04/10/2022 às 16:00, atualizado em 07/10/2022 às 19:21

No Dia do Nutricionista, conheça a rotina dos profissionais no GDF

Servidores do segmento atuam em hospitais, rede de ensino e nos restaurantes comunitários

Por Lúcio Flávio, da Agência Brasília | Edição: Carolina Lobo

Brasília, 31 de agosto de 2022 – Celebrada neste dia 31 de agosto, a profissão de nutricionista é relativamente nova no mercado. Começou a ganhar forma e força entre as duas guerras mundiais, entre 1914 e 1939. Ao perceber que soldados bem alimentados lutavam melhor, várias experiências foram realizadas nesse campo, dando origem aos primeiros trabalhos sobre o tema.

No Brasil, o primeiro curso de nutrição surgiu, em 1939, na Universidade de São Paulo (USP) e, de lá para cá, a figura desse profissional da alimentação tem sido fundamental em escolas, hospitais e restaurantes comunitários do Distrito Federal.

“É uma profissão muito importante, tem que estar atuando também nas políticas públicas”, observa a nutricionista Juliene de Jesus Moura Santos, responsável técnica pelo Programa de Alimentação Escolar do DF e gerente de Planejamento, Acompanhamento e Oferta da Alimentação Escolar. “Com esse profissional nas escolas, nosso programa de alimentação escolar fica mais rico e valorizado”, ressalta.

É verdade. É devido à atuação dos nutricionistas que a merenda chega ao prato dos estudantes da rede de ensino do DF com qualidade e alto teor nutricional. Atualmente, existem 30 desses profissionais lotados nas 14 regionais de ensino. Eles são responsáveis por desde a licitação dos alimentos que serão comprados até à elaboração do cardápio da alimentação dos alunos.

Atualmente, existem 30 nutricionistas lotados nas 14 regionais de ensino do DF | Fotos: Lúcio Bernardo Jr/Agência Brasília

Entre as opções estão arroz, carne moída e farofa de cebola em um dia; pão com ovo, cenoura ralada e pimentão e banana de sobremesa, e o grande sucesso entre os alunos: galinhada com abóbora cozida, salada de repolho roxo e pepino ralado. Tudo respeitando as diretrizes do programa de alimentação escolar, que tem que considerar ingredientes como regionalidade, sustentabilidade e vocação agrícola das regiões administrativas do DF. É importante que esses alimentos sejam 100% naturais, ou seja, nada de ultraprocessados.

“A ideia é escolher alimentos regionais, que fazem parte da agricultura familiar, alimentos que sejam nutricionalmente adequados para as crianças, justamente porque queremos auxiliar no desenvolvimento desses estudantes”, explica Juliene.

Outro papel importante desempenhado pelos nutricionistas da rede pública e que se encaixa perfeitamente dentro de outro eixo da Secretaria de Educação voltado para o tema da alimentação – o do Programa de Educação Alimentar e Nutricional – é o de incentivar a garotada a comer as merendas. Para tal, reuniões são realizadas entre professores, pais de alunos e nutricionistas, com o objetivo de ensinar os alunos a valorizarem o cardápio escolar.

Mãe de dois alunos da rede pública, a professora Cláudia Almeida percebe a boa aceitação dos filhos em relação à alimentação nas escolas. “A variedade do cardápio, principalmente as refeições salgadas, é a predileção deles”, conta. “Eles são bem alimentados, em alguns lanches até questionam a quantidade, sempre querem repetir”, ri.

Restaurantes comunitários

As nutricionistas também marcam presença nos 14 restaurantes comunitários do DF. Isso só foi possível graças ao concurso público inédito aberto para a categoria pela Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes). É o caso de Karen Cristina Moreno, uma das primeiras convocadas para o cargo e que cuida da alimentação do Restaurante Comunitário da Estrutural junto com outra profissional do ramo contratada pela empresa que fornece a alimentação ao espaço.

“Somos as 30 primeiras nutricionistas concursadas da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) para os restaurantes comunitários. Antes disso, ou eram comissionados ou terceirizados”, afirma. “A importância de ser nutricionista de um restaurante comunitário é justamente cuidar para que o serviço de alimentação para os usuários seja eficiente, que a gente consiga oferecer uma alimentação nutritiva e segura.”

