15/07/2021 às 20:43, atualizado em 16/07/2021 às 11:23

Prorrogado projeto para abrigar pessoas em situação de rua

Alojamento provisório em Ceilândia acolhe quase 200 cidadãos, atualmente, oferecendo assistência e cursos profissionalizantes

Por Agência Brasília* | Edição: Chico Neto

[Olho texto=”“Ofertar vagas de acolhimento é essencial para essa população, que já passa por muitas dificuldades no dia a dia” ” assinatura=”Amanda Neres, do Instituto Mãos Dadas, parceiro da Sedes” esquerda_direita_centro=”direita”]

Depois de receber mais de 2,2 mil pessoas desde maio do ano passado, o alojamento provisório do Estádio Abadião, em Ceilândia, teve seu funcionamento prorrogado por mais quatro meses, até novembro. O objetivo do espaço é abrigar homens em situação de rua. Ao todo, são 200 vagas onde os acolhidos podem morar, fazer cinco refeições diárias, receber atendimento socioassistencial e participar de oficinas de arte, cultura e formação profissional.

“A renovação é importante, porque ainda enfrentamos uma pandemia”, explica a secretária de Desenvolvimento Social substituta, Ana Paula Marra. “Assim, é uma forma de assegurar a proteção integral desse público”. A gestora lembra que o Distrito Federal recebe pessoas de outras regiões do Brasil, migração que se manteve durante a pandemia. “Cerca ou mais da metade dos acolhidos são de outros estados”, avalia.

Mário de Souza e João Vitor da Silva passaram pelo alojamento e já começaram a reconstruir suas vidas | Foto: Humberto Leite/Sedes

Amanda Neres, uma das gestoras do Instituto Mãos Solidárias, parceiro da Sedes na iniciativa, reforça: “Essa renovação vem para tirar a preocupação de como os acolhidos iriam seguir suas vidas, principalmente no momento em que o Distrito Federal bateu recordes de frio. Ofertar vagas de acolhimento é essencial para essa população, que já passa por muitas dificuldades no seu dia a dia”.

No Abadião, trabalha uma equipe de 49 profissionais, formada por quatro assistentes sociais, quatro psicólogos e 20 educadores sociais. Há pessoal de apoio para oferecer todos os serviços necessários, das refeições ao controle de acesso – para ficar no alojamento, os acolhidos precisam passar por atendimento socioassistencial e aceitar uma série de regras, como horários de entrada e saída.

[Olho texto=” “O espaço permite a realização de ações intersetoriais para que cada indivíduo possa recuperar o protagonismo de sua vida” ” assinatura=”Ana Paula Marra, secretária de Desenvolvimento Social substituta” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

Espaço para recomeçar

“Há acompanhamento psicossocial sistêmico, incentivando o usuário em seu protagonismo e em sua participação social, para que possa iniciar uma nova vida, saindo do risco social e dando início ao processo de construção de saída das ruas”, explica Amanda Neres.

As equipes identificam a situação de cada acolhido e fazem o encaminhamento para os serviços prestados pela Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) e demais pastas do Governo do Distrito Federal. “O abrigo não é apenas um alojamento”, pontua Ana Paula Marra. “O espaço permite a realização de ações intersetoriais para que cada indivíduo possa recuperar o protagonismo de sua vida, para que possa recomeçar”.

Oportunidades

Recomeçar é a palavra mais usada, atualmente, pelos artesãos Mário de Souza e João Vitor da Silva. Aos 39 e 21 anos, respectivamente, os dois se conheceram no abrigo do Abadião e hoje moram juntos no Sol Nascente, onde produzem juntos copos e peças decorativas de metal. João também está matriculado na Educação de Jovens e Adultos (EJA), pois quer finalmente aprender a ler. Já Mário ganhou uma bolsa e está matriculado no curso superior de assistência social.

[Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”]

A rotina de trabalhar e estudar se tornou uma realidade para os dois depois de passarem pelo acolhimento. “Conheci muita gente boa, conheci assistentes sociais que me incentivaram, por isso escolhi esse curso”, conta Mário. “Quando eu entrei, fui no meu ritmo ainda, de situação de rua. Mas hoje, graças a Deus, eu não bebo mais”.

A porta de entrada de Mário para o Abadião foi o Centro Pop de Brasília, na Asa Sul, onde buscou alimentação e espaço para tomar banho. João, por sua vez, foi contatado, na rua, por uma equipe de abordagem social, no fim de 2020.

No começo, a expectativa era simples, relata ele: “Lá foi bom. Tinha cama para dormir e espaço para tomar banho toda hora”. Com o tempo, veio a percepção de que era uma efetiva oportunidade para mudar de vida. “A minha vida era ruim demais”, analisa. “Eu não pensava se ia amanhecer vivo ou morto. Mas aí eu conheci o Abadião e recebi muito conselho”.

*Com informações da Secretaria de Desenvolvimento Social