11/10/2020 às 14:00, atualizado em 14/10/2020 às 17:15

Nutrição para 36 mil pessoas em situação de vulnerabilidade

Ceasa-DF distribui 4,1 mil cestas verdes por semana e garante alimentos de qualidade e alto valor nutricional a quem não pode adquiri-los

Por Rosi Araújo, da Agência Brasília | Edição: Fábio Góis

A Agência Brasília publica neste domingo (11) a primeira das três reportagens* de uma série sobre a rede de assistência alimentar do DF à população em situação de vulnerabilidade. Nesta primeira matéria, conheça as iniciativas de colaboração e saiba como funciona o mecanismo de integração da sociedade civil com órgãos públicos do Governo do Distrito Federal para garantir doação e distribuição de alimentos, com alto valor nutricional, às entidades socioassistenciais.

Rede de doação e distribuição de alimentos são a única garantia de funcionamento de várias entidades socioassistenciais | Foto: Paulo H. Carvalho / Agência Brasília

Há quase dez anos o Banco de Alimentos da Central de Abastecimento (Ceasa-DF) funciona como um grande núcleo que gerencia, coordena e distribui produtos de qualidade comprovada para a população carente. Os mantimentos chegam ao banco por meio de doações e de programas de aquisição da produção agrícola, iniciativa do Governo do Distrito Federal junto a pequenos produtores e agricultores familiares. O resultado dessa corrente de cidadania salta aos olhos: por meio da distribuição semanal de 4,1 mil cestas verdes, cerca de 36 mil pessoas em situação de vulnerabilidade são atendidas no processo – que, de quebra, garante que mais de mil produtores rurais consigam vender o fruto de seu trabalho.

[Numeralha titulo_grande=”126 instituições” texto=”cadastradas na Seagri-DF para receber cestas verdes” esquerda_direita_centro=”centro”]

São números que podem traduzir a grandeza do modelo de doação em prática no DF. Somente uma das iniciativas – o Programa Desperdício Zero (PDZ), da Ceasa-DF – distribuiu mais de 300 toneladas de alimentos em 2019. Entre janeiro e a primeira semana de setembro deste ano, mesmo em meio à pandemia de Covid-19, já foi assegurado o repasse de 124 toneladas pela central de abastecimento, que chega aos 48 anos mais moderna e eficiente neste domingo (11).

[Olho texto=”“Sobrevivemos pelas doações e não teríamos a menor condição de comprar as frutas e as verduras que o Banco de Alimentos nos oferece”” assinatura=”Osleil Alves, motorista e morador da entidade Salve a Si” esquerda_direita_centro=”centro”]

Com a plena execução do programa, o DF vê respeitado um dos principais deveres do Estado, que é garantir as melhores condições de alimentação à população. Nesse sentido, o Governo do Distrito Federal, por meio da Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri-DF), tem consolidado as bases do Programa de Coleta de Doação de Alimentos (PCDA). O modelo assistencial é reforçado por iniciativas como o Programa de Aquisição da Produção de Agricultura do Distrito Federal (Papa-DF), que consiste em comprar alimentos de produtores para doá-los à população carente.

[Olho texto=”“As cestas são importantes pela qualidade e variedade dos alimentos, porque as pessoas em situação de vulnerabilidade não têm acesso a esses alimentos”” assinatura=”Indiara Alves, nutricionista do Banco de Alimentos” esquerda_direita_centro=”centro”]

A casa terapêutica Salve a Si é umas das entidades cadastradas e beneficiadas pelo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Com o caminhão estacionado e a postos para ser carregado de produtos, o motorista Osleil Alves, 45 anos, demonstrou que sem essa ajuda não seria possível manter 130 acolhidos na entidade. “Sobrevivemos pelas doações e não teríamos a menor condição de comprar as frutas e as verduras que o Banco [de Alimentos da Ceasa-DF] nos oferece”, admitiu Osleil, também morador da casa terapêutica.

Ordem durante a seleção dos alimentos é de desperdício zero | Foto: Paulo H. Carvalho / Agência Brasília

Teia de colaborações

Trata-se de uma rede de cidadania em nome da segurança alimentar. De um lado, o PAA compra exclusivamente de pequenos produtores rurais e familiares por meio da Seagri; de outro, o PDZ recebe dos feirantes e donos de box a doação de mercadorias que perderam valor comercial, mas se mantêm adequados ao consumo humano.

Nesta teia de colaborações também figura o Programa de Doação Solidária (PDS), em que empresas privadas e órgãos públicos se aliam para arrecadar alimentos em campanhas ou eventos. O passo seguinte é a doação do que foi arrecadado ao Banco de Alimentos da Ceasa-DF, que fica responsável pela logística de recebimento, classificação e distribuição dos produtos.

Ao lado do gerente Bruno Martins, a nutricionista Indiara Alves destaca a qualidade do trabalho : “Dependendo da doação dos feirantes, temos até orgânicos” | Foto: Paulo H. Carvalho / Agência Brasília

Para o presidente da Ceasa-DF, Onélio Teles, é sempre importante salientar a parceria entre o GDF e a central de abastecimento, sem o que o sucesso das ações não seria o mesmo. “Neste momento a distribuição de alimentos de alto valor nutricional às pessoas menos favorecidas se torna crucial e beneficia também os produtores no escoamento de sua produção. Lembrando que essa ação é extrema importância para o sustento de muitas famílias”, destaca.

Já o secretário da Seagri-DF, Candido Teles avalia que os programas de aquisição de produtos agrícolas familiares do GDF são ainda mais importantes em um cenário de pandemia. “As compras foram realizadas em hora oportuna, porque proporcionaram a produção no campo, a aquisição e ainda a alimentação das pessoas”, destaca Candido.

Valor nutricional

Pelo menos 126 instituições socioassistenciais estão cadastradas pela Seagri-DF e aptas a receber os alimentos, que são separados em cestas verdes com 13 quilos cada recheadas por legumes, verduras, frutas e tubérculos. São, no mínimo, dez itens que variam conforme a estação ou a safra.

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A nutricionista do Banco de Alimentos da Ceasa-DF, Indiara Alves Septimio, lembra que as cestas têm grande valor nutricional. “As cestas são importantes pela qualidade e variedade dos alimentos, porque as pessoas em situação de vulnerabilidade não têm acesso a esses alimentos. Dependendo da doação dos feirantes, temos até orgânicos”, destaca a profissional.

Segundo o gerente de Segurança Alimentar e Nutricional do Banco de Alimentos, Bruno Henrique Martins, originalmente os programas tinham o propósito de servir como uma suplementação alimentar, mas a consolidação deles os transformou na principal fonte de mantimentos para muitas entidades. Com o cenário de crise sanitária, arremata Bruno, tal importância foi multiplicada.

* Leia nesta segunda-feira (12): segunda reportagem da série mostra como a compra e a doação de alimentos se tornaram elementos indispensáveis ao funcionamento de vários grupos socioassistenciais.