31/01/2021 às 13:53, atualizado em 01/02/2021 às 08:27

Mais de R$ 100 milhões para a RA Sol Nascente/Pôr do Sol

Considerada a maior favela horizontal do país, região se transforma em cidade graças aos investimentos do GDF para oferecer segurança e dignidade

Por Jéssica Antunes, da Agência Brasília | Edição: Mônica Pedroso

Nos últimos dois anos foram entregues 220 imóveis na quadra 700 | Foto: Acácio Pinheiro/Agência Brasília

Do abandono ao cuidado diário, a região administrativa do Sol Nascente/Pôr do Sol é palco de transformação. A comunidade, que cresceu desordenadamente e sem amparo, agora conta com a presença permanente do Estado. Enquanto as obras definitivas de urbanização seguem o trâmite burocrático para se encaixar na realidade da cidade, o Governo do Distrito Federal trabalha para melhorar a qualidade de vida dos cerca de 180 mil habitantes. Nesta gestão, são mais de R$ 107,4 milhões em investimentos.

“Por muitos anos os governantes fecharam os olhos para os moradores do Sol Nascente/Pôr do Sol. Esse tempo acabou. Nós criamos a região administrativa para transformar e integrar os dois bairros. Obras estão sendo feitas e um grande projeto de urbanização está sendo criado e executado para que a população tenha as condições de moradia que merece”, diz o governador Ibaneis Rocha.

Para estimular o desenvolvimento, a maior obra prevista para a área é a construção da Avenida do Sol. A via de 7,8 quilômetros cortará a cidade da BR-070 até a Avenida Elmo Serejo, com calçadas, canteiro central, iluminação, arborização e equipamentos públicos. Serão aplicados cerca de R$ 20 milhões na ação. Segundo o Departamento de Estradas de Rodagem (DER), a licitação para contratação de empresa e início da obra deve ser divulgada no segundo semestre.

[Numeralha titulo_grande=”7,8 km” texto=”Avenida do Sol vai cortar a cidade da BR-070 até a Elmo Serejo” esquerda_direita_centro=”centro”]

Além de ajudar no fluxo de veículos, a nova avenida será ponto de referência importante para cerca de 88 mil moradores. “Será uma obra que vai dar uma identidade ao Sol Nascente/Pôr do Sol, por ser uma região que a maioria das pessoas não sabe onde começa e onde termina”, explica o diretor-geral do DER, Fauzi Nacfur. “Nossa intenção é construir uma avenida mais humanizada, contemplando também a travessia de pedestres e ciclovias”, adianta.

Pertencimento

Empresária local, Elisângela Amaral chegou à cidade há uma década e acumula histórias de perrengue que, aos poucos, ficam só na lembrança. Hoje, ela diz que não troca a cidade por outra, nem o ponto comercial onde vende roupas. São novos asfaltos, calçadas, praças, quadras esportivas, equipamentos públicos, cuidados e investimentos dedicados ao local.

Elisangela Amaral, proprietária de uma loja, aposta no crescimento da RA | Foto: Acácio Pinheiro/Agência Brasília

“Aqui a gente tinha um serviço feito de qualquer jeito, um paliativo. Com a criação da Região Administrativa, as coisas são feitas para durar, com atenção e até carinho para melhorar a vida de todo mundo. O governador acertou muito quando abraçou, acreditou e resolveu realizar o sonho antigo de quem vive aqui no Sol Nascente”, observa a moradora. “Espero muito que a população cuide e valorize o que está sendo feito”, acrescenta.

“Podemos dizer que o Sol Nascente/Pôr do Sol está em progresso. Hoje temos uma cidade de fato, com demandas resolvidas, necessidades vistas e projetos em andamento”, valoriza o administrador regional da cidade, Cláudio Ferreira. “Meu sonho como gestor é que aqui se torne uma das melhores regiões do DF, com dignidade para a comunidade que passou anos sofrendo. Temos um governo articulado para trazer melhorias, segurança, dignidade e qualidade de vida”, emenda.

