17/03/2020 às 18:49, atualizado em 18/03/2020 às 18:14

Como trabalham os agentes que combatem a dengue

Saiba como é o serviço dos profissionais que percorrem a cidade para combater o mosquito da morte, o Aedes aegypti

Por Ian Ferraz, da Agência Brasília

Terrenos com mato alto são alguns dos vários obstáculos encontrados pelos agentes | Foto: Tony Oliveira / Agência Brasília

Duzentos e sessenta e um novos agentes comunitários de saúde (ACSs) e da Vigilância Ambiental (Avas) iniciaram nesta semana o treinamento para combater o mosquito da dengue nas ruas do Distrito Federal. Em resumo, o trabalho desses profissionais consiste em orientar moradores e fiscalizar propriedades em relação ao inseto transmissor da dengue, o Aedes aegypti. O serviço, porém, vai além disso, e a Agência Brasília explica como é.

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Na ficha dos agentes – chamada de Boletim do Campo – há informações sobre endereço, um espaço para preencher pendências, se houve recusa na recepção do agente ou se o local estava fechado. Há também a especificação de endereço, ou seja, se é residência, comércio, terreno baldio ou outros tipos (igrejas, escolas etc). Tudo para reunir o maior número de informações e abastecer a Secretaria de Saúde com os dados das cidades e para que o governo local possa orientar e conduzir as ações de acordo com a necessidade de cada região administrativa.

Dentro da ficha há informações sobre os depósitos encontrados em cada endereço. O agente anota o que viu e a quantidade. No Grupo A estão os itens de armazenamento de água para consumo humano, como caixa d’água ligada à rede e depósitos ao nível do solo, para consumo doméstico, como barril, tina, tonel, tambor, tanque e outros.

O Grupo B tem os depósitos móveis, que incluem de vasos e frascos com água (vasos de plantas), aparatos, pingadeiras, bebedouros em geral, objetos religiosos, materiais e depósitos de construção.

Agentes anotam o número de amostras coletadas, se o depósito foi tratado e até se há cães e gatos nos endereços, além de vestígios de roedores | Foto: Tony Oliveira / Agência Brasília

Já o Grupo C é relativo a depósitos fixos. Nesse campo são marcados os tanques e depósitos em obras, borracharias 24  horas, calhas e lajes em desnível, sanitários em desuso e piscinas não tratadas, por exemplo. O Grupo D são aqueles passíveis de remoção e proteção, como pneus e lixos, sucatas em pátios, ferros-velhos e entulhos. Por fim, o Grupo E identifica depósitos naturais, como axilas de folhas, que são reentrâncias de árvores e plantas que retêm material natural.

Os agentes ainda anotam o número de amostras coletadas, se o depósito foi tratado e eliminado, e até se há cães e gatos nos endereços, além de vestígios de roedores. E mais: não deixam passar os focos de dengue, uma vez que eliminam as larvas e mosquitos quando encontrados.

Valor da experiência

Os 261 novos agentes foram divididos em grupos de 15, sob supervisão de um agente da Vigilância Ambiental mais antigo. Além de explicar todo o processo de identificação dos focos do Aedes aegypti, o supervisor mostrou cada material utilizado e a maneira correta de se identificar, adentrar residências e preencher boletins epidemiológicos. A ideia é que na próxima semana os novos profissionais façam esse serviço sozinho.

Organização e método marcam processo de monitoramento | Foto: Tony Oliveira / Agência Brasília

“[O agente] tem que saber passar todas as orientações. Temos a preocupação de a informação ser compreendida de forma correta”, explica a chefe do Núcleo de Vigilância Ambiental do Guará, Herica Cristina Marques Pereira Bassani.

“Os 261 novos agentes se integraram à rede com o objetivo de se associar aos que temos. E juntando todos eles nós teremos capacidade de resposta para a população. Com certeza nossos agentes estarão realizando essas inspeções diariamente até que terminemos todas as áreas predestinadas”, afirma o diretor da Vigilância Ambiental em Saúde do DF, Edgar Rodrigues de Souza.

Situação de emergência

Em 24 de janeiro, o Governo do Distrito Federal declarou situação de emergência na saúde pública, pelo prazo de 180 dias, em razão do risco de epidemia por doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti (dengue, zika e chikungunya).

Larvas do mosquito: o alvo mortal que tem mobilizado um verdadeiro exército de agentes no DF | Foto: Tony Oliveira / Agência Brasília

A situação de emergência veio por meio de decreto assinado pelo governador Ibaneis Rocha e prevê a adoção de medidas administrativas para conter a possível epidemia. O decreto tem como objetivo agilizar a aquisição de insumos e produtos e também de serviços e pessoal, respeitando-se a legislação vigente.

Em razão do decreto houve a necessidade de contratação de agentes de saúde, por processo seletivo. Foram oferecidas 600 vagas, das quais 300 para agentes de vigilância ambiental e a outra metade para agentes de vigilância em saúde.