Assim como acontece na rede de ensino do DF, o cardápio dos restaurantes comunitários é definido após reuniões mensais entre os nutricionistas da empresa e do GDF, além de representantes da Sedes. E, assim como acontece com a merenda escolar, os alimentos dos restaurantes comunitários são escolhidos levando em consideração a característica de cada região administrativa.

Karen Cristina Moreno é uma das 30 primeiras nutricionistas concursadas da Secretaria de Desenvolvimento Social convocadas para os restaurantes comunitários

“Por isso é interessante ter um nutricionista para oferecer o alimento característico daquele local, porque isso garante que eles vão consumir os alimentos com os nutrientes necessários”, pondera. “Nós, da Sedes, fazemos a fiscalização desse trabalho, se o serviço está sendo realizado de forma correta, se os alimentos estão com qualidade no estoque, se estão servidos de forma adequada”, detalha.

No café da manhã e no almoço, os alimentos dos restaurantes comunitários guardam uma característica única, comenta a nutricionista Karen Cristina: têm que ser bastante ricos em proteínas. O cardápio traz atrativos culinários como pão, bolo, biscoito de queijo, café com leite e frutas. No almoço, não podem faltar pratos como arroz, feijão, macarrão, carne e verduras. “São alimentos com bastante proteína, que vão oferecer as vitaminas e os minerais”, acrescenta.

Confira o vídeo:

Dietoterapia

A presença de uma nutricionista na rede hospitalar é fundamental para garantir alimentação saudável para o restabelecimento de um paciente. Uma relação que começa desde o ambulatório, com as consultas, e vai se intensificando em casos de internação.

É o que explica a chefe de nutrição do Hospital da Criança de Brasília (HCB), Nádia Dias Gruezo, responsável pelo Núcleo de Alimentação e Nutrição da unidade. “A nutrição vai permear essas duas vertentes, orientando os pais que acompanham seus filhos para ter uma alimentação balanceada, adequada, saudável para que eles possam se restabelecer”, frisa a especialista que coleciona duas décadas de experiência no ramo.

O planejamento do cardápio no Hospital da Criança de Brasília é feito com dieta balanceada, conforme a faixa etária de cada paciente, sempre obedecendo aos conceitos da dietoterapia

O cuidado com a alimentação no HCB é exemplar e começa desde a chegada dos produtos ao local, que passam por rigoroso processo de seleção e armazenamento. Cada tipo de comida, por exemplo, é armazenado em refrigeradores específicos e, no caso de alimentos secos, eles são embalados em caixas.  Todo o estoque de comida ganha etiqueta de validade sinalizando o prazo de consumo. No preparo, o mesmo cuidado, dando atenção aos pratos individualizados, que respeitam a dieta de cada paciente, todos etiquetados de acordo com a prescrição médica.

“Trata-se de um trabalho individualizado, realizado por nós da nutrição, obedecendo ao quadro de cada paciente”, informa Nádia. “São prescrições que saem lá da internação e, então, existe esse planejamento do cardápio, baseado nas necessidade de cada paciente”, diz.

O planejamento do cardápio das crianças, com dieta balanceada, é realizado conforme a faixa etária de cada paciente, sempre obedecendo aos conceitos da dietoterapia, ou seja, uma das ramificações da ciência da nutrição que visa prevenir e tratar a enfermidade por meio da alimentação. “É cuidar da saúde por meio da alimentação”, resume Julyanna Marques, outra profissional da nutrição do HCB. “Assim, a criança recebe uma nutrição adequada e orientada com nutrientes voltados para o seu bem-estar, proporcionando realmente uma qualidade de vida”, destaca.

Outra questão importante é o controle na análise da qualidade dos alimentos, com cada prato sendo provado antes de ir à boca de cada interno. “Temos uma equipe competente por trás, formada por técnicos em nutrição que degustam todos os alimentos que os pacientes recebem na ponta”, revela a chefe de nutrição, Nádia Gruezo.

Pai do pequeno Christopher, o carpinteiro Weverton Oliveira, 30 anos, rasga elogios à comida do HCB e à equipe de nutrição da unidade hospitalar. “A comida aqui é muito boa, não tem nem como dizer que ele não gosta. E o pequeno se alimenta direitinho”, elogia. “Não tenho nada a reclamar do pessoal que é sempre ótimo e trata a gente superbem, sempre buscando achar o melhor para a criança, qual alimento adequado para ele comer”, agradece.

No Dia do Nutricionista, conheça a rotina dos profissionais no GDF