04/10/2022 às 15:18, atualizado em 07/10/2022 às 18:57

Mais de 1,3 mil computadores recondicionados garantem inclusão digital

Programa que conserta equipamentos provenientes de lixo eletrônico já entregou máquinas para escolas e telecentros

Por Adriana Izel, da Agência Brasília | Edição: Renata Lu

Brasília, 23 de agosto de 2022 – Mais de 1,3 mil computadores disponíveis atualmente nos laboratórios de 56 escolas públicas e 35 telecentros de inclusão digital do Distrito Federal são provenientes do programa de recondicionamento de equipamentos públicos do Governo do Distrito Federal, o Reciclotech, previsto em decreto (Decreto 41859 de 02/03/2021). Entre as atribuições do projeto está o conserto de materiais descartados como lixo eletrônico por órgãos públicos e privados e pela população nos pontos de entrega voluntária (PEV), por meio da política de logística reversa. O objetivo é promover a democratização e inclusão digital.

Desde a criação do programa, 2.241 estudantes foram qualificados em informática básica e manutenção de computadores | Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília

“Nosso objetivo é devolver para a sociedade equipamentos aptos. Analisamos os que estão disponíveis e levamos para uma unidade para recondicionar. Deixamos limpo, trocamos HD, peças e memória para poder entregar como novo para a comunidade”, explica o coordenador geral, idealizador do Reciclotech e subsecretário de Fomento a Inovação da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), Anderson Freire. Após o recondicionamento, os computadores são embalados e encaminhados para instituições sem fins lucrativos e escolas públicas.

[Olho texto=”Ainda neste ano, haverá um chamamento público para garantir a doação de mais mil computadores para a rede pública de ensino do DF” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”direita”]

De acordo com Freire, antigamente os computadores descartados ficavam entulhados e depois eram vendidos como lixo. “Por meio do projeto, todas as secretarias e as administrações os trazem para nós. Os que não prestam, fazemos o descarte consciente, desmontando e separando os itens (como plástico, alumínio e cobre), que são encaminhados para as indústrias”, completa.

O Instituto Viver Rafaela, no Gama, é uma das instituições do Distrito Federal que conta com um telecentro de inclusão digital equipado com 15 computadores cedidos pelo Reciclotech. “A ideia do projeto é sensacional, porque vivemos a era da tecnologia. Por meio dele, podemos capacitar jovens e adolescentes. Ajudar a melhorar os currículos deles para ingressar no mercado de trabalho”, analisa a gestora do Instituto Viver Rafaela, Mariana Garcia.

Ainda neste ano, haverá um chamamento público para garantir a doação de mais mil computadores para a rede pública de ensino do DF.

“Me traz orgulho saber que eu montei um computador que foi enviado para uma escola”, diz Arthur Guilherme, 16, que está na turma de manutenção de computadores | Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília

Capacitação

A primeira avaliação quanto à funcionalidade dos equipamentos recuperados ocorre dentro dos cursos de capacitação oferecidos pela organização sem fins lucrativos Programando o Futuro, responsável pelo Reciclotech. “São os estudantes do curso de manutenção de computadores que fazem a primeira análise dos computadores para saber se serão recuperados ou não. Eles têm a teoria e a prática ao ter o contato com as placas, com o HD e com os sinais”, complementa.

[Olho texto=”Voltados para maiores de 14 anos, os cursos são ofertados nos períodos da manhã e da tarde, têm carga horária de 60 horas e duram cerca de 40 dias” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”direita”]

O estudante Arthur Guilherme, 16 anos, está na turma de manutenção de computadores. Ele entrou no curso para aprender a montar o próprio computador e como complemento à primeira formação em informática básica. “Pretendo usar esse conhecimento mais para frente e também quero montar um computador. Só com esse estudo, já conseguimos montar um PC e reiniciá-lo”, conta.

Ele se mostra animado com a oportunidade de preparar equipamentos que são doados para instituições. “Me traz orgulho saber que eu montei um computador que foi enviado para uma escola. Do nada a pessoa está usando o computador que eu montei. É muito legal”, define.

A coordenadora pedagógica dos cursos de formação, Cintia Lima, diz que é gratificante ver os jovens se capacitando por meio do Reciclotech e também o engajamento dos meninos e das meninas para o descarte correto dos materiais eletrônicos.

“A ideia do projeto é sensacional. Por meio dele, podemos capacitar jovens e adolescentes. Ajudar a melhorar os currículos deles para ingressar no mercado de trabalho”, diz a gestora do Instituto Viver Rafaela, Mariana Garcia | Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília

“Fazemos gincanas para incentivar os alunos a trazerem lixo eletrônico. Muitos trazem de casa ou vão pegando nas ruas. Eles trazem pilhas, TV de tubo, fios, tudo isso acaba ajudando a cidade, o meio ambiente e o projeto”, afirma. Os materiais utilizados nos cursos vêm do descarte.

Desde a criação do programa, 2.241 estudantes foram qualificados em informática básica e manutenção de computadores. Voltados para maiores de 14 anos, os cursos são ofertados nos períodos da manhã e da tarde, têm carga horária de 60 horas e duram cerca de 40 dias.

As inscrições podem ser feitas na sede do Reciclotech no Gama (Quadra 6, Lote 20, Setor de Indústrias) ou pelo formulário disponível no site oficial da ONG Programando o Futuro.

Descarte de lixo eletrônico

O DF conta com mais de 100 PEVs do Reciclotech distribuídos nas administrações regionais, estações de metrô, parques ecológicos e unidades do Sesc. Confira os locais dos pontos Reciclotech. Há ainda a modalidade drive-thru que funciona semanalmente em uma região administrativa diferente, sempre das 10h às 16h.

Mais de 1,3 mil computadores recondicionados garantem inclusão digital