dar aulas para alunos com deficiência auditiva. Na apresentação de ontem, 13 integrantes, sete dos quais surdos, colocaram o público para sambar.

Uma festa religiosa combinando rituais de adoração, música e convivência pacífica. Se o réveillon de 2020 precisar de uma referência de ano novo, há muito a aprender com a Praça dos Orixás, cartão postal de Brasília já no ano do sexagenário.

A Praça dos Orixás foi transformada em Patrimônio Cultural Imaterial do DF em 2018 junto com a Festa de Iemanjá.

* Com informacões da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec)