09/05/2022 às 18:40

Projeto leva conforto e aconchego a bebês prematuros internados

O Polvo de Amor distribui mensalmente cerca de 330 polvinhos feitos de crochê em hospitais públicos e privados

Por Agência Brasília* | Edição: Rosualdo Rodrigues

Acalentar e levar conforto aos recém-nascidos prematuros internados nas Unidades de Terapia Intensiva Neonatal (Utins) do Distrito Federal. Esse é o objetivo do projeto Polvo de Amor, em que pequenos polvinhos feitos de crochê são colocados nos berços dos bebês internados.

Os polvinhos são higienizados e esterilizados corretamente antes de serem doados aos bebês prematuros, para evitar riscos de infecções | Foto: Sandro Araújo/Agência Saúde DF

A coordenadora médica da Utin do Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib), Sandra Lins, informa que o polvinho de amor contribui para acalmar o recém-nascido prematuro. Ela ressalta que no Hmib há uma grande quantidade de bebês prematuros extremos e de recém-nascidos cirúrgicos, pois o hospital é referência nesses casos.

[Olho texto=”“A simbologia do polvinho de amor é muito grande e tem função terapêutica, porque o recém-nascido precisa de alguma coisa para se encostar e segurar, então os tentáculos servem para ele segurar e ficar mais tranquilo, com isso puxa menos o acesso venoso e a sonda da boquinha”” assinatura=”Sandra Lins. coordenadora médica da Utin do Hmib” esquerda_direita_centro=”direita”]

Todas essas crianças recebem o polvinho de amor quando estão clinicamente estáveis. A cabeça do animalzinho relembra a placenta da mãe e os tentáculos fazem referência ao cordão umbilical. Quando em contato com o polvo, a criança sente a aproximação do útero materno, ajudando a mantê-la mais calma.

“A simbologia do polvinho de amor é muito grande e tem função terapêutica, porque o recém-nascido precisa de alguma coisa para se encostar e segurar, então os tentáculos servem para ele segurar e ficar mais tranquilo, com isso puxa menos o acesso venoso e a sonda da boquinha”, afirma Sandra Lins.

A médica explica que os bebês têm necessidade de se agarrar em alguma coisa. “Ao invés de puxar a sonda e o catéter, colocamos ele para pegar no tentáculo. Além do aconchego de ter o polvinho encostado nele, seja nas costas ou na cabecinha, sempre se sentirá em um lugar de acolhimento, pois ainda tem o ninho em que eles são colocados.”

Todos os polvinhos de amor são fruto de doação, tanto dos materiais utilizados para confecção como do trabalho realizado pelas voluntárias, como Rutiene Dantas

Sandra relata que para a mãe o polvinho de amor também tem sua função, pois ela se sente lembrada, importante, compreendida, no sentido em que o filho recebeu um presente da equipe que foi dado por tantas outras pessoas.

“Essa mãe se sente acolhida em sua angústia e dor. Já para a equipe que trabalha na Utin o polvinho de amor tem seu valor, colore a unidade, sensibiliza e permite que aquele lugar, que necessita de condutas tão difíceis, tenha na simbologia do animal a doçura da infância e da cor. Isso também tem um significado para nós enquanto equipe”, avalia.

[Numeralha titulo_grande=”70″ texto=”voluntárias de todo o DF participam atualmente do projeto Polvo de Amor” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

Neste mês de maio, o projeto Polvo de Amor doou 60 polvinhos para o Hmib. Todos eles são higienizados e esterilizados corretamente antes de serem doados aos bebês prematuros. Esses cuidados asseguram que os recém-nascidos não corram risco de infecções.

A coordenadora médica da Utin do Hmib diz que uma parceria com uma lavanderia do DF possibilita a esterilização dos polvinhos por um valor menor. Em contrapartida, o hospital compra e entrega os sacos plásticos para os polvos serem embalados. É assim que os animaizinhos de crochê são doados às mães dos recém-nascidos.

“A partir de então, é a mãe que assume o protocolo de higiene, fizemos um manual ensinando como deve ser feita a limpeza. Quando a mãe não tem condições de levar para casa e fazer essa higienização, trocamos por outro polvinho e encaminhamos para a lavanderia o que precisa ser limpo. Existe a doação de amor e todo um cuidado técnico de higiene para que esse bebê tenha segurança. Após a alta hospitalar, o bebê leva seu polvinho de amor para casa como uma lembrança”, informa Sandra.

[Olho texto=”O Projeto Octo começou na Dinamarca, em 2013. Foi criado por uma blogueira com o propósito de ajudar na recuperação dos bebês prematuros nascidos em Utins do país” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”direita”]

Iniciativa voluntária

Hoje, o Polvo de Amor possui cerca de 70 artesãs voluntárias de todo o DF e entorno. As doações são entregues nos hospitais regionais de Sobradinho (HRS), Santa Maria (HRSM), Ceilândia (HRC), Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib) e nos hospitais privados Santa Marta, Santa Lúcia, Santa Helena, São Francisco, Santa Luzia e Maternidade Brasília. Quando tem algum bebê prematuro na Utin do Hospital Anchieta, a equipe de lá entra em contato para solicitar o artesanato.

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“Procuramos atender todas as Utins do DF. As de maior rotatividade e demanda são a Maternidade Brasília e o Hmib. Quem vê este polvinho simples não imagina a dimensão do projeto. São muitas pessoas e muitas histórias”, explica a voluntária Rutiene Dantas. Todos os polvinhos de amor são fruto de doação, tanto dos materiais utilizados para confecção como do trabalho realizado pelas voluntárias.

O Projeto Octo começou na Dinamarca, em 2013. Foi criado por uma blogueira com o propósito de ajudar na recuperação dos bebês prematuros nascidos em Utins do país. A ação se expandiu após observada a recuperação mais rápida dos recém-nascidos e os benefícios para eles.

Quem quiser participar do projeto, seja doando material, dinheiro ou mão de obra, basta entrar em contato pelo telefone (61) 98210-5949.

*Com informações da Secretaria de Saúde do DF