18/05/2020 às 20:25, atualizado em 18/05/2020 às 20:48

Saúde alerta para o combate ao abuso de crianças e adolescentes

DF registra 341 casos de violência sexual contra menores desde janeiro, 68 a menos do que em 2019. Atendimento à população é mantido mesmo em meio à pandemia

Por Agência Brasília * | Edição: Fábio Góis

Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes foi celebrado nesta segunda (18) | Foto: Breno Esaki / Secretaria de Saúde

O Distrito Federal registrou 341 casos de violência sexual contra crianças e adolescentes, de janeiro até esta segunda-feira (18). São 68 ocorrências a menos que no mesmo período do ano passado, conforme os dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), utilizado pela Secretaria de Saúde.

Apesar da redução, no Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, celebrado hoje, os gestores da pasta alertam a população sobre os cuidados que precisam ter durante a quarentena. Principalmente porque o histórico das violências intrafamiliares revela que 65% das notificações ocorrem nas residências das vítimas, sendo 57% delas de natureza sexual contra crianças e adolescentes.

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“Estar confinado pode aumentar os riscos. Por isso, mesmo na quarentena, a rede de proteção está ativa e trabalhando. Se suspeitarem de ação de violência, acionem os conselhos tutelares de plantão e a Delegacia de Proteção da Criança e Adolescente, que tem registro eletrônico das ocorrências”, informou Fernanda Falcomer, gerente da Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis e Promoção da Saúde.

De acordo com a gestora, além da rede de serviços especializados destinada ao atendimento de pessoas nesta situação, a população também precisa estar consciente do seu papel para reduzir ainda mais os casos de violência.

“Essa também é uma responsabilidade da sociedade, e queremos chamar a atenção para esse problema. Em isolamento, é importante a população ter conhecimento e, em casos como esses, os vizinhos, amigos, colegas e parentes devem ajudar a romper esse ciclo de violência e chamar as autoridades”, comentou Fernanda Falcomer.

Atendimento

Durante o período de pandemia, a orientação é de que os casos em que houver necessidade de atendimento ambulatorial em saúde, decorrente de violência, deverão ser encaminhados por e-mail ao núcleo de prevenção e assistência a situações de violência da região de saúde de referência da vítima.

Os núcleos receberão a demanda e após analisar caso a caso formularão o plano terapêutico e como será realizado o manejo dos casos. Serão avaliados os riscos e a necessidade de atendimento imediato ou a possibilidade de aguardar o fim do isolamento social devido à pandemia.

Estão sendo realizados atendimentos individuais e também teleatendimentos, que são decorrentes de demanda espontânea e de encaminhamentos dos demais órgãos da rede de proteção.

Nos casos em que a vítima precisar de cuidados médicos e profiláticos para as infecções sexualmente transmissíveis nas primeiras 72 horas, ela deverá ser direcionada ao pronto-socorro mais próximo.

Pandemia

Devido à pandemia de Covid-19, as ações de mobilização contra a violência sexual estão sendo reestruturadas para uma promoção exclusivamente online, considerando que não terão atividades de abordagem direta, eventos de conscientização, palestras, seminários presenciais, entre outras medidas que resultem em aglomeração de pessoas.

Uma das atividades realizadas pela Secretaria de Saúde será uma webconferência, nesta terça-feira (19), às 9h, para os profissionais de saúde e da rede de proteção. O tema será “O enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes – desafios e avanços”.

São convidadas para o debate a secretária executiva do Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, Karina Figueiredo; e a professora doutora da Universidade de Brasília (UnB) Liana Fortunato Costa, pesquisadora do tema e parceira nas pesquisas, publicações e desenvolvimento de metodologias de atendimento.

18 de Maio

A data foi escolhida como dia de mobilização contra a violência sexual porque, em 18 de maio de 1973, em Vitória (ES), um crime bárbaro cometido por jovens de classe média alta da capital capixaba chocou o país. O rapto, estupro e assassinato de uma menina de apenas oito anos de idade ficou conhecido como Caso Araceli.

A proposta do 18 de maio é destacar a data para mobilizar, sensibilizar, informar e convocar toda a sociedade a participar da luta em defesa dos direitos sexuais de crianças e adolescentes.

 

* Com informações da Secretaria de Saúde