17/03/2020 às 10:42, atualizado em 17/03/2020 às 10:53

O perigo existe; os bombeiros contra-atacam e fortalecem a proteção

Em uma ação preventiva que contou com aparelhos de última geração, Corpo de Bombeiros Militar do DF participa de uma simulação contra a presença do coronavírus no Aeroporto Internacional de Brasília

Por Lúcio Flávio, da Agência Brasília

As áreas de desembarque e embarque internacional são os principais alvos da operação | Fotos: Paulo H Carvalho / Agência Brasília

O que parecia ser uma cena de filme de ficção científica em pleno Aeroporto Internacional de Brasília, no início da tarde de segunda-feira (16), compôs mais uma eficiente ação do GDF para conter o avanço do coronavírus no Distrito Federal. Vestidos com macacões brancos, enormes óculos de proteção, capacetes, luvas e máscaras, militares do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (CMBDF) transitaram pelo desembarque de passageiros internacionais.

O trabalho é fruto de uma parceria entre a concessionária Inframérica, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a Receita Federal e a Polícia Civil. Consiste em uma simulação que passa a testar, nos próximos dias, equipamentos de última geração capazes de detectar se em um ambiente há pessoas contaminadas com a Covid 19.

“A medida vai nos ajudar a saber quanto tempo vamos gastar na abordagem dos passageiros, evitando que os transtornos sejam maiores”, explicou o tenente-coronel Giancarlo Borges Pedroso, responsável pela operação.

Tenente-coronel Giancarlo Borges Pedroso: “A medida vai nos ajudar a saber quanto tempo vamos gastar na abordagem dos passageiros, evitando que os transtornos sejam maiores”

A expectativa é que cerca de 100 bombeiros sejam mobilizados quando os trabalhos começarem de fato, o que deve ocorrer nos próximos dias.  “Só estamos precisando da autorização da Anvisa, que é a autoridade sanitária responsável pelo espaço, para agir em todas as aeronaves”, ressaltou Pedroso.

Medidas preventivas

Num primeiro momento, será realizada uma triagem dos passageiros de todos os voos internacionais, no embarque e no desembarque, na tentativa de identificar, por meio das câmeras térmicas, alguém com febre. Detectada, essa pessoa será encaminhada imediatamente a um posto médico do aeroporto, onde terá material biológico coletado. Caso confirmada a contaminação por Covid 19, o passageiro será encaminhado para atendimento na rede hospitalar.

Ao todo são 20 câmeras térmicas que vão medir a temperatura dos passageiros, além de três aparelhos Coliolis – que captam o ar e o transformam em amostras para análise o ambiente –, assim como outros dois equipamentos, os chamados Veredos, destinados a confirmar a presença do coronavírus por meio de um chip. Esses três aparelhos serão usados pelo Grupamento de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros do DF nos voos internacionais, enquanto nos voos domésticos somente entrarão em operação as câmeras térmicas.

“São medidas preventivas no sentido de conter a proliferação do vírus, tentando minimizar que ele se propague”, salientou Pedroso. “As ações do governo para diminuir a circulação das pessoas nas vias, e aqui [no aeroporto], da mesma forma, vamos tentar identificar precocemente esse paciente, isolá-lo e conduzi-lo ao tratamento, diminuindo assim a quantidade de casos.”

Aprovação popular

Passageiros que aguardavam a hora de embarcar acompanharam a movimentação da equipe dos bombeiros num misto de espanto e curiosidade. Após entenderem o que se passava, aprovaram a ação. “É uma medida muito positiva, porque quem está chegando de fora fica mais exposto ao vírus”, comentou a estudante Aythana Mattos.

Aythana Matos: “Fico aliviada, mais segura, sabendo que o governo se preocupa com a situação, que as pessoas estão sendo testadas”

Francês que vive entre o Brasil e Portugal, o osteopata Frederic Delater aposta na boa informação como agente no combate contra o inimigo invisível. “Achei importante, porque um dos maiores problemas que temos hoje é a propagação de uma informação que às vezes pode criar ou gerar movimento de pânico”, disse, em português fluente.

Frederic Delater: “Achei importante, porque um dos maiores problemas que temos hoje é a propagação de uma informação que às vezes pode criar ou gerar movimento de pânico”

“Muita gente não sabe do que que se trata e tenta explicar, e esse tipo de medida oferece a possibilidade de a gente ficar mais calmo, tanto para o público brasileiro quanto para o público estrangeiro que pode chegar aqui ao Brasil”, concluiu o profissional de saúde.