20/08/2020 às 20:26, atualizado em 21/08/2020 às 14:39

Acesso a benefícios para população de rua

Mais de 300 profissionais fazem atendimento especializado no DF, que tem dois centros de referência: um em Taguatinga e outro no Plano Piloto

Por Agência Brasília* | Edição: Freddy Charlson

Foto: Divulgação / Sedes

Para marcar o Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua, a unidade aproveitou o almoço para oferecer a apresentação da Vozes da Rua, banda formada por moradores em situação de rua que frequentam o local. Foto: Divulgação / Sedes

Quem frequenta o Centro de Referência Especializado para População de Rua (Centro POP) de Taguatinga teve a oportunidade de ter um dia diferente nesta semana, com música e refeição especial. Para marcar o Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua, celebrado na quarta-feira (19), a unidade, coordenada pela Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes), aproveitou o almoço, horário de maior movimento no local, para oferecer aos usuários uma vivência diferenciada com a apresentação da banda “Vozes da Rua”, formada por moradores em situação de rua que frequentam o local.

“Articulamos um almoço diferenciado, uma lasanha, e um lanche especial para fazer um dia diferente mesmo”, destaca a gerente do Centro POP de Taguatinga, Leyland Galletti. Em razão da pandemia de Covid-19, a unidade aproveitou para reforçar os cuidados com a prevenção, distribuir máscaras e álcool gel e orientou os usuários a manter o distanciamento social.

O Centro POP de Taguatinga é uma das unidades gerenciadas pela Sedes que fazem atendimento à população em situação de rua. O Distrito Federal conta com dois Centros POP – um em Taguatinga e o outro no Plano Piloto. As unidades servem como ponto de apoio para essa população, onde podem guardar pertences pessoais, tomar banho, lavar roupa, usar o banheiro e fazer as três refeições principais do dia (café da manhã, almoço e lanche). Também são realizadas oficinas e cursos de capacitação, que estão temporariamente suspensos para evitar a disseminação da Covid-19.

A equipe do centro especializado viabiliza a provisão de documentação para moradores em situação de rua e a inscrição no Cadastro Único para que eles tenham acesso a benefícios sociais. “Nossa unidade é voltada para eles, para assegurar direitos e conscientizar para acabar com estereótipos. É viabilizar políticas públicas para que tenham outras opções. Trabalhamos com pessoas vulnerabilizadas que, às vezes, não têm o essencial, o básico, uma alimentação, vestimentas. Então, tentamos fazer um dia para reforçar para eles mesmos como são importantes”, reitera Leyland Galletti.

O Centro Pop não funciona como abrigo. Trata-se de espaço de acolhimento, com funcionamento durante o dia, inclusive nos finais de semana. A finalidade é assegurar a reinserção social da população atendida, destaca a secretária de Desenvolvimento Social, Mayara Noronha Rocha. “Trabalhamos para ofertar um serviço que oriente essas pessoas a superarem a situação de rua, para que consigam colocar metas futuras. Muitos já passaram pelas unidades e hoje já estão trabalhando, seguindo suas vidas fora das ruas. É um trabalho de resgate, de inclusão social e, até mesmo, inclusão familiar”, explica a secretária.

No DF, são mais de 300 profissionais especializados no atendimento à população de rua, atuando nos Centros POP, unidades de acolhimento, no Serviço Especializado de Abordagem Social e em outros serviços. Para os moradores de situação de rua que têm interesse em ser acolhidos, a Sedes também oferece vagas em unidades de acolhimento e em instituições conveniadas, além das 400 vagas nos Alojamentos Provisórios de Ceilândia e do Plano Piloto.

Abordagem social

Já o Serviço de Abordagem Social atende, mensalmente, uma média de 1.800 a duas mil pessoas em situação de rua no DF. São 28 equipes responsáveis por essa aproximação, que fazem esse primeiro atendimento humanizado, explicam sobre direitos e benefícios sociais e encaminham aqueles que têm interesse para unidades especializadas, como os Centro POP ou os Centros de Referência Especializada em Assistência Social (Creas).

As unidades socioassistenciais, além de oferecer ao morador em situação de rua acesso a benefícios sociais, fazem acompanhamento personalizado, de acordo com as necessidades de cada um. Esse plano é importante para ajudar o usuário, por exemplo, a retornar ao mercado de trabalho, ou conseguir uma moradia.

“O que a gente faz é desmistificar isso, porque eles acham que não podem acessar esses serviços por conta do estigma e do preconceito que enfrentam ao longo da vida. Então, vamos mostrar para eles os direitos que eles têm. Esse é o objetivo do serviço”, destaca o gerente do Serviço Especializado de Abordagem Social, André Santoro.

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Segundo ele, é por meio desse acompanhamento especializado que os profissionais identificam o que pode ser feito para melhorar a qualidade de vida daquele morador em situação de rua. “O que ele vai acessar na rede vai depender das demandas que ele tem. Então, se tenho uma demanda de trabalho, vamos buscar a Agência do Trabalhador para verificar vagas, podemos ver cursos profissionalizantes na Secretaria do Trabalho, Sistema S”, ressalta.

As equipes socioassistenciais orientam os usuários para que tenham condições de acessar os benefícios. “Nós ajudamos a fazer um currículo para ele na unidade, orientamos sobre como falar na entrevista de emprego, como é que tem que ser a postura. Se tiver uma demanda por moradia, nós avaliamos pré-requisitos para fazer cadastro na Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (Codhab). Vai depender da vulnerabilidade daquela pessoa”, pontua André Santoro.

Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua

O Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua é comemorado em 19 de agosto. A data lembra o Massacre da Sé, em 2004, quando sete moradores em situação de rua foram assassinados enquanto dormiam na região da Praça da Sé, em São Paulo. Oito pessoas que usavam o local como moradia improvisada também ficaram gravemente feridas.

*Com informações da Sedes