Secretário de Governo, José Humberto Pires ressalta o papel do Estado de dar assistência às regiões e criar melhores condições de vida aos cidadãos. “A atenção voltada para as regiões mais carentes é uma decisão do governo, com objetivo de fazer urbanização completa no Sol Nascente/Pôr do Sol, garantir a inclusão social e dinamizar a atividade econômica para criação de emprego e renda para a população”, afirma.

O planejamento para os 180 mil habitantes também prevê áreas de lazer | Foto: Acácio Pinheiro/Agência Brasília

De acordo com ele, o investimento direcionado é importante para promover obras, serviços e ações de saúde, educação, cultura, esporte e lazer, segurança, assistência social, mobilidade. “Precisamos manter a região regularizada, em fase de regularização ou regularizável para que as políticas públicas possam chegar à população. Por isso, vamos manter sempre o combate às invasões e ocupações irregulares para ter condições de fazer um planejamento urbano adequado”, diz.

Urbanização

As obras de urbanização cumpriram cronograma até o fim de 2019, mas os contratos precisaram ser rescindidos porque já não se adequavam às realidades da região. Foi preciso fazer uma análise minuciosa do que havia sido executado, o que estava pendente e os ajustes necessários. Mais adiantado está o processo de obras no trecho 2.

A licitação foi realizada em dezembro passado e está em fase de análise de documentação. A expectativa é que as obras sejam retomadas neste primeiro semestre. Serão investidos R$ 22 milhões em pavimentação asfáltica, drenagem, meios fios, calçadas, sinalização, além da readequação das bacias de detenção.

Enquanto isso, empresas contratadas fazem novos projetos executivos referentes às ações remanescentes do trecho 1 e de todo o 3, ao custo de R$ 2 milhões. Essa etapa é fundamental para que seja lançada a licitação para contratação das companhias que darão continuidade às ações. A previsão é que o cronograma seja iniciado em 2022.

[Olho texto=” “A urbanização pavimenta ruas, faz sistema de drenagem, constrói calçadas e dá condições de acessibilidade, organiza fluxo de veículos e movimentações de pessoas”” assinatura=”Janaína Chagas, secretária-executiva de Obras e Infraestrutura” esquerda_direita_centro=”centro”]

“Ali houve ocupação de forma desordenada e a urbanização pavimenta ruas, faz sistema de drenagem, constrói calçadas e dá condições de acessibilidade, organiza fluxo de veículos e movimentações de pessoas. Tudo isso, fora as questões de saúde pública”, destaca a secretária-executiva de Obras e Infraestrutura, Janaína Chagas.

Aliás, a gestão deu outro passo importante para a regularização da cidade. A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh) finalizou o Estudo Territorial Urbanístico (ETU) aplicável à região. O documento é usado no planejamento, considerando a oferta habitacional e as diretrizes do Plano Diretor de Ordenamento Territorial (Pdot).

“Ele avalia o território, estabelece as áreas de equipamentos públicos, comércio, e também tem função de orientar a dinâmica da cidade enquanto o projeto de regularização não começa. Isso significa que é base para licenciamento de atividades econômicas ali”, explica o subsecretário de Política e Planejamento Urbano da Seduh, Vicente Lima.

Com investimento de R$ 3 milhões, UBS será entregue neste semestre | Foto: Acácio Pinheiro/Agência Brasília

Essenciais

Entre os serviços essenciais, saúde, educação, segurança e moradia estão presentes. A obra na Unidade Básica de Saúde (UBS) 2 do Sol Nascente está 50% executada e tem previsão de entrega neste semestre, com investimento de R$ 3 milhões. Há ainda a expectativa de projetos para a unidade da quadra 105, para licitar ainda este ano. A região do Pôr do Sol também deve ganhar sua UBS até o fim desta gestão. Enquanto isso, as equipes de Saúde da Família e a capacidade resolutiva da atenção primária foram ampliadas.

Escola também é realidade. Para as crianças, a Escola Classe JK foi inaugurada em fevereiro do ano passado. Segundo a Secretaria de Educação, aos poucos, um Centro Especial da Primeira Infância (Cepi) é erguido na entrequadra 500/700 para atender a comunidade: 67% da obra está executada, com previsão de entrega neste semestre e investimento de R$ 3,53 milhões.

