16/09/2020 às 13:14, atualizado em 17/09/2020 às 09:26

Redução gradual e constante na ocupação de leitos

Nesta quarta-feira (16), sistema contava com 53,69% de taxa de ocupação e 301 leitos vagos, ante os 230 disponíveis no dia 1º deste mês

Por Ian Ferraz, da Agência Brasília I Edição: Carolina Jardon

A taxa de ocupação de leitos na rede pública de saúde para o tratamento do novo coronavírus (Covid-19) tem reduzido gradualmente, o que confirma o planejamento feito pelo Governo do Distrito Federal (GDF) no início do ano, antes de a pandemia se instalar no país. Dados desta quarta-feira (16)* apontam para 301 leitos vagos e uma taxa de ocupação de 53,69%.

Enquanto nesta quarta-feira há 301 leitos vagos, em 4 de setembro 222 estavam disponíveis. Um pouco mais atrás, no dia 1º deste mês, eram 230 leitos vagos e uma taxa de ocupação de 66,42%. Ou seja, a tendência de queda na ocupação de camas para o tratamento da doença está, de fato, ocorrendo. A diminuição na ocupação em 15 dias foi de quase 13% e, dos 720 leitos reservados para o tratamento da doença na rede pública, 41,80% estão desocupados.

Esses números eram esperados pelos gestores e seguem as ações programadas desde o início da pandemia, inclusive a de não faltar leitos. Com a redução dos casos no DF, o governo vai desativar leitos, obedecendo um cronograma rígido e controlado por técnicos de saúde e estatísticos.

 “A tendência é essa de queda. Diminuímos os testes em decorrência da procura, que caiu pela metade. Sobre a estimativa de novos casos, tivemos um feriado recentemente e vamos contar 14 dias para observar como foi o comportamento das pessoas e o tipo de contato e transmissão que elas tiveram”, observa o secretário interino de Saúde, Osnei Okumoto.

Tantos números e percentuais ajudam a entender o que de fato muda no atendimento. No Hospital Regional da Asa Norte, por exemplo, eles representam a diminuição de tomografias e serviços laboratoriais, a queda no número de pacientes que passam pela triagem e também provocou a discussão sobre a reabertura de pequenas cirurgias, inclusive as de câncer.

Ou seja, os estabelecimentos de saúde vão, aos poucos, retomando os atendimentos que deixaram de fazer pela urgência da pandemia.

“Desde a segunda quinzena de agosto e agora em setembro este número [de ocupação de leitos] tem diminuído. Chegamos a ter 95% de ocupação e agora estamos em 68%”, aponta Pedro Zancanaro, diretor de Atenção Secundária da Região Central e um dos membros do gabinete de crise montado no Hran.

Desde o início da pandemia até terça-feira (15), o DF já recuperou 92,46% dos casos de Covid-19 – hoje, são 165.276 mil pessoas que venceram a doença. O número de óbitos, por sua vez, é de 2.970 casos.

Mesmo com uma melhora no quadro do DF, as autoridades de saúde permanecem atentas ao comportamento do vírus.

“É importante termos agilidade no uso dos leitos para onde as demandas são reprimidas, mas manter os olhos atentos para a pandemia. Depois de um quadro de queda, temos observado em outros países que existe, sim, uma segunda ou terceira onda da pandemia. Portanto, estaremos a postos caso isso venha ocorrer e daremos uma resposta a altura”, acrescenta Pedro Zancanaro.

 Taxa de letalidade

Segundo o mais recente boletim semanal da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), o DF ocupou a 23ª posição no ranking da taxa de letalidade entre os estados em 13 de setembro, com 1,64% dos casos confirmados vindo a óbito, atrás apenas de Amapá (1,48%), Tocantins (1,35%), Roraima (1,31%) e Santa Catarina(1,28%); A taxa de letalidade dá a noção da gravidade da doença e corresponde ao número de óbitos confirmados de Covid-19 em relação ao total de casos confirmados.

 Planejamento e reforço

Foto: Renato Alves/Agência Brasília

Foto: Renato Alves/Agência Brasília

O primeiro caso da doença no DF foi confirmado em 7 de março. Naquela época, o Hran foi a unidade habilitada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para tratar da ocorrência do vírus e já dispunha de um andar inteiro do hospital para combater a doença.

Desde então, as unidades e os leitos se multiplicaram. Do Hran, a “corrente do bem” para salvar vidas logo se espalhou em toda a rede.

Foram construídos os hospitais de campanha do Mané Garrincha (197 leitos) e da Polícia Militar do DF (80 leitos de UTI) e outros hospitais regionais, quatro UPAs e a rede privada passaram a somar esforços nesta luta, chegando a 27 unidades com leitos públicos em todo o DF. A lista completa dos hospitais, a quantidade de vagas e outras informações pode ser acessada neste link.

Para se ter uma ideia do planejamento, lá em março, no início da pandemia, a Secretaria de Saúde fez três projeções de aberturas de leitos. Elas variaram de 700 a mil suportes públicos e privados. Assim, logo passou a trabalhar e concretizar a ampliação da oferta dos leitos.

Os hospitais de campanha do Mané Garrincha e da PMDF estão em funcionamento, mas há mais por vir. O GDF trabalha para entregar uma unidade em Ceilândia, com 60 leitos.

E, ao contrário do que está ocorrendo em outros estados brasileiros, em que são construídos hospitais de campanha apenas para suprir a necessidade imediata dos pacientes contaminados pelo novo coronavírus, o GDF pensou além da pandemia.

A Secretaria de Saúde realizou contrato emergencial de serviço de gestão integrada, em que a empresa contratada oferece toda a estrutura de equipamentos e recursos humanos necessária para atendimento de pacientes com a Covid-19 nos hospitais de campanha criados no DF.

O contrato prevê a locação de equipamentos, gerenciamento técnico, assistência médica e multiprofissional, de forma ininterrupta, com manutenção e insumos necessários para o funcionamento dos equipamentos, incluindo computadores e impressoras, e atendimento dos pacientes com medicamentos, insumos e alimentação.

* Os dados utilizados para a reportagem foram consultados às 10h10 desta quarta-feira (16) na Sala de Situação e no Painel Covid-19