29/08/2020 às 13:45, atualizado em 29/08/2020 às 16:52

Secretaria analisa benefícios da água magnetizada

Projeto começa nas bacias do Descoberto e Paranoá, usa espécies como alface e milho e vai verificar possível aumento de produtividade

Por Agência Brasília * | Edição: Renato Ferraz

A Secretaria do Meio Ambiente do Distrito Federal (Sema) começou a implantar um projeto inovador sobre água estruturada aplicada à irrigação nas bacias hidrográficas do Descoberto e do Paranoá. A ação, inédita no Brasil, tem como objetivo verificar o aumento de produtividade e/ou redução da necessidade de água para irrigação a partir do uso do tratamento magnético da água.

O início da experiência-piloto foi marcado pelo plantio de algumas espécies selecionadas (alface, milho e rabanete) na Chácara Colina, em Brazlândia (DF). O teste será aplicado em duas áreas-piloto: em uma estufa da Fazenda Água Limpa, da Universidade de Brasília (sistema controlado), e na chácara localizada na área da Bacia do Descoberto (sistema aberto).

Foto:Sema-DF/Divulgação

O secretário de Meio Ambiente do DF, Sarney Filho, ressaltou que o local escolhido é uma propriedade certificada para produção orgânica, que conta com uma vegetação nativa preservada em volta de todas as áreas de produção e com nascente afluente do Córrego Barrocão.

O plantio ocorre no período da seca para evitar a interferência da água da chuva na irrigação. “É uma alegria poder contribuir e participar do estudo. A falta de água é um problema grave em todo o mundo”, lembrou o produtor rural orgânico Luís Carlos Pinagé.

A iniciativa integra o CITinova, um projeto multilateral realizado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) para a promoção de sustentabilidade nas cidades brasileiras por meio de tecnologias inovadoras e planejamento urbano integrado. 

Com financiamento do Fundo Global para o Meio Ambiente, o projeto é executado, em Brasília, pela Sema, com gestão do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE).  O estudo iniciado é desenvolvido com o apoio da Universidade de Brasília (UnB) e do Centro Internacional de Água e Transdisciplinaridade (Cirat).

Benefícios
Tratamentos magnéticos estão sendo usados na agricultura, como técnica não invasiva, para melhorar a produtividade e a produção das culturas. A água tratada magneticamente interfere na fisiologia de plantas e, alguns estudos, apontam que ocorre a interação solo-água, apresentando maior umidade do solo, quando comparada com a água convencional.

Segundo os estudos já realizados, o uso da água tratada magneticamente pode reduzir os intervalos de irrigação, o que seria mais eficiente, e aumentar a velocidade de germinação e percentual de germinação das sementes.

O nome água estruturada refere-se às moléculas de água que se realinham de forma perfeita em grupos herméticos, fazendo com que a água se torne mais densa ou concentrada. Dessa forma, há ainda outros benefícios como aumento da germinação e peso seco de sementes; aumento da produção de folhas, frutos e comprimento de raízes; e aumento das propriedades bactericidas da água.

“Estamos testando por meio do projeto novas abordagens no uso da água e a eficácia dessas abordagens. Explorar a nanoestrutura aplicada à irrigação tem como foco fazer uma melhor gestão da água. Temos um período crítico de seca no Distrito Federal, por isso é importante termos acesso a técnicas inovadoras que possam ser usadas na agricultura”, afirma Nazaré Soares, coordenadora Executiva do Projeto GEF/CITinova.

Metodologia
Os tratamentos serão constituídos por três níveis de indução magnética, a serem aplicadas na água de irrigação – além de um acompanhamento com água não magnetizada. Segundo o professor João José da Silva Júnior, da Faculdade de Agronomia da UnB, para cada espécie foram definidos critérios específicos de avaliação.

“Com a experiência, espera-se obter a intensidade que proporciona maior desenvolvimento vegetativo, produção de fitomassa e produtividade da cultura das espécies selecionadas (milho, rabanete e alface)”, destacou.

Marcelo Giovani Alves, coordenador do Cirat, explicou que a indução magnética é feita dentro de tubos e que foram adquiridos três equipamentos: um brasileiro, um chinês e um americano, para uma melhor análise. “Desenvolver essa pesquisa no Brasil é muito importante porque seus resultados podem ajudar milhares de agricultores”, disse.

 

* Com informações da Secretaria de Meio Ambiente