Além disso, a região recebe mais dignidade com moradia. A Companhia de Desenvolvimento Habitacional (Codhab) entregou imóveis para 220 famílias nos últimos dois anos na quadra 700. Entre 2021 e 2022, a previsão é que outras 508 unidades sejam distribuídas, no mesmo local e na quadra 105.

[Numeralha titulo_grande=”R$ 3,53 milhões” texto=”Valor investido na construção do Centro Especial da Primeira Infância (Cepi)” esquerda_direita_centro=””]

No quesito segurança, o GDF está presente, com operações para reduzir índices de criminalidade. Tem dado resultado: segundo a Secretaria de Segurança Pública, os crimes contra o patrimônio caíram 29,8% em 2020. Ali, o policiamento ostensivo é feito pelo 10º Batalhão da Polícia Militar, além de quatro delegacias da Polícia Civil (19º, 23º, Especial de Atendimento à Mulher II e da Criança e do Adolescente).

Há previsão de mudança da sede da 19ª DP, no P Norte, para outra delegacia a ser construída no Sol Nascente. A PCDF aguarda definição de terreno junto à Codhab-DF para dar andamento nas ações.

Iluminação, saneamento e mobilidade

A Companhia Energética de Brasília (CEB) investiu mais de R$ 675 mil na região, entre obras, eficientização, manutenção e podas de árvores. A cidade foi a primeira a receber o Energia Legal, com instalação de rede de distribuição de energia na área em processo de regularização fundiária. Já foram 71 novos pontos de iluminação pública, além de sete luminárias eficientizadas.

Por sua vez, a Companhia de Saneamento Ambiental (Caesb) deu andamento às obras de esgotamento sanitário para beneficiar mais de 60 mil pessoas, que receberão novas ligações em mais de 16 mil residências. O investimento é de R$ 49.768.116,30 e conta com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Ao todo, serão construídos 141.629,80 metros de redes, além de seis elevatórias de esgoto.

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Para dar mais segurança nas vias, o Departamento de Trânsito (Detran) instalou quase 300 placas de sinalização vertical e, de olho na melhoria da mobilidade, a cidade vai ganhar um terminal rodoviário. O projeto está pronto e deve ser licitado neste ano pela Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob), com investimento estimado em R$ 3,2 milhões, beneficiando 43 mil pessoas e gerando 150 oportunidades de emprego.

Melhorias pela cidade

Desde 2019, a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) investiu quase R$ 4 milhões na construção de novas calçadas, pavimentação e drenagem. A região tem cinco quilômetros de passeios feitos na Vicinal 311, Avenidas P1 e P2 Norte, da Avenida JK, no Parque do Sol e na Escola Classe 32. A comunidade também tem três pontos de encontro comunitário (PECs) para prática esportiva.

Além disso, foram construídas 35 bocas de lobo e outras 1,5 mil passaram por limpeza. Só na operação tapa buraco, 5,9 mil metros quadrados de área tiveram manutenção. Novas travessias também garantem a segurança de pedestres: uma passarela de cerca de 12 metros localizada na Chácara 94; e outra na Chácara 126, sobre o Córrego do Meio.

Região tem 65 equipamentos de papa-lixo e vai receber mais 20 | Foto: Acácio Pinheiro/Agência Brasília

Ao mesmo tempo, o GDF Presente leva serviços periódicos, como reparos nas vias, limpeza e recolhimentos de lixo em melhorias de vias que possibilitam, inclusive, melhor atuação da coleta de lixo. Para entrar nas ruas estreitas, o Serviço de Limpeza Urbana (SLU) adquiriu três mini caminhões compactadores. Segundo o diretor-adjunto do SLU, Rômulo Barbosa, é devido ao grande número de ruelas que a região tem o maior número de papa-lixos instalados – são 65 unidades em operação.

Outros 20 vão ser instalados, além de novas papeleiras que se somarão às 47 unidades já utilizadas. Nos próximos meses, pelo menos oito papa-recicláveis chegarão à região, além da construção de dois papa-entulhos. O gestor conta que a administração regional é a principal destinação dos reciclados de resíduos da construção civil produzidos na Unidade de Recebimento de Entulho (URE). Desde agosto do ano passado, foram disponibilizadas 12 mil toneladas de materiais para uso em obras e aterramentos.