01/03/2020 às 14:18, atualizado em 03/03/2020 às 10:58

Mudança de trajeto beneficia 400 alunos do Paranoá Parque

Demanda de pais e estudantes, a ampliação do número de paradas de cerca de 17 linhas de transporte escolar gratuito não provoca impacto financeiro    

Por Jéssica Antunes, da Agência Brasília 

Com mais pontos de ônibus, acabaram as aglomerações, o que reforça a segurança de todos os usuários | Fotos: Acácio Pinheiro / Agência Brasília

Duas vezes por dia, a aluna Anne Karolline andava mais de meia hora só para conseguir chegar ao único ponto de espera do transporte escolar gratuito do Paranoá Parque. A menina, de nove anos, percorria cerca de duas quadras ao lado da mãe. Pela manhã, já chegava cansada ao colégio. À tarde, a fome aumentava no caminho de casa. Uma mudança realizada no trajeto das 17 linhas que atendem a região vai beneficiar a garota e cerca de 400 vizinhos.

A realidade da criança era a mesma vivida pelos estudantes moradores das quadras 1 e 2 do setor habitacional criado em 2014 para atender famílias de baixa renda do DF. O transporte escolar tinha um único e grande ponto de parada, que reunia alunos dos turnos matutino e vespertino. Na última semana, pelo menos outras quatro estações foram definidas, em trajeto determinado, para facilitar a vida dos habitantes.

“Não importava sol, chuva, poeira – sempre tínhamos que andar por mais de 30 minutos para chegar ao ponto de encontro”, conta a mãe de Anne Karolline, a dona de casa Alice Alves, 38 anos. “Era sofrido para as crianças e para os pais. Com a mudança, ficou bem melhor para todo mundo, e isso garante um bom ensino, sem cansaço”. Agora, de casa até o ponto, são cerca de sete minutos.

Alice Alves com a filha Anne Karolline (ao centro): “Era sofrido para as crianças e para os pais. Com a mudança, ficou bem melhor para todo mundo, e isso garante um bom ensino, sem cansaço”

Nova realidade

Em fase de transferência da gestão do sistema para a Sociedade de Transportes Coletivos de Brasília (TCB), o transporte público na área é feito pela empresa Vila Rica, que atende os alunos de acordo com as demandas e orientações dos executores. Cláudio Lopes, 46 anos, motorista há cinco anos, confirma que os pais dos estudantes sempre solicitavam a mudança, inclusive diretamente a ele, e reclamavam dos longos trajetos.

O motorista Cláudio Lopes: “A população começa a se adaptar, mas estão todos contentes por terem sido ouvidos”

“Agora a atuação está unificada. Todos os escolares fazem as mesmas paradas. A população começa a se adaptar, mas estão todos contentes por terem sido ouvidos”, conta o motorista. Ele conduz o veículo que atende os estudantes da Escola Classe 3 (EC 3) do Paranoá, situada na Quadra 17 da cidade. Somados os dois turnos, são quase 80 passageiros.

Francisca Letícia, com a fila Renata, que estuda na Escola Classe Natureza: “Agora está bem melhor. Fico feliz que olharam por nós”

A dona de casa Francisca Letícia, 27 anos, tem duas filhas beneficiárias do programa. Layane, de seis anos, frequenta a EC 3 e viaja com o motorista Cláudio. Renata, de sete anos, estuda na Escola Classe Natureza, distante quase dez quilômetros. “As duas chegavam cansadas à escola, e era toda uma operação para dar certo. Agora está bem melhor. Fico feliz que olharam por nós”, celebra a mãe.

Comodidade sem gasto extra 

Administrador regional do Paranoá, Sérgio Damasceno explica que as peculiaridades da região permitiram a mudança no esquema de transporte escolar gratuito, garantindo o atendimento a todas as crianças necessitadas e cadastradas. A articulação da administração com a Coordenação Regional de Ensino (CRE) foi feita por determinação do governador Ibaneis Rocha e do vice Paco Britto.

Coordenador regional de ensino, Isac Aguiar Castro diz que o antigo ponto de encontro, pelo aglomerado de pessoas, trazia riscos de acidentes. “Fizemos uma análise do processo e da legislação, que preveem bom senso, e optamos pela ampliação dos pontos de encontro para o mais próximo das residências para evitar a confusão”, explica.

A mudança não alterou o percurso: a diferença é que agora o motorista tem a autorização de parar ao longo do caminho, nos locais indicados. “Não houve aumento no número ônibus ou impacto financeiro, é apenas uma comodidade a mais para os alunos visto que não tem escola construída na região do Paranoá Parque”, esclarece o coordenador.

Panorama 

[Numeralha titulo_grande=”57.811″ texto=”Número de estudantes da rede pública atendidos mensalmente pelo transporte escolar” esquerda_direita_centro=””]

A oferta do transporte escolar aos alunos da rede pública de ensino do Distrito Federal é prevista por legislação local e regulamentada por portaria. Segundo informações da Secretaria de Educação (SEE), 57.811 estudantes são atendidos mensalmente no DF, divididos em 710 ônibus que percorrem 1.583 itinerários. Em 2019, mais de R$ 126 milhões foram investidos no programa.