09/08/2021 às 18:00, atualizado em 10/08/2021 às 09:06

Estudo avalia como atividades para idosos impactam a saúde

Dança, exercício e integração social reduzem distúrbios do sono, doenças psicológicas e frequência de consultas médicas

Por Agência Brasília* | Edição: Rosualdo Rodrigues

Há pacientes, denominados de hiperfrequentadores (IH), que utilizam com muita frequência a Atenção Primária à Saúde (APS), ocasionando grande número de prescrições e de referências para outros níveis de cuidado. Esse indicativo despertou o interesse da pesquisadora da Universidade Católica de Brasília (UCB) Lucy de Oliveira Gomes.

[Olho texto=”“Atividades realizadas com música para idosos proporcionam resgate de vivências do passado e do presente, levando-os a participarem efetivamente do grupo social”” assinatura=”Lucy Gomes, coordenadora da pesquisa” esquerda_direita_centro=”direita”]

Ela buscou, então, o suporte da Fundação de Apoio à Pesquisa e Inovação do Distrito Federal (FAP-DF) para realizar o estudo Idosos hiperfrequentadores na Atenção Primária à Saúde: Influência das terapias expressivas na frequência às consultas e nos distúrbios do sono.

O projeto propôs verificar a eficácia das terapias expressivas (TEs) em idosos IH (com ou sem motivo concreto) do Centro de Atenção Primária à Saúde na diminuição da frequência às consultas e nos distúrbios do sono. O estudo foi realizado no Centro de APS da Granja do Torto, com pessoas acima de 60 anos, entre janeiro de 2018 e janeiro de 2020.

Instrumento terapêutico

As TEs funcionam como instrumento terapêutico complementar e utilizam atividades em grupo envolvendo música e atividade física (dança/movimento), como estratégia de cuidado com a doença, a saúde e a vida. “Atividades realizadas com música para idosos proporcionam resgate de vivências do passado e do presente, levando-os a participarem efetivamente do grupo social”, explica Lucy Gomes.

Os pesquisadores também aplicaram atividades de rodas de embalo e comunhão, encontros afetivos, além de metodologias como ninho da espécie, abraços fraternais, caminhar de confiança e caminhar com motivação afetiva.

Os idosos foram divididos em dois grupos: grupo de intervenção, composto por idosos IH com cinco ou mais consultas médicas registradas no período de 12 meses; e grupo controle, formado por idosos não IH que registraram quatro ou menos consultas médicas no mesmo período de referência.

[Olho texto=”“Provavelmente, foram o cultivo de boas relações grupais, a aceitação e a inclusão que surtiram efeitos positivos, levando à atenuação significativa da depressão, ansiedade, estresse e solidão”” assinatura=”Lucy Gomes, coordenadora da pesquisa” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

“Nosso objetivo foi verificar a prevalência de transtornos do sono nos grupos IH e não IH, comparar a eficácia das terapias expressivas nos transtornos do sono dos idosos de ambos os grupos, além de delinear o perfil clínico (doenças físicas, mentais e transtornos do sono) e sociodemográfico dos idosos”, afirma a coordenadora do projeto.

Para a coleta das informações, a pesquisadora aplicou questionários sociodemográficos, clínico-funcional e de depressão, ansiedade, solidão, estresse e atividade física. Os participantes também foram submetidos a sessões de TEs duas vezes por semana, com duração média de duas horas, totalizando 24 semanas no período de seis meses.

Resultados e aplicabilidade

Após análise de todos os dados levantados e do comportamento dos idosos após as práticas aplicadas, a cientista identificou que as TEs são eficazes para reduzir os transtornos de sono e a frequência da marcação de consultas sem necessidade real.

“Houve redução significativa do número de consultas médicas na APS durante o período de um ano após o término das sessões de terapia expressiva. Os idosos IH entraram em contato com suas emoções, convivendo com seus limites e, ao conhecer suas potencialidades e habilidades, puderam acreditar em si mesmos”, diz Lucy Gomes.

Provavelmente, a pesquisadora acrescenta, “foram o cultivo de boas relações grupais, a aceitação e a inclusão que surtiram efeitos positivos, levando à atenuação significativa da depressão, ansiedade, estresse e solidão”.

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Assim, a pesquisa indica que a oferta de um cuidado em saúde completo aos pacientes da terceira idade é capaz não apenas de elevar a qualidade de vida e reduzir a incidência de problemas psicológicos nessa população, como também de reduzir os custos do Sistema Único de Saúde (SUS) no atendimento a idosos.

Para tanto, a pesquisadora aponta a necessidade de capacitação dos profissionais para a realização dessa atenção em saúde de forma holística, buscando práticas mais humanizadas. “É imprescindível implantação de grupos de promoção de saúde em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS), visando um envelhecimento saudável com um cuidado holístico”, finaliza.

A pesquisa foi fomentada pela Chamada FAPDF/MS-DECIT/CNPQ/SESDF 01/2016 – Programa de Pesquisa para o SUS: Gestão Compartilhada em Saúde, cujo objetivo foi apoiar a execução de projetos de pesquisa científica, tecnológica e de inovação que promovam a formação e a melhoria da qualidade da atenção à saúde no DF, no contexto do SUS.

Confira a apresentação final de resultados da pesquisa aqui.

*Com informações da FAP-DF