06/02/2021 às 09:42

Histórias de amor e superação marcam o projeto Humanizar

Atendentes relatam experiências do cotidiano nos hospitais e nas UPAs do Iges-DF. Eles contam que carinho e atenção também ajuda a salvar vidas

Por Agência Brasília* | Edição: Mônica Pedroso

Entrar em um hospital é algo que traz um amontoado de sentimentos. Seja como paciente, seja como acompanhante, lidar com enfermidades requer apoio e empatia. Pensando nisso, o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF) disponibiliza, nas recepções dos Hospitais de Base e de Santa Maria e das unidades de pronto atendimento (UPAs), profissionais do projeto Humanizar. Eles são capacitados para acolher e orientar todos os recém-chegados em busca de atendimento.

Na prática, esses colaboradores prestam muito mais que apoio. Eles tornam o ambiente hospitalar leve e receptivo. E presenciam histórias, que também marcam suas trajetórias. Estar de prontidão nas portas das unidades, ajudar na comunicação de familiares com internados e escutar um paciente angustiado e com dor. Essas são algumas das funções dos auxiliares desde 19 de novembro de 2019, quando o projeto Humanizar foi implementado no Iges-DF.

Conheça o trabalho de alguns dos profissionais do Humanizar:

Walis ajudou uma senhora a escrever uma carta para o marido internado com Covid na UPA do Núcelo Bandeirante

Aos 22 anos de idade, Walis Lopes atuava havia poucas semanas na UPA do Núcleo Bandeirante quando começou a atender os primeiros pacientes contaminados com Covid-19 no Distrito Federal, em março do ano passado. A missão dele era tranquilizar e orientar pacientes e acompanhantes assustados com a pandemia. “A nossa demanda cresceu”, relata. “Enfrentamos um momento de muitas perdas e desespero. Foi difícil.”

O distanciamento social, exigido pela crise sanitária, fez Walis perceber a importância do trabalho dele. “Pude ajudar uma senhora a se comunicar com o marido, internado por covid-19. Ela me pediu para escrever uma carta para enviar ao companheiro.”

Na declaração, a senhora dizia que ela e as filhas estavam com saudades e que não viam a hora de ele voltar para casa. “Fui escrevendo, já emocionado. Depois, eu encaminhei ao médico do setor. Foi uma troca de carinho e respeito pela história deles”, define Walis.

Elaine Araújo acredita que o reconhecimento ao trabalho faz tudo valer a pena, Elaine Araújo – UPA do Recanto das Emas

A qualidade do atendimento em hospitais públicos deve ser igual – ou até melhor – do que o das unidades da rede privada. É esta convicção que motiva o trabalho de Elaine Araújo, 26 anos. Depois de trabalhar em hospitais particulares, há um ano ela é auxiliar de atendimento do projeto Humanizar na UPA do Recanto das Emas. Sua luta diária é para que todos os que buscam a unidade sejam bem atendidos.

Das muitas experiências vividas na UPA, uma não sai de sua memória. “Lembro-me de um paciente que chegou sentindo uma dor muito forte”, relata. “Era notório que ele estava sofrendo demais. Eu consegui que ele fosse priorizado no atendimento e internado logo. Passaram-se dois dias. Eu já não me lembrava mais dele, mas ele se lembrava de mim.” Ao receber alta, o paciente agradeceu. Segundo Elaine, ele disse, emocionado: “Moça, muito obrigado pelo seu atendimento. Você salvou a minha vida!”

Francijane Almeida atua na UPA de Sobradinho e tem como valor pessoal ajudar outras pessoas

Formada em biologia e estudante de enfermagem, Francijane Almeida, 33 anos, identificou-se com o Humanizar desde o início do projeto na UPA de Sobradinho, no fim de 2019. De lá pra cá, ela vestiu a camisa da iniciativa — literal e simbolicamente. “Ajudar outras pessoas, principalmente pacientes tão fragilizados, faz parte dos valores que carrego”, diz.

Recentemente, Francijane viveu uma experiência marcante. “O neto de um paciente veio me pedir para que o avô dele fizesse com urgência o exame da covid-19, já que a saúde dele estava piorando a cada dia”, conta.

Segundo a atendente, o rapaz temia que o avô partisse sem ter velório e enterro dignos, com direito a reunir a família, já que, por questões de segurança, pacientes que morrem por complicações do coronavírus têm restrições no momento da despedida. “Não medi esforços para agilizar os trâmites do exame, que deu negativo. Mas, infelizmente, o idoso veio a falecer no dia seguinte”, relata Francijane.

Como consolo, a família pôde enterrar o idoso da forma tradicional, com os parentes dando o último adeus. “Vou guardar isso na minha memória para sempre”, afirma Francijane.

*Com informações do Iges-DF