12/03/2020 às 10:00, atualizado em 12/03/2020 às 10:28

GDF cerca, recupera e planta árvores em área irregular na Estrutural

Chácara Santa Luzia ganha mudas nativas do Cerrado. As construções ilegais foram retiradas da área, que fica próxima ao Parque Nacional

Por Ian Ferraz e Luis Gustavo Debiasi, da Agência Brasília

Para combater ocupações irregulares, o Governo do Distrito Federal (GDF) tem reforçado ações de fiscalização, retirada de imóveis e, em seguida, revitalizando os terrenos. Esta semana, uma importante Área de Preservação Ambiental (APA) tem sido recuperada dentro da Chácara Santa Luzia, na Estrutural. Uma área de 230 mil m² – equivalente a 22 campos de futebol – ganhou cercamento e a plantação de 450 mudas de espécies nativas do Cerrado logo após construções terem sido removidas do local. 

Foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília

Diversos órgãos e setores de governo atuaram no local. O DF Legal, por exemplo, retirou moradias irregulares, numa operação que durou seis dias. Foram removidas 182 edificações precárias em madeira e cinco mil metros de cercas (veja vídeo abaixo). 

A Agência de Desenvolvimento (Terracap) – proprietária do terreno – fez o correto cercamento da área. O Serviço de Limpeza Urbana (SLU) limpou o local para que as mudas de árvores fossem plantadas pela Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) nesta quarta (11). 

Uma ação integrada de governo que também contou com o apoio da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Companhia Energética de Brasília (CEB) e Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb).

O reflorestamento tem o objetivo de preservar a fauna e flora nativas da região. A Chácara Santa Luzia é uma zona não edificável e limítrofe com o Parque Nacional de Brasília – a mais importante unidade de conservação do Distrito Federal, responsável pela manutenção do abastecimento de água no Plano Piloto e área central da capital. Portanto, cercar a área e devolver o espaço que deveria ser tomado pela vegetação nativa é prioridade.

Foram plantadas espécies de quaresmeira, pajeú, mutamba, uva-do-pará, chichá-do-cerrado e aroeira vermelha. Escolhidas para retomar a formatação original do local. “Aqui tinha o Cerrado e a invasão destruiu a vegetação. Agora, daqui a dois ou três anos estará fechada a mata, com árvores de três a cinco metros. São espécies nativas, de crescimento rápido e com adubação adequada para o local”, explica o gestor ambiental da Novacap, Ronaldo de Azevedo.

Foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília

A Chácara Santa Luzia está localizada em uma área de tamponamento, que são aquelas estabelecidas ao redor de uma unidade de conservação com o objetivo de filtrar impactos negativos de atividades como poluição, ocupação humana e ruídos.

“Ali existe esse parcelamento por pessoas que tentam conquistar seu espaço de moradia de forma irregular. O GDF tem feito aquilo que é permitido fazer naquela área – e lá não se pode construir nada. Então estamos desconstituindo a área, cercando e fazendo tudo dentro da lei”, explica Gutemberg Tosatte, secretário do DF Legal.

O DF Legal avisa que a operação não foi concluída e todas as edificações ainda em pé serão demolidas do local. Haverá também a instalação de um posto de segurança para monitorar a área e evitar novas construções.

[Olho texto=”Estamos mostrando para a população que não é mais possível aceitar invasões” assinatura=”Gutemberg Tosatte, secretário do DF Legal” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

“Não é mais possível invadir, grilar e não ter respeito com a coletividade. Toda e qualquer nova ocupação vai ser retirada”, acrescenta Tosatte.

A Chácara Santa Luzia local foi alvo de operações da Secretaria DF Legal em março e abril de 2019, ocasião em que a secretaria retirou 428 edificações precárias em madeira e 220 mil metros lineares de cerca de arame e madeira. A maior expansão da área ocupada aconteceu a partir de 2014. Estima-se que a invasão exista há aproximadamente 20 anos.

Para o administrador da administração regional do SCIA e Estrutural, Gustavo Cunha de Souza, a ação é mais do que positiva. “É uma área ecológica, uma área de amortecimento da floresta. Vamos ajudar vendo se haverá novas invasões”, explica.