05/03/2020 às 16:09, atualizado em 05/03/2020 às 16:32

Com teatro infantil, PMDF planta semente contra a dengue

De forma lúdica, corporação informa e orienta estudantes da capital

Por Jéssica Antunes, da Agência Brasília

Cerca de 1,5 mil meninos e meninas já assistiram à peça sobre o combate ao mosquito | Foto: Renato Araújo / Agência Brasília

O super-herói lobo-guará derrota a dupla de vilões Aedes aegypti e forma uma Liga da Justiça de pequenos guardiões do meio ambiente e protetores da cidade. O enredo tem escolas do Distrito Federal como palco, quando entra em cena o grupo de teatro da Polícia Militar (PMDF) com informação e orientação, de forma lúdica, às salas de aula. Apenas nestes dois primeiros meses de 2020, cerca de 1,5 mil meninos e meninas já assistiram à peça específica sobre o combate ao mosquito transmissor de doenças como dengue, zika, chikungunya e febre amarela.

Dengosinho e Dengosão, a dupla vilã da peça teatral, usam humor e criatividade para apresentar os riscos de descartar lixo incorretamente, permitir acúmulo de água e relaxar com a prevenção. Lata de refrigerante, garrafa de plástico, pneu, balde: tudo é apontado como possível foco a ser eliminado e combatido. É o lobo-guará, uma das mascotes da educação ambiental, quem enfrenta o problema, com ajuda das crianças. “Se a gente lutar, esses mosquitos vão acabar”, avisa.

[Olho texto=”“A criança é porta de entrada das famílias. O que elas absorvem, contam em casa, cobram dos pais, insistem nos cuidados”” assinatura=”Patrícia Florencio, diretora da EC Lobeiral” esquerda_direita_centro=”direita”]

O teatro faz parte do Programa Educacional Lobo Guará, vinculado ao Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPMA), e está prestes a completar 500 mil atendimentos. Sob a fantasia, o subtenente João Batista explica que a ação faz parte de uma polícia preventiva. “Considerando o cenário atual, resolvemos desenvolver uma peça com a temática sobre dengue e começamos a apresentar no começo do ano”, diz. De acordo com ele, o tema ficou adormecido nos últimos quatro anos.

O cenário atual a que ele se refere é dimensionado pela Secretaria de Saúde. O último boletim epidemiológico mostra que o número de diagnósticos prováveis de dengue aumentou 84,1% em 2020, quando comparado ao mesmo período de 2019. Neste ano foram 1.419 registros e uma morte em virtude da doença. O DF ainda teve um caso confirmado de febre chikungunya, 12 prováveis da doença aguda causada pelo vírus zika e quatro notificações de febre amarela.

Lobeiral

Nesta semana a Escola Classe Lobeiral, na zona rural de Sobradinho, foi palco da apresentação. Ali estudam quase 230 crianças da Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental, um público de alunos com até dez anos. A diretora Patrícia Florencio conta que o tema de combate ao mosquito já é tratado em sala de aula, e celebra a articulação com a PMDF para reforçar as lições.

Ação! Lobo-guará contra Dengosinho e Dengosão faz a alegria da criançada | Foto: Renato Araújo / Agência Brasília

“A peça traz mobilização aos alunos em um tema atual e preocupante”, resume. Dados da indicam que a região Norte do DF – composta por Fercal, Planaltina, Sobradinho e Sobradinho II – tem o maior número de casos prováveis em 2020: 338. “A criança é porta de entrada das famílias. O que elas absorvem, contam em casa, cobram dos pais, insistem nos cuidados”, acrescenta a diretora.

Com a peça interativa, perguntas são feitas às crianças de forma a provocar o entendimento pleno da mensagem. “O lobo-guará conseguiu acabar com os mosquitos que queriam atacar a gente. Tem que derramar a água para não deixar eles crescerem”, conta João Ítalo, de sete anos, depois de muito correr dos “ataques”. “Aprendi muita coisa”, garante Larissa da Silva, de sete anos. “É importante cuidar das ruas e combater a dengue para não ficar doente”, destaca.

Como funciona

Para uma escola receber a apresentação, é preciso fazer um pedido formal para que um agendamento seja realizado. São, em média, cinco peças de aproximadamente uma hora por dia. Os atores são policiais militares que, em sua maioria, passaram por cursos de teatro e linguagem cênica.

Há quatro meses no grupo, o sargento Márcio Andrade conta que não tinha qualquer experiência nas apresentações, mas sempre foi desenvolto. “Aqui encontrei todo o aparato, apoio e paciência dos colegas”, diz o policial, caracterizado como Dengosão.

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Na Escola Classe Lobeiral, a equipe ainda contava com o Dengosinho, encenado pelo sargento Maendli Tenis da Hora Júnior. A parte técnica é responsabilidade do sargento Marlos Veras.

Enfrentamento diário

O BPMA tem ação específica de combate à dengue no DF. A Operação Degallier consiste em identificar, verificar e combater focos do Aedes aegypti durante resgates e apreensões de animais.

Anualmente, cerca de seis mil visitações são feitas às unidades escolares, quando também há trabalho de orientação aos moradores.