07/07/2020 às 16:14

Violência contra adolescentes no DF: Saúde lança série histórica

De 2015 a 2019, foram notificados 7.019 casos de violências contra adolescentes

Por Agência Brasília* | Edição: Isabel De Agostini

A Secretaria de Saúde lançou uma série histórica de cinco anos do Boletim Epidemiológico de Violências contra Adolescentes. O informe é produzido pelo Núcleo de Estudos, Prevenção e Atenção às Violências (Nepav).

As informações são relativas ao monitoramento da morbimortalidade das violências infringidas contra adolescentes, com base no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), considerando a notificação compulsória de violências pelos serviços de saúde públicos e privados, inclusive as notificações de caráter imediato, com comunicação em até 24 horas após o atendimento da vítima, e no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), considerando as declarações de óbitos ocorridos no Distrito Federal, no período de 2015 a 2019.

“O que chama a atenção é que no período de 2015 a 2019, foram notificados no Sinan-DF 7.019 casos de violências interpessoais e autoprovocadas no ciclo de vida de adolescentes ocorridas no DF. Desse total, 5.671 (80,8%) foram relativos ao sexo feminino e 1.347 (19,2%) ao sexo masculino. Na divisão por grupo etário, são 3.373 (48,1%) notificações de indivíduos de 10 a 14 anos e 3.646 (52,0%), de 15 a 19 anos de idade”, informa a chefe do Núcleo de Estudos, Prevenção e Atenção à Violência (Nepav), Elizabeth Maulaz.

O maior aumento em número de notificações e por sexo e por faixa etária se encontra nos indivíduos entre 15 a 19 anos do sexo feminino (48,7%). Os episódios notificados são mais frequentes em indivíduos de raça/cor parda com 1.289 ocorrências (18,4%). As notificações se concentram nos indivíduos de 10 a 14 anos com nível de escolaridade do sexto ao nono ano incompletos do ensino fundamental (antigas 5a a 8a séries, respectivamente), com 1.454 casos (20,7%) e naqueles entre 15 a 19 anos com ensino médio incompleto com 799 casos (11,4%).

As Regiões Administrativas que mais concentram casos são Ceilândia, com 14% e Samambaia. Entre as notificações no período de análise, 11,3% são referentes a episódios ocorridos no território do Distrito Federal com indivíduos que informam residência em outros estados, sendo desses 6,6% nos indivíduos entre 10 a 14 anos e 4,7% entre 15 a 19 anos. A distribuição dos casos por estado é: um de Tocantins e do Maranhão, dois da Bahia e do Piauí, dez de Minas Gerais e 776 de Goiás.

Na série histórica de 2015 a 2019, a violência mais notificada na faixa etária de 10 a 14 anos no sexo feminino é a sexual com 27,1%, física com 6,1% e, violência psicológica/moral com 5,5%; e no sexo masculino a violência mais notificada é a física com 2,8%, sexual com 2,0% e, violência psicológica/moral com 1,7%. Na faixa etária de 15 a 19 anos no sexo feminino as violências mais notificadas são a sexual com 13,4%, a física com 12,0% e a psicológica/moral com 5,7%; e no sexo masculino a violência física com 5,2%, a violência psicológica/moral com 1,4% e, a sexual com 0,9%.

A tentativa de suicídio tem frequência de 3,2% na faixa etária de 10 a 14 anos e de 12,0% na de 15 a 19 anos de idade. O tipo de violência sexual mais frequente é o estupro com 79,3% das violências sexuais de 10 a 14 anos, sendo 74,2% no sexo feminino e 5,1% no masculino e; 81,9% das violências sexuais de 15 a 19 anos, sendo 77,5% no sexo feminino e 4,5% no masculino.

As violências acontecem na residência da vítima em 61,2% dos casos, sendo as frequências na faixa etária de 10 a 14 anos de 31,2% e 30,0% na faixa etária de 15 a 19 anos de idade.

Óbitos
No período entre 2015 a 2019, foram registrados no SIM 794 óbitos por violência ocorridos no DF. Desse total, 7,3% são de adolescentes na faixa etária de 10 a 14 anos e, 92,6% na faixa etária de 15 a 19 anos. 8,9% são relativos ao sexo feminino e 91,1% ao masculino. Os óbitos por violência são mais frequentes em indivíduos de raça/cor de pele parda com 72,3% do total.

“A violência tem consequências profundas para a saúde física e mental das pessoas que a vivenciam, tendo impacto no desenvolvimento e bem-estar psicossocial. O que é também um desafio para os gestores e profissionais da saúde, pois os acompanhantes no atendimento em saúde muitas vezes são os prováveis autores da violência, ou possuem vínculo de proximidade com a vítima, fato que dificulta a identificação do histórico crônico do evento”, conclui Elisabeth.

*Com informações Secretaria de Saúde